Acerca de mim

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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013




SOMBRA DE MIM

Sombra de mim,
Que outrora foste sonhadora,
Pujante na tua beleza sem fim,
Da juventude que marca a hora.
Flor-de-lis da minha alma,
Pétala branca do encantamento,
De um amor sempre secreto,
À espera do consentimento,
Ficando para sempre discreto.
Com o passar dos tempos,
O amadurecer da bela aurora,
No provir dos contratempos,
Surgido pela vida fora.
Serei tudo o que desejas,
Neste futuro presente,
Onde quer que estejas,
Com o teu amor ardente.
Esta sombra de mim,
Com forças para seguir,
Procura à tristeza pôr fim,
Com a alegria que provir.
Fim da linha da mudança,
O início da estabilidade,
Procura ter confiança,
Com o avançar da sua idade.
Anos vindouros presentes,
Chamas do ardente vulcão,
Que com a idade ainda sentes,
Na recordação da grande paixão.

Carlos Cebolo

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013



NESTE MEU SENTIR

Neste meu sentir!...
Enlouqueço com o meu pensar,
Nos tristes momentos idos,
Com o coração que procuro abrir,
Para te poder amar.
Dou asas aos meus sentidos,
E sigo esta triste e boa magia,
Que com o teu toque de sedução,
Refazes a doce alegria
E aquece o meu coração.
Tocado pelo teu olhar,
Com tuas asas de veludo,
Em outra coisa não posso pensar,
Sem sentir este êxtase agudo.
Um sonho belo que sonhei,
Com cheiros florais na mente,
Que senti quando acordei,
Depois de um sono ardente.
À noite, respiro o teu odor
E numa madrugada tardia,
Sinto a eterna dor,
Desta triste melodia.
Desconhecidas paixões,
Em palavras sonhadas
Entre dois corações,
Com linhas cruzadas.
Mergulho no silêncio da nada,
Sonho com o amor verdadeiro,
Entre as névoas da madrugada,
Que desaparecem em passo ligeiro.

Carlos Cebolo

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013



COBIÇA E AMBIÇÃO

I
Viajam sem ter o rumo na mão,
Com as regras que fizeram,
Disfarçam o que agora colheram,
Com cobiça e ambição,
Do medo que não tiveram.

II
Corre o tempo sem leme,
Neste Mundo desgovernado.
Tudo, o vento tem levado,
Com os perigos que não teme,
O político experimentado.

III
Neste país revolto e turvado,
Com governante que não teme,
Tudo que por si foi moldado.
Todo o povo sente e geme,
Neste Mundo desorientado.

IV
Para os tolos a compreensão,
Ver os maus que prevaleceram,
O gosto que sempre primaram,
Com toda esta simulação,
E castigos que não tiveram.

V
Possuem grande galardão,
Coisas que não mereceram
E glórias que não tiveram,
Em toda esta situação,
No posto que detiveram.

VI
O país que se foi perdendo,
Destrói todas as esperanças.
O país que vamos tendo,
Na situação que não entendo,
Sempre julgo que há mudanças.

VII
Nos terrenos por onde andaram,
A riqueza, apostaram que vem.
Fazer o mal que não deixaram,
Com o poder que controlaram
E ao justo roubaram também.

VIII
Com os tormentos que vivemos,
Desesperados pela bonança,
Que nesta hora merecemos
E pela força também gememos,
Na avaliação da falsa balança.

IX
Com o poder sempre na mão,
O destino que nunca tiveram,
Continuam o mal que fizeram,
Com grande cobiça e ambição,
Destroem o que já colheram.

X
Como nunca trabalharam,
Colhem o que lhes convém.
Com conversas enganaram,
O povo que perdeu o seu bem,
Dos tempos que amealharam.

Carlos Cebolo

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


TRISTEZA

Se tristeza tivesse
Sem sentir alegria,
De tristeza não viveria.
Se daí viesse mal algum,
Não nasceria de mim
Por não sentir nenhum.
Da tristeza, alegria faria,
Se só tristeza tivesse.
Cuidando bem dela,
Tudo seria alegria,
Se viver fosse com ela,
Também com ela morreria.

