Acerca de mim

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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

 

PARA SEMPRE

 

A saudade aperta

tão perto de tudo

tão longe de nada

e a vida desperta

 

Tudo é destruído devagar

passa o tempo

passa a esperança

fica a saudade

e alguma lembrança

 

O poema quer acabar

sem poema não há música

sem música não há alegria

sem alegria não há vida

 

Puxo o teu sorriso

deito-me a teu lado

cubro-te com a estrofe

e com o tempo adiado

sonho contigo

 

Nada te digo

nada me dizes

deixamos voar o pensamento

e a poesia sobrevive

 

Carlos Cebolo

https://carlosacebolo.blogspot.com/

 

 

 

 

 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

 


MISCIGENAÇÃO

Aguarela pintada no pensamento

ébano alvo na sua junção

cor africana rubro luso

sul norte no coração

 

O oceano que une

alimenta a ocasião

da separação sentida

 

Náufrago de pátria

na saudade sofrida

mais cedo que tarde se lamenta

 

Traça o futuro

no passado presente

mestiça menina

de sangue gente

 

Café com leite

na junção final

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 13 de maio de 2024

 


PASSADO

 

No início era a revolta e a mágoa

com o sentimento de incompreensão.

 

Aos poucos vieram os sonhos

nas madrugadas pintadas de branco.

 

A realidade foi impondo o seu querer

E a vida procurou o seu normal.

 

Nasceu o sentimento da saudade

E a lembrança da eterna mocidade.

 

Criou-se um mundo à nova imagem

Com sonhos soltos na madrugada.

 

Colheu-se sorrisos pela manhã

E a boa estrela se tornou anã.

 

Daquele passado tudo se pode dizer

Menos a vontade de o esquecer.

 

Carlos Cebolo

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quinta-feira, 9 de maio de 2024

 


PARA SEMPRE

 

A saudade aperta

tão perto de tudo

tão longe de nada

e a vida desperta

 

Tudo é destruído devagar

passa o tempo

passa a esperança

fica a saudade

e alguma lembrança

 

O poema quer acabar

sem poema não há música

sem música não há alegria

sem alegria não há vida

 

Puxo o teu sorriso

deito-me a teu lado

cubro-te com a estrofe

e com o tempo adiado

sonho contigo

 

Nada te digo

nada me dizes

deixamos voar o pensamento

e a poesia sobrevive

 

Carlos Cebolo

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terça-feira, 7 de maio de 2024

 


DESPEDIDA

 

Abriram o véu

soltaram-se os ventos

e eu voei para longe

 

Pisei outras terras

areias com outra textura

águas frias de dor

onde banhei a tristeza

 

Toco na areia das praias

nas ervas verdes dos campos

minhas mãos estranham

e o vento que sopra

não é o mesmo

 

Sem ter feito a despedida

colho miragens do teu sabor

mas não te encontro

nos caminhos percorridos

 

No mundo distante

bem longe de ti

procuro outro amor

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 22 de abril de 2024

 


PERDIDA

 

As roseiras secaram

sou ave de arribação

e assim vagueio

 

Num breve instante

sonho contigo

ausento-me do mundo

e sou um pouco de tudo

 

Na distância

não te vejo

nudez de mulher

na penumbra do tempo

 

Sou o nada que alimenta

na viagem sem fim

de um passado retido

 

Na memória perdida

Fica o jardim desaparecido

De uma triste despedida

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 15 de abril de 2024

 


ECOS DE ONTEM

Ao longe oiço o som da Natureza

Pequenas árvores caídas

Prontas a ser cubatas

 

Oiço e sei

Porque nasci naquele chão

 

Terra vermelha

Por mim calcada

Num grito de liberdade

 

Nas noites em claro

Oiço o som do batuque

Num clamor de agonia

 

Esses ecos não voltam

E o amanhã será eterno

Como eterna é a minha saudade

 

Carlos Cebolo

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quinta-feira, 11 de abril de 2024

 


AMANHÃ

Num breve instante da vida

deito-me no teu leito

e despeço-me da ansiedade

 

Tudo sinto e nada sou

Serei névoa fria

Sou eco sem som

e dentro de ti sonho

 

Dos instantes serei ausente

E da morte sou fugitivo

Sem alimentar ilusões

 

Sou um pouco de nada

de tudo que me rodeia

sou sonâmbulo do meu sonho

e adormeço onde a luz se esconde

 

Amanhã serei cativo

 

Carlos Cebolo

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

 


BREU

 

Longe de tudo

Perto de nada

Fica o deserto

Da vida passada,

Estando longe,

É noite sem fim

Que se esconde

Bem dentro de mim.

