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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013


PALCO DA VIDA

Correm-se as cortinas da triste vida,
Naquele palco vazio de terra chão,
Numa alegoria já outrora repetida,
Que esfrangalha qualquer coração.

No primeiro acto a constante tristeza,
A aparente luxúria na vida quotidiana,
Farrapos humanos naquela incerteza,
Daquele triste Mundo que as engana.

Alma amargurada e bastante sofrida,
De uma vida em constante desalinho,
Com o corpo e a alma vendida e ferida,
Procura conseguir um pouco de carinho.

Enquanto aguarda por nova e triste cena,
Limpa as lágrimas escorridas no rosto,
Tem o olhar vazio que à lua mete pena,
Enquanto ajeita o cabelo descomposto.

Sempre à espera de ter mais sorte,
Na esperança que a vida lhe volte a sorrir,
Pensa constantemente na sua triste morte
E na sorte da vida que um dia há-de surgir.

Tem um corpo de uma esbelta mulher,
As suas vestes curtas chamam a atenção,
Dos homens que não ama e não quer,
Mas deita-se com eles, sem condição.

Carlos Cebolo


quinta-feira, 26 de setembro de 2013



O ARTISTA

O vasto Mundo, rola e avança,
Este tempo não para de correr,
Na vida se promove a mudança
E o amor procura-se merecer.

Ausenta-se deste Mundo cruel,
Em momentos de pura grandeza,
Traça o amor com o seu pincel,
Colhendo as cores da natureza.

No seu olhar traz o vasto céu,
A vontade de encantar alguém,
Partilha com gosto o que é seu.

No peito traz o amor guardado,
Na alma, a dor que lhe convém,
E vive neste Mundo amargurado.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 25 de setembro de 2013


OUTONO

Nostalgia do tempo que corre,
Na secura agreste da Natureza,
O vistoso floral verde que morre,
Para renascer com a sua beleza.

O belo regresso ao passado,
Da juventude agora perdida,
Com este presente inacabado,
Onde a alma se sente ferida.

Gotas de suor salpicam o rosto,
No Outono triste, o lamento,
Das lembranças e seu desgosto,
Neste Mundo em movimento.

Flashes que formam instantes,
Da vida cada vez mais ausente,
Com os seus desafios constantes,
Mostram a realidade do presente.

Sente-se o silêncio da vil solidão,
Em sonetos de ardente saudade,
Que retrata toda aquela recordação,
Com lembranças da boa mocidade.

Um renascer que se refugia no amor,
Em ecos soltos que parecem distantes,
Com os sons surdos que denotam pavor,
Por não serem eternos como o diamante.

Vidas passadas e sempre vividas,
O sentir da feliz e boa recordação,
Da juventude e saudades sentidas,
Lembradas agora na triste solidão.

No envelhecer onde se perde o sono,
Flashes do tempo que não esmoreceu,
Mostram os traços vincados do Outono,
De uma vida que o amor não esqueceu.

Ouve-se o murmúrio do eterno mar,
Sente-se o som da tristeza na solidão
E a primavera da vida a querer passar,
Levando consigo a bela recordação.

Este Outono que corre sem ter leme,
Enquanto o coração da triste alma grita,
Por um passado, no futuro que teme,
Neste presente em que ainda acredita.


Carlos Cebolo

terça-feira, 24 de setembro de 2013


REGRESSO AO PASSADO

Sonhei que era criança,
Alegremente corria pelo sertão,
Entre cubatas feitas de nada.
Corria com toda a confiança,
Pela terra vermelha daquele cantão,
Linda terra por Deus abençoada.

Entre montes e serras em desalinho,
Brincando e cantando entre a poeira,
Com os companheiros da minha infância.
Um pau entre as pernas, fazia de cavalinho,
Pulava e corria sempre na brincadeira,
Tendo nos amigos, inteira confiança.

Cresci assim, na simplicidade da vida,
Levava no pescoço a fisga pendurada,
Os bolsos cheios de arredondadas pedrinhas
E no coração a verdadeira amizade sentida.
Com a atenção necessária à grande caçada,
Caminhava entre arbustos de folhas verdinhas.