Carlos Cebolo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013





 PERCORRE A NOITE

Percorre a noite ao som da lua,
Sombra negra solitária e discreta,
Lágrimas escondidas na face nua,
Que correm livres na alma deserta.

Sonhos sonhados, encantos meus,
Delírio constante no amanhecer,
Em soluços tristes dos lábios teus,
Que me fazem agora esmorecer.

Colorido pecado em robe de cetim,
Perfume proibido de um anoitecer,
Que faz da sombra pedaço de mim.

Luz de estrela em magia de criança,
Alma altiva, sofredora no seu viver,
Que me faz sonhar e ter confiança.

Carlos Cebolo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


   

 EMBRIAGUEZ

A alma voa pelo infinito,
Como Fénix renascida,
À procura do seu mito,
No fluir da mente ferida.
Sente um doce desejo
E o corpo dormente,
Pelo odor espalhado pelo chão.
O sabor de um beijo,
Está no néctar presente
E no êxtase da paixão.
Em suspiros surdos,
Na sua eterna inocência,
Provoca delírios rubros,
Com a sua insistência.
É uma embriaguez ardente,
Na ânsia de encontrar o amor,
Que do seu estro consciente,
Se sente todo o fervor.
O desejo de um vulcão ardente,
Numa incógnita ansiedade,
Procura incessantemente,
A doce taça da fertilidade.
Corpo moribundo saciado,
Do divino néctar extraído,
Que nem Baco incontrolado,
No seu jardim florido.
O sentir do toque dos teus seios,
No meu peito humedecido,
Provocam-me devaneios,
No meu corpo adormecido.
Embriaguez!...
Excitação do divino ser,
Na nossa pequenez,
Neste eterno padecer.
Lavra incandescente,
Na tua pele suave e doce,
Faz renascer a semente,
Com se, do fruto fosse.

Carlos Cebolo


      
      ROSA MURCHA

Sonetos de desejo afagam o meu coração,
Dos teus dedos feito suave melodia,
Em lembranças sentidas de quente paixão,
Que estremecem esta minha alma tardia.

Neste eterno adeus sem ver a vil despedida,
Dançam ondas em lágrimas de saudade,
Do teu olhar constante na magia sentida,
Daquele amor distante da nossa mocidade.

A rosa murcha de um tempo agora incerto,
Disfarça ainda a tua suave pele arrepiada,
De um triste amor que segue o seu deserto.

É sombra que chora na dor que sente,
De uma mudança repentina inesperada,
Que na madura idade perturba a mente.

Carlos Cebolo

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013


  

ANSIEDADES

Tuas mãos perfeitas,
Percorrem o meu corpo quente,
Com toques de veludo
E sedentes.
Sensações que se sente,
No corpo suado e desnudo,
Onde se ouve a própria alma.
Ansiedades vividas
E sentidas na noite calma,
Com volúpia arrepiadas.
Um grito da alma floresce
E solta mistérios escondidos,
Que o coração não esquece,
Mas domina os sentidos.
Carente de anseios de loucura,
Oiço o teu respirar
Na noite escura,
Fundido ao meu,
Que procura acalmar.
Sinto no teu toque aprimorado,
Que o amor não esmoreceu.
Aquele teu desejo guardado,
Solto com o teu toque de veludo,
Que o meu corpo agora bebeu,
Foi com o nosso beijo selado.
Contigo está a deusa do amor,
Que forma o Olimpo ardente,
Eterna morada da paixão,
Onde se vive todo o fervor
E os prazeres que a alma sente.
Em silencioso voo nocturno,
Aqueces as frias noites caídas,
Quando me encontro taciturno,
Com as constantes recaídas.