Por vezes bem perto

Mostra o encanto

Que a vida transporta

De fora para dentro

Da minha porta.

Procuro o meu Eu

Bem fora de mim

O que a vida me deu

Foi um rumo sem fim.

E se desespero na noite caída,

Procuro outro rumo

Sem a vida perdida

E pelo mundo me sumo,

Fugindo da solidão

Na noite escondida.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

 


TEMPO VIVIDO

 

Naquele meu mundo distante,

O tempo vive a saudade,

Transpondo essa eternidade

E o mundo seguiu adiante.

 

Já não invento canções,

Nem poemas desse encantar

E assim deixei de sonhar,

Por já não ter condições.

 

No passado senti calor,

Um futuro a renascer,

A alegria sempre crescer,

Cultivando esse grande amor.

 

Esta vida segue adiante,

A terra cria ao seu jeito,

A alma sacode o peito,

Naquele meu mundo distante.

 

Carlos Cebolo

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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

 


NO SILÊNCIO DA NOITE

 

No silêncio da noite, corre o pensamento,

Voa o meu passado, junto com o presente,

A imagem formada é de triste sentimento

E esse futuro sonhado se encontra ausente.

 

Até parece que não houve alternativa,

A luta armada voltou-se contra o seu povo,

Seria o abandono de toda a vida ativa,

Deixar seus sonhos e fazer algo de novo.

 

Todo o angolano sem culpa, foi massacrado,

Ouve-se o negro galo cantar no seu poleiro,

O odio entre irmãos, ficou assim vincado,

Cortando a foice, o trigo, o milho e centeio.

 

Nasceu Angola livre, sem ter liberdade,

Passou todo esse tempo, sem ter primavera,

E o povo procurando uma outra identidade,

Sonhando com a vida muito menos severa.

 

Carlos Cebolo

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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

 


O SILÊNCIO DO TEMPO

 

No silêncio do tempo passado,

Sinto-me também acorrentado,

Ao sofrimento de velhas feridas,

Angústias sentidas e sofridas.

 

Oiço sons na loucura calada,

Sonhos retidos na madrugada,

Sabores e cheiros na minha mente,

São os desejos que o corpo sente.

 

Sussurra o beija-flor no meu rosto,

Lança acendalhas neste meu desgosto,

São tantos os males de que padeço,

Mas esse teu desprezo eu não mereço.

 

Não mereço esta separação,

Por ti muito sofre meu coração,

Serei sofredor até morrer,

Por essa terra que me viu nascer.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 8 de setembro de 2023

 


APENAS LEMBRANÇAS

 

De muito novo se comanda a vida,

No impudor da juventude, a magia,

Aquele amor que comanda o momento,

Estará enraizado no sentimento,

Nessa alma retida em concha vazia,

Com as lembranças tristes da partida.

 

A mãe terra que foi abandonada,

Chama o filho com olhar de ternura,

Sem passado, com sua vida incerta,

Lamenta o mar nessa praia deserta,

Espalhando sons da sua loucura

E gemidos tristes dessa balada.

 

Pelo amor, se trilhou outro caminho,

Sonhos de uma vida foram desfeitos,

Tantas lembranças dispersas na mente

E o passado é lembrado com carinho,

Sem culpas, sem queixas e preconceitos.

De um passado ainda muito presente.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

 


VIDA

Raios de luz

Penetram o meu olhar!

Algo me seduz

Neste meu caminhar.

Olho a claridade

Do dia que nasceu,

Lembrando a mocidade

Que tiveste e tive eu.

Tão longe de tudo

E tão perto de nada!

Um grito mudo

Desta vida danada.