Amigos de infância, com a pele de outra cor,
Companheiros da minha passada juventude,
Caminhávamos lado a lado sem distinção,
Por caminhos de terra vermelha com amor.
Crescemos juntos, com a mesma atitude,
Angolanos de nascimento como condição.

Já crescidos, mantivemos a nossa amizade,
De amigos e irmãos nascidos naquela terra.
Aquele povo humilde a quem dava a mão,
Sempre que sentisse alguma dificuldade,
Até ter aparecido nas nossas vidas a guerra,
Que talhou lamentos e fissuras na bela união.

Hoje, ainda pergunto ao senhor do tempo,
Pelo irmão que comigo cresceu e viveu.
O tempo responde-me com um lamento,
Entre o compasso do tempo e contratempo,
Que o meu amigo de infância já morreu,
Levando a nossa infância no pensamento.

Carlos Cebolo





sexta-feira, 20 de setembro de 2013



FALO-TE

Falo-te com sílabas escritas na dor,
De quem agruras colheu na madrugada.

Falo-te com pétalas e espinhos da flor,
Na dor da rosa que se sente desfolhada.

Falo-te da esperança sentida no amor,
Da juventude perdida e humilhada.

Falo-te da triste guerra e seu horror,
Na amizade que se quer partilhada.

Falo-te em cantos da eterna saudade,
Do amor proibido e guardado na dor.

Falo-te do vigor perdido com a idade,
Na experiência que intensifica o amor.

Falo-te na ferida aberta que não sarou,
Da pétala liberta que perdeu a sua cor.

Falo-te da mágoa da flor que murchou,
No amargurado tempo sem sentir amor.

Falo-te do pecado que chamam original,
Da entrega sem reserva ao amor querido.

Falo-te da beleza da alma no sentimento,
Da grande dor sentida pelo pássaro ferido.

Falo-te da esperança da vida na morte,
Do encanto e desencanto da eterna paixão.

Falo-te da miséria que abala este Mundo,
O sentir da dor que bate lá bem no fundo.

Carlos Cebolo




quinta-feira, 19 de setembro de 2013


CARROSSEL

Gira, gira sem parar,
Sempre em movimento constante,
O Carrossel da vida no amar,
No sonho do poeta itinerante.

Percorre vales e serras a caminhar,
No sentir da vida permanente,
Compõe cantigas para animar,
O amor sofrido que a alma sente.

Neste triste Mundo Cruel,
Por onde anda o seu amor,
Embalado ao som do carrossel,
Carrega na alma tão grande dor.

Canta louvores à deusa eloquente,
Deusa Minerva com o seu poder,
Cuida do amor que a alma sente,
Neste caminhar de grande sofrer.

 Lindo lírio Branco, verde lírio,
Que encantas com a tua beleza,
Acalma o carrossel no seu delírio,
Neste sentimento da incerteza.

Ouve castelos no seu rodopiar,
Contos de fadas no entristecer,
Da vida que pretende salvar,
Com o carrossel a querer sofrer.

Carrossel do seu triste pensar,
Sossega um pouco no teu correr,
Lava as mágoas no eterno mar,
Não as deixes aqui morrer.


Carlos Cebolo 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013


SOLIDÃO

Nesta vida triste, parada no nada,
Um invólucro sem sal e pimenta,
Na presença de uma vida adiada,
Lembra a velhice que não tarda.

Uma juventude que se ausenta,
Como forma de despedida,
Mostra todo este envelhecer,
De uma alma triste a padecer.

Pensamentos levados pelo tempo,
Por ventos de mudança repentina,
Na metamorfose do contratempo,
Traçado à nascença e pela sina.

Na triste vida que se sente,
Com o perder da fresca mente,
Acentua toda aquela solidão,
Sentida na rude estagnação.

Sentido presente no triste sentir,
De um corpo pronto a envelhecer,
Com sinais do tempo a emergir,
Nos dias que passam a correr.