Carlos Cebolo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013




VISÃO DA ALMA

Vejo-te sem te ver,
Sem te conhecer,
Conheço a tua alma como ninguém.
Almas gémeas que em sonhos se unem,
Em volúpias sagradas dos sonhos lidos.
Nossos corpos desconhecidos dormem…
Sem te conhecer,
Conheço-te na essência da alma.
O ser volátil, semelhante ao meu,
Seres superiores que não controlamos,
O verdadeiro eu, em mim;
Em ti escondido;
Que tudo vê e não se vê.
Almas gémeas que se encontram,
Trocando carícias e amor ardente,
Em sonhos paralelos do sono profundo.
Nos meus sonhos!
Sonho contigo amor.
Meus lábios percorrem a tua pele.
Toques sentidos na alma,
Enquanto o corpo dorme.
Desejos ardentes,
Satisfação presente,
Comunhão irreal dos corpos,
Na desconhecida realidade da alma.
O invólucro corpóreo desconhecido,
Do teu corpo perfumado,
Que no virtual te conheço amigo,
É no virtual, amor correspondido,
Que nos sonhos é muito amado.
A visão da alma penetra longe!...
Alcança o que o corpo não pode
E tudo que para lá se esconde,
Com a manto que o cobre.
Mistérios!...
Dogmas que o corpo desconhece
E se deixa iludir.
Sonho e fantasia,
Do corpo que a qualquer momento arrefece,
Acabando com o amor que sentia.

Carlos Cebolo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


   
 RENOVAÇÃO

Foram madrugadas infinitas,
De sonos e sonhos revoltos,
Onde tudo acontece.
Magia em que acreditas,
Nos poemas soltos,
Onde o dia anoitece.
O tempo acorda vazio
E o Sol dança.
As estrelas adormecem,
Tremendo de frio,
Promovendo a mudança.
Nasce o dia!...
Outro dia, outra esperança,
Que a vida renova.
Na pouca luz entre a escuridão,
Procuro um acariciar,
Tendo o amor como prova.
Acabar assim a solidão,
Deste eterno caminhar.
No teu olhar!...
Sinto o desejo.
Mas minhas palavras o anseio,
Do teu toque de prazer.
Nos teus lábios o meu beijo,
E sem nada te dizer,
A minha mão toca o teu seio
E sinto o teu desejo.
O luar solitário escurece!...
E dá lugar a um Sol desmaiado
Com um tempo que já aquece.
Vejo no teu rosto,
A tristeza que se vai embora,
Levando consigo o desgosto,
E os pesadelos de outrora.

Carlos Cebolo


    

  RENOVAÇÃO

Foram madrugadas infinitas,
De sonos e sonhos revoltos,
Onde tudo acontece.
Magia em que acreditas,
Nos poemas soltos,
Onde o dia anoitece.
O tempo acorda vazio
E o Sol dança.
As estrelas adormecem,
Tremendo de frio,
Promovendo a mudança.
Nasce o dia!...
Outro dia, outra esperança,
Que a vida renova.
Na pouca luz entre a escuridão,
Procuro um acariciar,
Tendo o amor como prova.
Acabar assim a solidão,
Deste eterno caminhar.
No teu olhar!...
Sinto o desejo.
Mas minhas palavras o anseio,
Do teu toque de prazer.
Nos teus lábios o meu beijo,
E sem nada te dizer,
A minha mão toca o teu seio
E sinto o teu desejo.
O luar solitário escurece!...
E dá lugar a um Sol desmaiado
Com um tempo que já aquece.
Vejo no teu rosto,
A tristeza que se vai embora,
Levando consigo o desgosto,
E os pesadelos de outrora.

Carlos Cebolo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013






MAR DOS SEGREDOS

Este mar que sempre enlouquece,
Água salgada que a vida procura,
Neste tempo de triste lamento,
Grita a dor que não se esquece.
Assim contorna toda esta loucura,
Na harmonia e espaço do pensamento.

Lágrimas salgadas do triste olhar,
Em palavras abandonadas no silêncio,
Dançam saudades do encantamento,
Das lindas musas do imenso mar.
Sons que preenchem todo o vazio,
Nestes tristes e belos momentos.

Na escuridão, o coração voa e espera,
Aguardando pelas horas perdidas,
No seu mar de ondas claras calmas,
Onde o amor sempre desespera.
Com as dores do corpo esquecidas,
Procura encontrar as tristes almas.

