ENCANTO DO NATAL
Em África, havia um casal com um filho pequeno. O pai trabalhava na cidade
e fazia um pouco de tudo para arranjar dinheiro para irem para a Europa que
vira numa revista.
De vez em quando ia ver a família e mostrava a revista e dizia que um dia
haviam de ir para a Europa.
O menino gostava da página que mostrava um senhor vestido de vermelho com
grandes barbas brancas, que seu pai chamou de pai natal.
O menino na sua ingenuidade pensava:
- Por que razão o pai natal não vinha à sua aldeia?
- Qual a razão dele nunca ter ganhado um brinquedo?
Na revista, reparou que o chão era branco e que os meninos brincavam
com aquela areia e, curioso, perguntou ao pai o que era aquilo.
O pai disse que era neve e que na Europa o Natal era tempo de neve.
O Tempo foi passando e o menino ficou sempre com a esperança de um dia o
pai natal se lembrar dele.
Mais tarde, o pai foi busca-los e foram ao encontro do senhor que lhes
arranjava os lugares num barco.
No lugar combinado, lá estava o senhor que os meteu na embarcação onde já
se encontravam outros passageiros e partiram.
A mãe colocou a criança nas costas e amarrou-a com uma manta.
Depois de muitos dias no mar, a embarcação foi-se arrastando enquanto os
ocupantes ficavam cada dia mais fracos.
O menino adormeceu e no seu sonho, era ajudante do pai natal e andava por
África, a distribuir brinquedos.
Um barco patrulha encontrou a embarcação e recolheu os sobreviventes,
levando-os para o hospital.
Meses depois, tiveram alta e foram entregues à polícia, mas antes, foi
oferecido ao menino uma pequena ambulância que deixou a criança maravilhada.
O rapaz cresceu e formou-se em enfermagem e inscreveu-se numa equipa de
médico sem fronteiras.
O enfermeiro chamava-se NiK e levou na bagagem uma mala cheia de pequenos
brinquedos e um fato de pai natal.
Já em África, no hospital de campanha, sempre que uma criança tivesse alta,
o enfermeiro Nik vestia o seu fato de pai natal e oferecia um brinquedo à
criança. Os seus colegas gozavam com ele, dizendo:
- Ouve lá NiK, hoje não é natal para andares assim vestido a distribuir
brinquedos!...
NiK sorria e dizia com alegria:
- Como disse um dia o poeta; -Natal é sempre que o homem quiser.
E assim, continuou o enfermeiro Nik a distribuir brinquedos e a levar a
felicidade às crianças que tiveram a infeliz sorte de nascer no lugar errado.
NiK um dia adoeceu e acabou por falecer.
Um seu colega, que tinha chegado há pouco tempo ao hospital, sabendo da
história de NiK, resolveu tomar o seu lugar. Vestiu o fato e foi distribuir
brinquedos pelas crianças que nesse dia tiveram alta.
Assim, com pequenos gestos, será pelo mundo fora Natal, sempre que o homem
quiser.
Carlos Cebolo