Ressoa na vida a triste solidão,
Com ideias passadas pela mente,
Sente-se a tristeza no coração,
Com toda a felicidade ausente.

Solidão sentida no corpo e alma,
Da amizade deixada no passado,
Com a vida aparentemente calma,
Nas lembranças do amigo amado.

Triste sina destes sinais do tempo,
Com todo o afecto agora ausente,
Na tristeza desse contratempo,
Criado com a velhice presente.

Sentidos trocados em movimento,
Sempre com pesadelos na mente,
De uma agonia que agora sente,
Com a falta do familiar ausente.

Carlos Cebolo



terça-feira, 17 de setembro de 2013




LÁGRIMAS DO SOL

São lágrimas do Sol, lágrimas de saudade,
Lágrimas sentidas e vertidas na eternidade.

São lágrimas que voam pelo cantar da amizade,
Com portas fechadas e abertas na igualdade.

São lágrimas de pesar e de tristeza da realidade,
Sentida e vivida neste Mundo sem fraternidade.

Lágrimas de um ser sofredor,
Que procura chamar a atenção,
De um Mundo sem o amor,
Com castigos sem ter perdão.

São Lágrimas da mãe Natureza,
De irmãos separados na nacionalidade,
Num país onde não há certeza,
De um dia poder haver igualdade.

Lágrimas de dor e sofrimento,
Cantadas na poesia da realidade,
Em canções que mostram o lamento,
De um povo sem a sua liberdade.

São lágrimas de impotência na mudança,
Sentidas na pele de quem sonha liberdade,
Com passos trocados da presente dança,
Que despreza neste Mundo a irmandade.

São lágrimas de sangue no verde prado,
No esconder do anonimato a revolta,
Lágrimas de um Sol muito amargurado,
De um povo que saiu e à pátria não volta.

Lágrimas tristes de quem sente injustiça,
Por ser estrangeiro na terra onde nasceu,
Ser refugiado de uma guerra sem justiça,
Fugindo ao destino do irmão que morreu.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 16 de setembro de 2013



AGRURAS DA VIDA

Mágoa que corrói a triste alma sentida,
Na felicidade perdida no eterno olhar,
Da bela flor aberta que se sente perdida,
Com a juventude liberta no imenso mar.

Tempos alegres passados da sorridente rosa,
Recordam o florir do seu já ido amanhecer,
Mas sentem o aroma fresco liberto em prosa,
Do perfume que não trava o tempo a correr.

Amarguras sentidas que a fazem perdida,
Nas palavras nuas e cruas que agora gritam,
Entre estilhaços da velha melodia dorida,
Duma esperança mantida, em que acreditam.

Sem sentir a brilhante luz no seu sorriso,
Com lágrimas pousadas na face desenhada,
Que rolam no rosto sem qualquer aviso,
Formam a já triste vida, bastante amargurada.

Alma rasgada no veloz tempo sempre a correr,
Formam a tristeza num suspiro de insana fome,
Que corrói a alma em todo este dorido padecer,
Que o espírito sente na ânsia que o consome.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 13 de setembro de 2013



CANTO

Canto coisas de amor em poesia,
No encanto e desencanto da magia.

Canto o mar, as flores e a natureza,
No desassossego da alma a incerteza.

Canto a esperança e a linda felicidade,
Com as mágoas da verdadeira realidade.

Como poetas e poetisas no seu louvor,
Cantam as desgraças do sofrido amor,
Também eu canto o que me vem à mente,
No amor e amizade que o corpo sente.

Canto as sentidas sensações da alma,
Nas emoções sentidas no grande amor,
Na poesia lírica onde procuro a calma,
Para encontrar na escrita o seu valor.

Canto na representação da pura poesia,
Na forma épica do momento encantado,
Dos bons amantes no amor e na magia,
Do triste coração que vive enamorado.

Momentos esquecidos no palco da vida,
Onde a poesia encontra o eco escondido,
Da felicidade gasta de uma vida perdida,
Na igualdade do amor há muito esquecido.