Este sonhador que o belo corpo habita,
Acompanha as suas lindas caminhadas,
Nas tristes estradas do bom invento,
Há procura daquilo em que acredita.
Na invenção das felicidades adiadas,
Sempre fica à espera do seu momento.

Segredos na lucidez do sonho realizado,
Em contraste com a realidade vivida,
Neste mar que desagua no momento,
Do sonho que ao acordar, fica acabado.
Uma constante vida paralela vivida,
Do tempo que esqueceu o sentimento.

Lábios mudos sem os ecos da tristeza,
De uma magia poética na sua ilusão,
Vivida em belos sonos sobressaltados,
Dos amores sonhados na incerteza.
São as marcas deixadas no coração,
De quem procura sonhos realizados.

São esmeraldas num rio sem cores,
Flechas de um cupido desastrado,
Em águas cristalinas de forte paixão,
Que fomentam estes tristes amores.
O corpo dorme e descansa sossegado,
Enquanto o espírito reacende o vulcão.

Carlos Cebolo

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


        

    MINHA DOCE ESTRELA

A alma chama-te no murmúrio do vazio,
Rodeada de pétalas florais de Outono,
Na maravilhosa luz e cor do topázio,
Onde te encontras no sonhar do teu sono.

Sempre que olho para a tua bela estrela,
Que navega no velho mar do tormento,
Lembro-me do tempo que eras donzela,
E iluminavas todo o nosso momento.

Hoje, na boa luz das estrelas e sua magia,
Que dos teus olhos brota com luz brilhante,
Ainda se nota toda aquela nossa alegria.

Recordo as palavras de amor que trocamos
E na bonita idade de ouro e diamante,
Lembramos aquilo que mais gostamos.

Carlos Cebolo

  
 ALMAS GERMINADAS

Duas almas que se unem para sonhar,
No horizonte perdido de uma vida passada,
Temem a desilusão de um dia acordar
E sentir que a felicidade também foi adiada.

No frio inverno da tristeza com saudade,
Sentem-se no Mundo como estrela decadente,
Nas linhas e entrelinhas da tímida liberdade,
Que não disfarçam as dores que a alma sente.

À procura do amor na harmoniosa afeição,
Vivem as profundas marcas da vida perdida,
Na esperança de reacender a chama do vulcão.

Lágrimas caladas que voam na suave brisa,
De eterna saudade de uma gloria sentida,
Que o avançar da idade agora profetiza.

Carlos Cebolo



DESFRUTO-TE SEM TE TOCAR

Chama trémula da tua pele que respiro,
Em carícias de doce brisa sempre pura,
Que na ansiedade do meu forte arrepio,
Procuro constantemente na noite escura.

És amor que quero e não posso beijar,
Dona da magia e da minha amargura,
Que saboreio e desfruto sem te tocar,
Com estes lábios ardentes pela secura.

Tua doce voz chama-me na noite calada,
Como flocos de neve de um cristal fino,
Que no meu sonho, te torna mais desejada.

Numa incerteza de um poder que não sinto,
Procuro controlar este sentimento divino,
E ao dizer que não te quero!... Sempre minto.

Carlos Cebolo


       
 O VOAR DO TEMPO

Olho o voar do tempo que não para!...
Sinto saudades tuas,
Na loucura da vida já partilhada.
A paixão sentida na noite clara,
Das quentes madrugadas nuas,
Com destino e partida adiada.

Liberta-se o pensamento em brisas delicadas,
Sem medo, sente-se o perfume do amor,
No intenso cheiro da paixão.
As duas almas entrelaçadas
Que olham o mundo com pavor,
Esperam sempre o seu perdão.

Em silêncio, caminho pela estrada,
Com imenso desejo de te abraçar,
Tocar a tua alma com emoção.
Com este corpo trespassado pela espada,
De um destino que não quis traçar,
Sigo outro caminho sem condição.

