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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

domingo, 6 de janeiro de 2013





                         ANOS CONTURBADOS DE UMA ANGOLA EM MUDANÇA
                                         

                                                      IV Parte
A grande maioria dos pais, metiam os filhos na mocidade portuguesa, não por ideias políticas, mas sim por medo de serem perseguidos pela PIDE. Pois quem não tinha os filhos na mocidade era considerado contra o governo de Salazar e como tal, eram indesejáveis à sociedade.
Era o primeiro passo para serem perseguidos.
Na escola de Carlos, tudo corria bem. Depois das aulas Carlos como membro da mocidade portuguesa, ia com os seus camaradas para a sede da organização, onde havia entre outras coisas, aulas de ginástica. Uma manhã, sem qualquer aviso, apareceram uns senhores de fato e gravata na escola e levaram o professor Cecílio Moreira, seu encarregado de educação e chefe da Mocidade, com eles.
A notícia espalhou-se como uma bomba. O professor Cecílio, muito respeitado por todos, tinha sido preso pela PIDE.
Quando Carlos necessitava que o seu encarregado de educação assinasse algum teste escrito que tinha recebido, Carlos ia à cadeia para falar com o professor Cecílio.
O professor Cecílio Moreira, sempre muito amável, explicou a Carlos, que não era conveniente continuar a ser o seu encarregado de educação, uma vez que poderia trazer complicações tanto para o pai de Carlos, como para o próprio Carlos.
Durante as férias, apareceram em Vila Arriaga, uns senhores que se reuniram com o administrador e fizeram perguntas a várias pessoas do Vila e também ao Carlos e ao seu pai.
Depois desse dia, o pai de Carlos foi a Moçâmedes, falou com outro seu amigo, de nome Dantas, que também trabalhava na Escola, mas na secretaria, para passar a ser o encarregado de educação de Carlos.
Carlos nunca mais ouviu falar do bom professor Cecílio. Nem ninguém sabia do seu paradeiro.
Os anos foram passando, a vida corria com normalidade. Ouvia-se de vez em quando notícias da luta armada contra os turras e que estes estavam completamente derrotados em Angola. Só no norte de Moçambique e na Guine é que ainda havia alguma luta.
Carlos fez o ciclo preparatório em Moçâmedes e como o seu avô estava doente, seu pai pediu a sua transferência para Sá-da-Bandeira, cidade que ficava apenas a cinquenta quilómetros da Vila onde viviam os pais de Carlos.
Em Sá-da Bandeira, estudou na Escola Industrial e comercial Artur de Paiva, onde completou o curso comercial.
Durante os seus estudos na EICAP, Carlos não ouvi falar em guerra ou em guerrilha.
Tudo parecia estar normal.
 Ninguém tinha medo dos turras ou da guerra. Mas todos tinham medo da PIDE. E talvez por causa disso, é que ninguém se importava com a política. Apenas sabiam que a luta no norte de Angola era cada vez mais fraca e só esporadicamente, se ouvia dizer que no Leste ainda havia luta contra os turras, mas que os militares estavam a ganhar terreno. Os terroristas estavam cada vez mais fracos e muito em breve seriam definitivamente derrotados.
  Como no Sul de Angola e, principalmente em toda a sua zona costeira até Luanda, se circulava sem qualquer problema e com grande liberdade de movimentos, Carlos nunca mais se preocupou com tal assunto. E como sabia que a PIDE prendia qualquer pessoa, sem qualquer motivo, como tinha acontecido com o seu professor em Moçâmedes, facto que nunca falou com ninguém, mas também nunca esqueceu, tinha medo que a ele ou ao seu pai, viesse acontecer o mesmo.
Como qualquer jovem da sua idade, Carlos também namorava e, entre promessas de amor eterno e casamento, a vida só fazia sentido em Angola. Nunca foi sequer imaginado viver noutro lado, até porque tanto Carlos, como a namorada, não conheciam qualquer outro país.
Chegou altura de Carlos ir para a tropa.
Continua

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