Canto as amarguras sentidas e vividas,
De uma alma em constante desassossego,
Que na poesia encontra as emoções idas
E um novo amor, com outro aconchego.

Carlos Cebolo



quinta-feira, 12 de setembro de 2013



SAUDADE

Sinto algo que não sei definir!...
Sensação doce e acre no sentir da alma,
Quando penso no teu partir.

Nas horas de uma madrugada calma,
Oiço os passos do avançar da idade
E sinto o azul claro de um dia de verão.

Dizem-me que é saudade!...
Ou talvez um aperto do coração.

Quando partiste para parte incerta,
Senti a mesma emoção!...
Sensação que sinto na noite deserta,
Com um apertar do coração.

Se o que sinto é saudade!...
Um sentimento de prisão e liberdade,
Que não sei bem definir!...
É uma triste realidade
Que senti ao ver-te partir.

Sonho com uma paisagem linda,
Montanhas azuis que confundem o céu,
Com a tua imagem no meio do alecrim.

Naquela triste noite finda,
Em que partiste, levando na cabeça o teu véu,
Vejo-te agora a chamar por mim.

Novamente a sensação que não sei definir.

Sinto na tua lembrança a dor!...
E como não sei mentir…
…Chamo-lhe simplesmente amor.

As estrelas dizem-me que não.

Não é amor!...
É a eterna saudade.

Limpo as lágrimas com a mão,
Como querendo afastar aquela dor
E sinto-te feliz na eternidade.

Aprendi com o meu sofrer,
Que a sensação estranha que sentia,
Com toda aquela realidade,
Era o tempo a correr.

Como um passo de magia,
Aprendi o que é a saudade.

Carlos Cebolo




AUTO-ESTIMA

Serei poeta?
Não sei nem me interessa.
Apenas sei e disso tenho certeza,
Que atingi a minha meta.
Não tenho pressa,
Escrevo alegria e tristeza,
Em versos que podem ser rimados,
Na conjugação das emoções vividas,
Que a crítica chama de poemas.
Escrevo pensamentos inacabados,
Na magia das sensações sentidas,
Procurando focar os problemas,
De vidas caídas aos bocados.
Serei Poeta?
Pouco me importa a definição.
Nos meandros do amor,
O cupido lança a sua seta,
Atingindo e ferindo o coração,
Sem pensar que pode causar dor.
Auto-estima no escrever,
Sem medo de não ter valor,
Avanço a pena pelo papel.
Emoções traçadas no nascer,
De um poema que foca a dor
De um amor que está a morrer.
Tento captar emoções,
Vividas e sentidas por alguém,
Neste Mundo cão em que vivemos.
Procuro sentir as sensações,
Que dos poemas advém,
Com os gostos que merecemos.
Serei Poeta?
Na minha maneira de pensar,
Sem ostentação,
Na grande vontade de escrever,
Sem preocupação,
Sinto-me poeta.
Tenho na mente a palavra amar
E na alma o poder de sofrer.

Carlos Cebolo



terça-feira, 10 de setembro de 2013


AMOR ETERNO

No amor eterno da utopia da vida,
Ninguém agarra a quimera sem dor.
Carência de amor que a face espelha,
Nem sempre sentida na vida perdida,
Da alma translúcida que espelha amor.
O toque astral que a loucura aconselha,
No som do violino com ar de liberdade,
A utopia do amor para toda a eternidade.

O desejo acumulado de aromas na alegria,
De um sentimento que brinca com a dor,
Com canções cantadas e tocadas no lamento.
Tudo o que se sente parece eterna magia,
No esquecimento de viver o grande amor,
Querendo roubar ao tempo o sentimento.
Esquece-se que não se vive em liberdade,
De querer um amor para toda a eternidade.

