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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 27 de abril de 2018



PALAVRAS AO VENTO

Pouco falo!... Não gosto de falar,
Perda de tempo, num mundo de surdos!...
Este Mundo em que vivemos
E por cá queremos ficar.
Na distracção do ouvir, muitos mudos
Procuram o gestual que não temos
E pregam no deserto da vida,
Aquela ladainha já não sentida.

Não me venham falar a sorrir,
Falas mansas de um predador
Procurando mostrar o seu sentir
Que também em si, se sente a dor.

Páginas escritas em branco e vazias
De uma humanidade que se deseja.
Neste naufrágio de vida entre bruma,
Sentindo todas essas noites frias,
E esse constante cheiro que se fareja,
Num dormir sem dignificação nenhuma.

Como um barco em abandono fatal,
Segue a vida por entre a alta onda,
Pelo mar revolto, escondendo o mal
E talvez a vida por lá se esconda.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 23 de abril de 2018




CHUVA QUE CAI

Ouve esta chuva cair suavemente,
Diz-me o que a chuva te faz sentir,
Cheira a terra molhada que se sente,
O nascer da Primavera a sorrir.

E o Sol ardente queima devagar,
A frágil folhagem que vai nascendo,
Colho essa aragem que quero guardar,
Refrescando o amor que em ti vai crescendo.

A chuva que cai, molha a relva verde,
Contraste dos lábios cor de carmim,
Procuro no teu beijo a minha sede
E a tua frescura sentir assim.

Carlos Cebolo

sexta-feira, 20 de abril de 2018



ESCREVO VERSOS

Na contagem decrescente dos dias vividos,
Escrevo versos.

Na procura de uma madrugada perfeita na união,
Escrevo versos.

Nas noites mais tristes, quando nela penso,
Escrevo versos.

O orvalho da madrugada gira e encanta!...

No seu desejo, o meu desejo cantava
E os versos caíam como a neve branca,
Nessa alegria que a tristeza guardava,
O som da voz que desta alma se arranca.

Na noite estrelada ela não está comigo
E os sons dos versos, não lhe entra no ouvido,
Nem o beijo desejado foi sentido,
Nos doces lábios de um amor já antigo.

Nessa distância onde a imagem se procura,
Sou voz, sou corpo sentido no infinito,
Sou os momentos da tua breve loucura,
Sou aquele desejado amor interdito.

No sentir da dor que todo o amor causa,
 Escrevo versos.

Nessa incessante loucura do desejo,
Escrevo versos.

Para ti, meu amor de uma perdição,
Escrevo versos.

Carlos Cebolo





quarta-feira, 18 de abril de 2018



SOLTA-LHE O PENSAMENTO

Com este seu voar, solta-lhe o pensamento,
Nesta dor amarga que não faz sentido,
Ser ave ferida com olhar distraído,
Sem saber para onde voar, nesse momento.

Se neste acaso sua vida vem turvar,
Impondo no seu espírito pena dura,
Esse seu fixo olhar cheio de ternura,
Embala-lhe nesse beijo que quer dar.

E se o sonho vencer a própria verdade,
A ave ferida deixará sua tormenta,
Deixando cair essa dor que a alimenta,
Voltando a sentir essa doce saudade.

Carlos Cebolo



segunda-feira, 16 de abril de 2018




TRISTEZAS DA VIDA

Aquele poeta errante e triste,
Vivendo num bar indecente,
Tendo a dor que não existe,
Sempre será indiferente,
Aos olhos de quem o vê,
Com poemas que ninguém lê.

Essa mulher fatigada,
Na lida do seu diário,
É feia e mal-arranjada,
Com essa roupa de trabalho,
No olhar de quem ali passa,
Sem brilho e sem sua graça.

Moça que passeia a beleza,
Pelas ruas da amargura,
Da vida não tem certeza,
Nem gosto de tal figura,
Nessa cobiça do olhar,
Sua fome quer matar.

A idosa que afaga o gato,
Nesse banco do jardim,
Limpa o seu velho sapato,
Lembrando o seu triste fim,
Não é vista por ninguém,
Nesse olhar que fica aquém.