Os suspiros das madrugadas

Afasta a noite breu

Das arreias frias pisadas

Com tudo o que aconteceu.

Passa o pensamento

Desta vida parada,

Entre nuvens e o vento

A terra desejada.

O passado lembrado,

Torna-se desejado…

Nasce o dia

E a noite já é tardia!...

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 31 de julho de 2023

 


INOCÊNCIA CRIADA

 

Sem elogios de quem está ausente,

Com sentenças guardadas dos momentos,

Trazem tristeza e alegria na mente,

Fragrância suave dos seus sentimentos.

 

São tantos quanto as estrelas deste céu,

Todas contadas, superiores a milhão,

Vida sem luz, medonha noite breu,

Futuro suspenso na frágil mão.

 

O paraíso é mesmo ali a seu lado,

Com fome, toda a alegria se ausenta,

Vida vazia no céu estrelado,

De esperanças a criança se alimenta.

 

Nasce o dia nessa renovação,

Barrigas enormes, cheias de nada

E a vida caminha na solidão,

Sem rumo, na presença desgastada.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 3 de julho de 2023

 


ONDE NASCI

 

Naquela terra formosa,

Vivi eu a juventude,

Na terra assim tão airosa,

Cheia de vício e virtude,

Colheu-se a boa semente,

Com todos os filhos na mente.

 

Minha Angola que ruiu,

Ergueu-se com outra grei

E da maneira que surgiu,

Eu por cá já perdoei,

Um passado que não mente

E que o povo ainda sente.

 

A terra vermelha e bela,

Com riqueza sem igual,

Já não lembra a caravela,

Que veio de Portugal,

Com alma tão diferente,

Plantando a nova semente.

 

E tudo que a terra tem,

Aos filhos provoca a dor,

Por não encontrar ninguém

Que governe com amor,

 Essa Angola que consente,

 Os filhos de outra gente.

 

Terra que me faz chorar,

Com tudo que aconteceu,

Nesta mente vai ficar,

O amigo que morreu,

Por apenas querer ser valente,

No meio daquela gente.

 

Má memória atribulada,

Da história que se sentiu,

Na lembrança desgastada,

Promessa não se cumpriu

Pois só vence quem mais mente,

Sobre a dor que o povo sente.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 16 de junho de 2023

 


SONS DO MEU SERTÃO

 

Para sempre serei um sonhador,

Tão sonhador como um simples bambino,

As lembranças daquele tempo divino,

Recordam o passado com esse amor.

 

Na minha mente, floresce o passado,

O melancólico coaxar das rãs,

O voo da coruja, mas horas vãs,

São nostalgias de um tempo acabado.

 

Ainda oiço esses sons do meu cantão,

Belo aroma das mangueiras em flor,

O chirriar das aves chamando o amor,

O som do batuque pelo Sertão.

 

Ainda ecoam em mim, essa aventura,

O calor húmido que afasta a tristeza,

Toda a melodia e sua beleza,

São alegrias que não se procura.

 

Sente-se no ar, o eucalipto em flor,

O cheiro acre daquela semente,

Aquele odor doce que o corpo sente,

O sentir os sons doces do sertão.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 27 de março de 2023

 


INVENTO-ME

 

Perco-me nas cores dos sentidos,

Nem sempre procuro por mim,

Nos recantos desse jardim,

Retratos por mim já perdidos.

 

Da noite faço madrugada,

Do orvalho retiro a frescura,

Na audácia da tua ternura,

Toda a sensação desejada.

 

No meu destino, traço a sina,

Na lonjura da vida, a dor,

No eco das mãos o fervor,

Da vida que a mim se destina.

 

Invento-me em sons de poesia,

Louvores lanço ao eterno feminino,

Recordo os meus tempos de menino,

Colho louros da simpatia.

 

Daquele tempo que me recorda,

A linda vida já vivida,

Em sons de tiste despedida,

O triste sonho que me acorda.

 

E se o pesadelo for meu,

No encanto da minha poesia,

Tudo será só fantasia

Daquele sonho que se viveu.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 10 de março de 2023

 


         MADRUGADOR

 

Na madrugada ainda escura,

Abre-se a janela do quarto,

Desse raiar que se procura,

Apenas solidão que afasto.