Sente-se no correr do tempo, a dor de chorar,
Procurando prender o amor que seria eterno,
No pensar leviano da menos eterna juventude.
O tempo existe para fazer sempre lembrar,
Que a felicidade só existe no amor materno
E tudo o mais; é o destino que nos ilude.
Sentindo poder alcançar a desejada liberdade,
Procura-se na utopia, o amor para a eternidade.

Acabar com a tristeza em proveito da alegria,
Seria o caos de uma vida nos meandros da dor,
Sem o prazer de em certo momento poder chorar.
Seria como a música viver sem a bela poesia,
Em murmúrios dos verbos que declamam amor,
Com os sons suaves, nos tempos do verbo amar.
Nos sons da guitarra que canta em liberdade,
A lembrança do amor eterno da nossa mocidade.

O eterno amor das mil noites de pura magia,
Que o ego insano do amante procura viver,
Na intimidade de um momento de euforia,
È o sentir da impotência do amor no sofrer.
Nada é eterno no mundo imaginário do actor,
Como também não há sofrimento sem dor.
Toda a união sem a componente da moralidade,
É sexo vadio na sua plena vida em liberdade.

Carlos Cebolo



segunda-feira, 9 de setembro de 2013


JÁ NÃO HÁ FLORES

Já não há flores!...
O jardim da saudade desapareceu! …
Na ilha dos amores,
Onde o amor o conheceu.
Do belo jardim florido,
Nada mais ficou para recordar,
Aquele momento querido,
Passado junto ao mar.

O tempo fez murchar as flores
E todos os horrores,
Vividos com a tua partida,
Naquela triste despedida.
O tempo mudou,
Assim como mudou o meu sentir.
A esperança que o vento roubou,
Voltou novamente a sorrir.

Hoje, aquele jardim nada me diz!...
Outro jardim começou a florir,
Com uma mais bela e elegante matiz.
Cuidarei dele com carinho,
Traçando a vida por outro caminho.

A tristeza que senti,
A ver o jardim desaparecer,
Apagaram a recordação de ti,
Neste novo renascer.

Já não há flores!...
Morreram as fadas da Natureza,
Perdidas por seus amores,
Naquele jardim da incerteza.

O jardim murcho desapareceu
E o meu amor por ti esmoreceu.
Nada mais sinto,
Naquele recanto junto ao mar
E confesso que não minto.

Continuarei flores a plantar,
Para de novo fazer florir,
Aquele recanto junto ao mar,
Que muito me fez sorrir.

Carlos Cebolo


sábado, 7 de setembro de 2013


ADEUS!...

Norte!...
Desnorte sentido agreste da emoção,
Que amarguras o meu coração,
Na frieza da triste sorte.
Destino traçado à nascença,
Que o ser humano transporta na vida,
Com a sua aparente indiferença,
Até à hora da derradeira partida.
Desatino das velhas montanhas,
Que perdem os filhos em desalinho,
Nascidos e criados nas entranhas,
Do colo que nos abriga com carinho.
Mãe pátria que aos poucos morre,
Na alma com falta do sentir,
Do rebento em chama que corre,
Queimando o prado que o fez emergir.
Lembranças!...
Projectos inacabados de uma vida,
Adiada na diáspora da partida,
Com todas as tristes mudanças.
Por momentos perco o norte!...
As imagens que vislumbro à distância,
Reavivam os tormentos da morte
E recordam-me o belo tempo de criança.
Coisas antigas!...
Na corrosão de tempo que tudo agrava,
A recordação de amigos e amigas,
Na alegre vida que se amava.
Tudo está diferente!...
Ou parece diferente.
Laivos na memória modificada,
Do cognitivo sempre em evolução,
Apagam a imagem antes fixada,
No recanto fechado da recordação.
È a defesa do espírito presente,
Na árdua luta da sobrevivência,
Que ainda o velho corpo sente,
Na luta travada com a inocência.
Dizer que o passado foi perdido,
É o mesmo que dizer, ter o futuro ganho,
No presente que se encontra indefinido,
Em todo o processo que acho estranho.
Com grande aperto no coração
E por não ver outra condição,
Resta-me apenas dizer!...
Adeus terra que me viu nascer.