Choro a saudade da tua ausência,
Oiço a melodia que existe em mim,
Na loucura de cruzar o teu olhar.
Fazer do teu pensar a minha consciência,
Em toques de ternura sem fim
E os teus carnudos lábios poder beijar.

Voo como um condor ao sabor do vento,
Cruzo o céu com grande determinação,
Louco pelo teu nome bem alto gritar.
Às estrelas segredo o meu triste lamento,
Procuro no seu forte brilho a compreensão,
Na esperança de um dia te voltar a encontrar.

Carlos Cebolo




TRISTE RECORDAÇÃO
   (perdoa-me Luana)

Numa sinfonia nua e crua,
De um sentimentos sem rumo,
O silêncio em mim desagua,
No infinito da vida sem prumo.

Procuro esquecer o momento,
Em lágrimas sofridas de emoção,
Por te ter condenado à escuridão,
Pensando apenas no sofrimento.

O que fiz; Fi-lo por te ter amor!...
Não aguentei ver-te tanto sofrer,
Quando olhavas para mim com dor.

Ver o teu corpo magro de sofrimento,
Que a qualquer momento podia falecer,
É ainda hoje, o sonho do meu tormento.

Carlos Cebolo

domingo, 10 de fevereiro de 2013




        MAR DO DESASSOSSEGO


Ondas de prazer baloiçam a minha mente!...
Dançam saudades no mar do desassossego,
De um olhar distante que o corpo consente,
Na brisa suave do Outono, no já fraco ego.

No desbotado arco-íris das tristes despedidas,
Num percorrer constante da vida adiada,
Encontra-se as tristes almas esquecidas,
De uma felicidade há muito desesperada.

Este pensamento constante do presente passado,
Que procura a custo reactivar a sua alvorada,
Neste triste inverno para sempre amargurado.

Dramas de um chegado inverno frio e cinzento,
De sonhos adormecidos na passada madrugada,
Que transformam o grito num suave lamento.

Carlos Cebolo

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013



O OUTONO DA VIDA

No renascer da alvorada,
Um grito.
O silêncio da escuridão
Que ecoa em ouvidos moucos,
Inundam a tua boca desejada,
Com lágrima de luar salgada,
Que escore pelo rosto hirto.
Sonetos da indesejada solidão,
Percorrem o vazio como loucos.
Dançam saudades de outrora,
No desalinho ardente da saudade,
À procura da sua aurora,
Nos tempos perdidos da mocidade.
Este renascer tardio do amor,
Que encontra ecos distantes,
Em corações de idêntico fervor,
Que fazem dos seres, amantes.
No entardecer que vence o sono,
O tempo que nunca esqueceu,
Procura vencer o seu Outono,
Com o amor que sempre mereceu.
Este renascer da loucura,
De amar e ser correspondido,
Apenas procura ternura,
No sentimento de grande candura.
Na escuridão, o seu sonho voa,
Por entre nuvens iluminadas pelo luar,
À procura do chamamento que ecoa,
Na esperança de voltar a amar.
O espírito sente-se traído,
Com o chamamento que tarda em chegar,
Como o anjo por terra caído,
Que não se consegue levantar.