 

A noite parece ficar,

Mas o claro dia nasceu

E o rei Sol não quer despontar,

Nem o meu sono esmoreceu.

 

Rotina no inverno estrelar,

Sempre a mesma monotonia,

De um dia que tarda a chegar,

Sem alegria e sem magia.

 

Na rua deserta, sem luar,

Entre a brisa da madrugada,

Não sei com quem irei cruzar,

Nem a vida será adiada.

 

Tomo o meu café da manhã,

No bar da esquina já aberto,

Torrada e sumo de maça

E assim me mantenho desperto.

 

Pronto para enfrentar o dia,

Fixo rostos e colho gestos,

Na inquietação dessa magia,

Por entre pessoas e objetos.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

 


O DESERTO DA VIDA

 

O deserto aparece de repente à minha frente,

Nasce o sol e com ele toda hostilidade do dia,

Já é primavera, nas no deserto não se sente

E no tempo da vida não há qualquer harmonia.

 

Perco-me no labirinto da palavra sentida,

Com a foice do desânimo sempre apontada em mim

E sinto que neste meu caminhar não há saída,

Pois o deserto avança procurando atingir o seu fim.

 

Deixem-me descansar e envelhecer como desejo,

Sem as cobranças daquela juventude perdida,

Gerir o deserto da vida sem ouvir gracejo.

 

Sem perder as lembranças de uma vida que passou,

Deixem-me viver o amor com esta vida renascida,

Sem delírios, sem mágoas e sem esquecer o que sou.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 


MÃE

 

Nos Dias tristes de solidão,

Sinto que não te ouvi!

Não reparei no teu sorriso

E nas lágrimas deixadas ao luar.

 

Recordo com grande mágoa,

Teus últimos dias de sofrimento

E ainda hoje, sinto aquela tristeza

Por não te ter acompanhado com merecias.

 

Hoje, apenas no teu retrato te revejo,

 Procuro nele o teu doce abraço

E procuro retirar os espinhos do passado

Nas pétalas de rosas do teu rosto.

 

Muitas vezes não me reconheceste,

 Cresci e todo o meu corpo se modificou

Mas o teu olhar procurava aquele menino

Que o tempo se encarregou[c1]  de alterar.

 

E eu mãe! Dentro da minha ignorância,

Pouco liguei para a tua tristeza,

A tristeza que te roubou de mim

E que eu ainda hoje não entendo.

 

Na tua tristeza, procuravas o teu menino

Mas apenas encontravas o homem velho

Que pouco ou nada te dizia

E que a doença te fez esquecer

 

Hoje mãe! Recordo com saudades o teu rosto,

 O teu sorriso que se tornou triste

E as visões que te atormentavam

Nos últimos dias do teu sofrimento

 

Tudo o que me ensinaste, não esqueci,

 Dentro de mim guardo a tua voz

E espero nunca esquecer o teu sorriso

Nem aquele doce acariciar das tuas mãos.

 

Carlos Cebolo

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 [c1]

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 


TERRA NATAL

 

Terra mãe, mulher e vida,

Doí-me esta tua ausência,

Pois tenho consciência,

Do tempo e vida sentida.

 

Toquei-te com a minha mão,

Larguei-te com muita dor,

Por ti cultivei amor,

De ti retirei o pão.

 

Foste sonho e realidade,

O sonho que traz memória,

No real valor da história,

Vivida na mocidade.

 

Tua voz chama por mim,

Os teus cheiros são instantes,

Teus sabores estão distantes

Mas o amor não teve fim.

 

Mulher bela e sensual

Que outrora já foi minha,

Saudade que se adivinha,

Daquela terra natal.

 

Carlos Cebolo

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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 


PARA TI

 

Tudo se renova no palco da vida,

O silêncio abre-se na solidão

E na tristeza vê-se a escuridão,

Daquela felicidade perdida.

 

Colhe-se essas lágrimas já vividas,

Não se sente já a dor da aflição,

Só o temor de um fraco coração,

Na esperança das coisas perdidas.