Carlos Cebolo

quinta-feira, 5 de setembro de 2013



ORÁCULO


Sons suaves que entram em mim,
São anúncios da tristeza sem fim.

Flauta falante da perturbada alma,
Que o passar do tempo não acalma.

Justiça divina que o corpo aguenta,
Com a triste vida que o alimenta.

A alma chora em constante desatino,
Um destino traçado desde menino.

Sofrimento de dor de quem quer amar,
Com um coração que só sabe chorar.

Pronuncio do oráculo da ilha deserta,
Na consulta feita na palma da mão,
Pela linda cigana que em tudo acerta,
Menos nas dores sofridas do coração.

Com o seu corpo, abriu o encantamento,
Na promessa do amor puro e ardente,
Que a visão da alma previu o momento,
No seu fixar do olhar e rosto sorridente.

Engano do corpo no sentir da mente,
Com gestos falantes no colorir da alma,
Que a tela da vida desenhou rapidamente.

História sentida e vivida na amizade,
Do amor secreto que o espírito acalma,
Com o passar do tempo e a realidade.

Carlos Cebolo



quarta-feira, 4 de setembro de 2013



CORAGEM

Poderia dizer-te simplesmente!
Amo-te. Fica comigo amor…
Não é tão fácil dizer o que se sente,
Sem provocar em alguém, dor.
Ter uma alma mesclada de sentimentos,
Sem a liberdade desejada,
Num corpo agarrado aos preconceitos,
Que o prende no desejo de fazer a viagem…
Para além da timidez demonstrada,
É pura falta de coragem.
Coragem para enfrentar perigos exteriores,
Abundam neste corpo talhado pelo tempo,
De guerreiro audaz que ao inimigo provoca pavores.
Emoção de uma timidez no contratempo,
Dos meandros do amor que existe em mim,
Quando procuro coragem para tal fim.
Minha timidez mostra toda a fragilidade,
De um corpo aparentemente forte, ser fraco,
Quando procura a felicidade.
Sem coragem para te olhar de frente
E dizer-te o que sinto,
Por falta de coragem, minto
E não digo o que a alma sente.
Desejo-te ardentemente ter-te nos meus braços,
Enroscar o teu corpo no meu e vibrar.
Procuro em todos os rostos os teus traços,
Na esperança de te poder alcançar.
Qualquer dia, o amor triunfará a timidez
E terei coragem para os teus lábios beijar.
Nesse dia amor!...
Alcançarei a felicidade na tua embriaguez
E estarei pronto para contigo me partilhar.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 2 de setembro de 2013



 SÃ AMIZADE

Andorinha do meu beiral,
Que sorte me queres trazer?
Canta o melro no quintal,
Com a luz do Sol a nascer.

Traz-me a tua amizade,
Bela ave da primavera,
Mostra-nos a liberdade,
No futuro que se espera.

O pardal perdeu o pio,
Na solidão do seu voar.
Á noite treme com frio,
Sem amigo para o acoitar.

Sã amizade procura ter,
Límpida como a fresca água,
Quem teu amigo procura ser,
Afagando as tuas mágoas.

A amizade não se procura,
Cultiva-se com muito amor.
Rejeita-la será uma loucura,
Que se paga com muita dor.

O cuco solitário coitado,
Não tem ninho onde ficar,
Sempre foi um desgraçado,
Que apenas vive a enganar.

Sem uma amizade presente,
È o velho cuco amaldiçoado,
Sem ninho que o esquente,
Vive toda a vida desgarrado.

O meu cão é meu amigo,
A minha gata confidente;
No teu coração me abrigo,
Com a amizade que se sente.

Pintassilgo com as cores alegres,
Teu chilrear é de grande magia,
Do Rouxinol não há quem negue,
Ter um cantar de muita alegria.

Aprender com os seres da Natureza,
A pura amizade que nos oferecem,
Com os animais tenho a certeza,
De ter amigos que não nos esquecem.


Carlos Cebolo