Carlos Cebolo




  ANOS CONTURBADOS DE UMA ANGOLA  
                    EM MUDANÇA                                                   
                                XX Parte
Dois anos depois de estar no Polícia, Carlos, que tinha os estudos necessários e exigidos, concorre a subchefe. Passa no exame de admissão e vai para Alcântara tirar o curso.
Depois do curso, Carlos é colocado a seu pedido em Algés/Miraflores, como subchefe, uma vez que para Viana do Castelo, teria de seguir uma lista de antiguidades.
Em Algés, Carlos procurava estudar e tirar dentro da própria polícia, o maior número de cursos e especialidades que pudesse, pois sabia que com certas especialidades, poderia ir mais rápido para Viana do Castelo, sua terra adoptiva.
Ao ler a ordem de serviço, reparou que a polícia estava a fazer concursos para instrutores de educação física, cujo curso seria tirado no CEFA – Centro de Educação Física da Armada, no Alfeite.
Mais uma vez, Carlos concorreu, foi fazer provas e passou.
Foi então para o CEFA, onde tirou o curso de educação física.
Com o curso na mão, Carlos foi colocado em Viana do Castelo, como instrutor de educação física da Polícia.
Em Viana, estava em casa e a vida tinha melhorado bastante, não só em termos económicos, mas também em estatuto.
Embora a vida de Carlos tinha melhorado bastante, Carlos não ficou parado em Viana do Castelo. Devido ao curso de educação física, foi várias vezes chamado para dar instrução em Torres Novas.
Carlos que não era homem de ficar parado, continuou a tirar outros cursos que apareciam dentro da Polícia
Atingiu assim o posto máximo existente na polícia de base e aí, parou. O posto acima era o início dos postos destinados aos oficiais da academia policial e para aí, Carlos já tinha passado da idade.
Mas não parou de estudar e tirar outros cursos específicos dentro da sua função.
Hoje, encontra-se aposentado, mas não deixou de tentar fazer algo que o mantenha ocupado.
Aderindo às novas tecnologias, criou um blogue onde escreve contos infantis, diferentes dos contos clássicos e já extremamente conhecidos e esbatidos, assim como também escreve poemas, principalmente que o fazem recordar a sua terra natal. Angola.
Esta é uma história verídica, vivida não só pelo autor, mas por milhares de portugueses nascidos nos territórios africanos.
Uns, como Carlos, tiveram sorte e refizeram a sua vida. Outros, menos afortunados, vivem em completo abandono, esquecidos que um dia, foram os grandes defensores de Portugal em terras de África.
FIM
Carlos Cebolo
Com este capítulo termino este pequeno resumo de uma vida igual a tantas outras que, por força de uma política mal dirigida, foi apanhada pelas teias de um drama vivido na realidade da incerteza que depois de 37 anos, ainda continua a ter os seus efeitos nefastos.
Pensei muitas vezes se deveria aqui publicar ou não esta história verídica que pode trazer à lembrança factos muito dolorosos. Mas depois de muito pensar, fiz questão de publicar este pequeno resumo da minha vida, que como disse, é igual ou semelhante a muitas outras de quem veio de África com a revolução, para que os nossos descendentes possam saber um pouco QUEM SOMOS; DE ONDE VIEMOS; O QUE SOFREMOS E O PORQUÊ DA NOSSA CONSTANTE REVOLTA. (Os factos narrados reportam-se apenas ao período entre 1961 a 1976)
O autor
Carlos António de Oliveira Cebolo