Carlos Cebolo




sexta-feira, 13 de abril de 2018



SENTIDO NO SONHO

Neste sono agitado,
Turvo o meu repousar
Meu espírito acordado,
Procura o teu beijar.

E o corpo sonolento,
Com toda a confusão,
 Deixa de ser violento,
Tocando a tua mão.

Nesse viver sonhado,
Sem ser o que serei,
Sonho mesmo acordado,
Com o beijo que não dei.

E nesse fiel sentido,
De te querer amar,
Já me sinto oprimido,
Com todo o meu sonhar.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 11 de abril de 2018



TODOS SOMOS UM

Na unidade do ser que nasceu,
Sou eu, és tu e mais alguém,
Sou aquele que padeceu
E no mundo não sou ninguém.
Sou fonte de luz que se produziu,
Água pura no rio corrente,
Sou quem de cá já partiu,
O arrefecer do sol ardente.
Sou quem o luxo esbanja,
Na alegria da vida que passa,
Tudo aquilo que se arranja,
Sem abrigo, na desgraça.
De tudo temos um pouco,
Neste banco do jardim,
Há quem me chame louco
E há quem goste de mim.
Sou a humanidade sem ser,
Um rebanho sem pastor,
Sou quem vai desaparecer,
Como a nuvem de vapor.
Todos somos iguais,
No futuro mais que certo,
Não somos de todo imortais,
Somos areia num deserto.

Carlos Cebolo



segunda-feira, 9 de abril de 2018










DESFOLHADA

Olhos nos olhos com um olhar directo,
Entre a palha procura o seu reinado,
No encantar do milho rei desejado,
O beijar furtivo, sempre discreto.

Canta a rapariga no seu desejo,
Trovas antigas ao seu namorado,
Na avidez do milho rei encontrado,
O sentir de tão desejado beijo.

E assim prossegue a linda desfolhada,
No calor da eira, esse belo legado,
Desse folclore que vem do seu passado,
O desejo ardente da rapaziada.

São cantares deste Minho popular,
Na igualdade de todo o Portugal,
Por onde se promove um feliz final,
Nesse encanto da arte no namorar.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 6 de abril de 2018




IGNOTO

Não sei o que desgosta,
A dor que uma alma sente,
Ou falta de resposta,
De um amor sempre ausente.

E mesmo assim pergunto?
Será dor realmente,
Ou algo sem assunto,
Ter um amor sempre ausente.

E no sonho profundo,
Quando esse amor se sente,
É deste ou doutro mundo,
A dor sempre presente.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 4 de abril de 2018



ABDICAÇÃO

Nesta ausência forçada do teu amor,
Silêncio constante deste meu delírio,
Murcham flores na realidade de uma dor
E a vontade de te ter, forma o martírio.

Por muito de amar, tudo ficou desfeito,
Por este meu mundo assim irrequieto,
Carregando este meu amor imperfeito,
Dor de um silêncio que se tornou concreto.

E nesta marcha gélida tão triunfal,
Por onde se banha a essência do nosso amor,
Se perdem os sonhos eleitos num pedestal,
Que se julgava ser, isento de dor.

Gelam as mãos cruzadas nos nossos peitos,
Nessa vontade que o tempo fez ruir,
Os botões fechados dos amores-perfeitos,
Que outrora não paravam o belo florir.

Carlos Cebolo





segunda-feira, 2 de abril de 2018




AVIDEZ

Do mar profundo a espuma surge,
Entre as ondas formando montes,
Torrentes vindas dessas fontes,
Ardente amor que em mim urge.

Entre recantos e travessas,
Ecoam teus passos a medo,
Libertando esse teu segredo,
Por entre tímidas promessas.

Vaga é a sombra na densa bruma,
Confusa luz que se mistura,
Teus contornos, tua figura,
Desta minha mente se esfuma.

Do teu olhar langue e faminto,
Esse olhar audaz ou fingido,
Que em mim provocou seu sentido,
Confundiu todo o meu instinto.

Entre os males que a vida esconde,
Existe esse ávido amor frustrado,
De um amor que ninguém responde,
Trago de elixir azedado.

Carlos Cebolo