 

Traços da linda menina que foi,

Hoje mulher de vida em perdição,

Vida que vê fugir da sua mão,

É tristeza que na sua alma dói.

 

Solta-se outros perfumes para ti,

Colhe nessa brisa outra sensação,

Para ti, escolhe outra solução,

Sente a felicidade que te sorri.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

 


SONHOS DESFEITOS

 

Tudo é chão

E não só flores,

 

Estende o corpo

Mulher solidão,

Colhe as tuas dores,

Aquece a escuridão

Que o luar não tarda.

 

Ninguém como tu

Conhece a vida,

Chamam-te perdida

E são como tu.

 

Não sei se te invento,

Nem sei como és,

Teus sonhos ao vento,

Sandálias nos pés,

Percorres caminhos

No chão florido

E pelos cantinhos

O teu sonho perdido.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

 








MURCHA FLOR

 

O tic-tac do tempo, não tira a dignidade,

Apenas amadurece essa vida já sentida

Que no mundo do sonho não se encontra perdida

E renova toda essa já gasta mocidade.

 

Sente-se a decadência nos raios da madrugada,

São lembranças já idas de uma outra mocidade,

Onde se colheram alvíssaras daquela própria idade,

Hoje apenas lembranças dessa vida passada.

 

São recordações que permanecem na memória,

De quem viveu e amou toda aquela liberdade,

Colhendo os frutos doces da antiga mocidade,

Sem ignorar a flor murcha que fez sua história.

 

Com o passar dos anos, a memória se mantém,

Ainda liberta o seu perfume, a murcha flor,

Esperando o colibri no seu cálice de amor,

Vivendo a vida, levando-a um pouco mais além.

 

O sonho não se desfez e o tempo não parou,

A esperança reacende aquela chama do vulcão

Que a faz sentir viva, com o mundo na sua mão,

Com o poder de alterar a sina que  o tempo traçou.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

 


AMPULHETADA VIDA

 

Sem bússola e sem mapa, sigo o caminho,

Com paciência sinto o tempo passar,

Num livro sem idade colho carinho,

Querendo contigo outra vida alcançar.

 

O amor espera a hora da verdade,

Na ampulheta da vida tudo passa,

E nem tudo nesta vida é vontade,

Assim como deslise não é desgraça.

 

Colho saudades da vida passada,

Quebra-se os muros de uma solidão,

Na própria vida, a vida será adiada,

Juntos procuramos a perfeição.

 

Une-se no tempo essa perfeição,

Com ocultas asas, o nosso voar,

Que fortaleceu esta nossa união,

Iluminando o nosso caminhar.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

 


MÁGOAS GUARDADAS

 

Vive-se o momento que a vida nos dá,

O tempo passado não se perdeu,

Faltou-me viver o momento meu,

Tudo que a vida ainda me ensinará.

 

Apenas se perdeu frações de mim,

Espaços vazios dentro do peito,

Cobertos de nada sempre a seu jeito

Que pouco a pouco terá o seu fim.

 

Houve muitas lágrimas não choradas,

Frias neblina que assim se elevou,

Tolhendo aquele tempo que já passou

E várias mágoas sentidas guardadas.

 

Carlos Cebolo

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terça-feira, 27 de setembro de 2022

 


  SE!...

Se ignorado ficasse o meu destino,

Com este anel de fogo, ar e água,

Intensificava o meu desatino

E aumentava a minha triste mágoa.

 

Se a chuva fosse lágrimas caídas,

Deste terreno corpo em que me sinto,

Com sinas traçadas e merecidas,

Nas feridas abertas que consinto,

 

Também teria a alma eterna tristeza,

Com essa escura mente que a procura,

Por entre os delírios da Natureza

E todo o Se seria uma loucura.

 

Se em sombras se fizesse a eterna luz,

Toda a magia seria ilusão,

Do triste corpo e alma que a produz,

E todo o amor seria sem paixão.

 

Se o Se fosse apenas uma incerteza,

Na ilusão que a vida nos apresenta,

O mundo deixava de ter beleza,

Sem o amor que nessa ilusão se ausenta.

 

Carlos Cebolo

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