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


            ANOS CONTURBADOS DE UMA ANGOLA EM MUDANÇA

                                                  XVIII Parte
Eram perguntas que Carlos fazia constantemente a si e ao resto da família.
Andou por Albufeira a tentar arranjar emprego. Chegou mesmo a ir até Faro e Portimão, mas nada.
Carlos sabia que o dinheiro, dez contos que ele e sua esposa tinham trocado, não iriam durar sempre. Além disso, numa consulta médica tiveram a confirmação que sua esposa estava grávida.
Em Angola, nos últimos tempos, não havia contraceptivos e num casal jovem, casado a pouco tempo, era normal isto acontecer, por mais cuidado que se tivesse.
Esta situação mais preocupou Carlos e a família.
Em conversa com o gerente do hotel, Carlos foi informado que no Norte do país era mais fácil arranjar emprego. O norte tinha muita indústria e o Algarve vivia apenas do turismo.
O cunhado de Carlos, irmão da mulher, tinha a mesma idade de Carlos e também, como Carlos, tinha casado em Angola, mais ao mesmo no mesmo tempo, teve conhecimento que a família de sua esposa estava em Viana do Castelo, no Norte do país.
O cunhado de Carlos foi assim incumbido de ir ao Norte, ver a família da esposa e sondar possibilidades de emprego.
De Viana do Castelo telefonou a dizer que na realidade no Norte havia mais possibilidades de emprego e que Viana não era assim tão frio como diziam.
Carlos e toda a família, resolveram assim pedir ao IARN a sua transferência para Viana do Castelo.
Foi assim que Carlos trocou um hotel de cinco estrelas, junto ao Mar, no Algarve, por uma pensão sem estrelas, numa rua escura em Viana do Castelo.
Carlos tinha metido o seu processo como professor primário, no quadro geral de adidos e estava à espera de resposta. Enquanto esperava, procurou trabalhar em algo que aparecesse.
 Fazia de tudo um pouco, para arranjar dinheiro honesto. Trabalhou como estivador no porto mar de Viana do Castelo, sempre que necessitavam de carregar algum navio e não havia trabalhadores suficientes, ou os trabalhadores normais, fizessem greve; Trabalhou como ajudante de funerária, sempre que o dono de uma funerária que também tinha vindo de Angola, necessitava de pessoal para ajudar nos funerais; trabalhou como empilhador de lenha para o forno numa padaria. Em fim trabalhava em tudo que aparecia, desde que fosse honesto.
Quando chegou uma carta do quadro geral de adidos, Carlos ficou esperançado, mas. ao abrir a carta a desilusão foi total.
O seu processo não tinha sido aceite, uma vez que tinha sido nomeado como professor primário por um governo provisório em Angola e esse organismo não tinha qualquer valor em Portugal, embora a sua nomeação tivesse saído num boletim oficial da República Portuguesa. E mesmo que tivesse qualquer valor, teria de ter pelo menos três anos de ensino, o que não era o caso.
Com essa informação, Carlos ficou ainda mais preocupado e procurava a todo o custo, arranjar algum trabalho que fosse fixo.
Para agravar a situação, sua esposa tinha dado à luz, em 08 de Novembro de 1976, um menino. O parto tinha corrido bem, mas a criança tinha nascido com um problema num pé. Tinhas o pé boto.
Durante uma noite, ao ouvir as notícias no televisor da pensão, viu o pedido para alistamento nas forças de segurança.


                                         IXX Parte
Carlos estava farto de fardas, pois há pouco tempo atrás tinha sido militar no norte de Angola, mas viu ali, uma oportunidade de emprego estável que lhe permitisse fazer os tratamentos necessários ao seu filho.
No dia seguinte foi à esquadra da cidade pedir os papéis. Teve sorte. Como graduado de serviço, estava um subchefe que tinha vindo de Angola e que encorajou Carlos a seguir em frente.
Carlos meteu os papéis e aguardou.
Poucos dias depois, recebeu uma carta para se apresentar na Polícia para fazer provas.
Carlos fez as provas e dias de pois, recebeu outra carta para se apresentar em Torres Novas para fazer a recruta.
Carlos lá foi para Torres Novas. Se por um lado ia contente por ver a possibilidade de voltar a ter um emprego estável, por outro ia triste e preocupado por deixar a sua esposa com o filho apenas de dois meses de idade.
Em Janeiro de 1977 entrou finalmente para a Escola prática de Polícia em Torres Nova e depois da recruta foi colocado em Lisboa na Esquadra da Mouraria.
Sem conhecer Lisboa. Carlos preocupou-se em arranjar um roteiro das ruas da cidade e um mapa. Durante as horas de folga, percorria Lisboa a pé para conhecer melhor a sua zona de acção.
Em Lisboa, Carlos além do serviço normal de patrulha que durava seis horas, fazia também os chamados gratificados. Gratificados eram serviços particulares, feito para particulares, mas nomeados pela esquadra. Nomeadamente a casas de espectáculos, futebol, hospitais, etc.
O dinheiro que Carlos ganhava no seu serviço normal de polícia, era remetido para a sua esposa e Carlos vivia em Lisboa com o dinheiro que recebia dos gratificados.
Foram tempos difíceis, mas o mais importante era o seu filho ficar bom da perna, o que veio a acontecer graças aos tratamentos feitos no hospital Maria Pia no Porto. Hoje o filho de Carlos está completamente normal e até foi tropa.
Carlos não sabia nada sobre a sua família que tinha ficado em Angola, pais e irmãos. Mas como sabia o local onde eles estavam a residir na altura em que Carlos abandonou Angola, Carlos escreveu uma carta na esperança de receber notícias.
Um mês depois, recebe uma carta de sua mãe a dizer que o seu irmão mais velho e o seu pai tinham sido presos pelo MPLA. O irmão por ter sido tropa portuguesa e o pai pelo facto de não dizer que não sabia onde Carlos estava.
Os familiares de Carlos ainda estiveram presos três anos, no forte de S. Nicolau na província do Namibe e o irmão chegou mesmo a estar enterrado na areia da praia apenas com a cabeça de fora para ver se confessava ser da Unita. Mas como não havia qualquer acusação e depois dos negros naturais de Vila Arriaga dizerem que eram boas pessoas é que foram soltos, Mas mesmo assim, de vez em quando eram abordados com pedidos de víveres.
Como não eram autorizados a viajar para Portugal, depois de alguns anos, a família de Carlos consegue ir para o Brasil. Primeiro o seu irmão e um ano depois os seus pais e do Brasil vieram para Portugal.
Já em Portugal, a mãe de Carlos contou todo o martírio que eles passaram. O pai de Carlos com o Land Rover que tinha, fazia muito comércio com os indígenas. Ia para fora da cidade e trazia sempre leitões, cabritos e galinhas para vender na cidade e assim ia vivendo.
Para ser deixado em paz, a mãe de Carlos todas as semanas assava um leitão que era levado como prenda ao comandante do MPLA no Lubango, além de dar de comer a dois graduados cubanos.
 Foi assim que conseguiu a autorização para viajar para o Brasil.

sábado, 2 de fevereiro de 2013


             
  ANOS CONTURBADOS DE UMA ANGOLA EM MUDANÇA
                                                     XVI Parte
A cadelinha depois de ver a cobra morta sossegou, mas não deixou de gemer. Carlos pegou-a ao colo e procurou alguma ferida que ela pudesse ter.
Felizmente estava tudo bem com a cadela, que arriscou a sua própria vida para salvar os seus donos. Se a cobra entrasse na casa, certamente haveria alguém que seria mordido e, sem qualquer medicamento disponível, seria uma morte certa.
Dias depois, o exército sul-africano recebe ordens para sair de Angola. Foi novamente formada a coluna com os milhares de Angolanos estacionados em Pereira D’Eça e que de livre vontade quiseram abandonar Angola e, com a protecção dos sul-africanos, rumaram com destino desconhecido principalmente pelo pessoal angolano.
Nessa altura, Carlos mentaliza-se que iria abandonar a sua terra e começar uma aventura da qual não sabia o fim. Apenas sossegou a esposa dizendo:
- Tenho dois braços para trabalhar, uma cabeça para pensar e juventude no corpo. Fome, não havemos de passar. Vamos tentar ficar na Namíbia ou na África do Sul. Ficamos relativamente perto e talvez um dia se possa voltar para a nossa terra.
A caravana chamada de, os refugiados de Angola, Segui o seu caminho por terras da Namíbia, sempre com protecção da tropa sul-africana, nomeadamente o seu batalhão “Búfalo” que era composto por tropas da África do sul e mercenários, alguns oriundos de Angola e por tal motivo, falavam português.
Carlos foi apresentado por uma prima de sua esposa, a um desses militares de nacionalidade angolana. Esse militar era quem transmitia as ordens do comando sul-africano aos refugiados angolanos
.Ao cair a noite, a coluna fez uma pousa algures na Namíbia, onde foi montado um acampamento improvisado, junto aos carros e onde foi passada a noite. Logo pela manhã, foi retomada a marcha até Grootfontein.
Em Grootfotein deixaram os carros e toda a carga que traziam, num grande descampado. Aqui, o comando sul-africano informou que iríamos fazer uma viagem de comboio até Windhoek e depois seriamos enviados de avião para Portugal.
Quanto aos carros e toda a sua carga, seriam despachados por eles, também para Portugal, com destino a Lisboa.
Carlos falou com o militar amigo para ver qual a possibilidade de ficar na Namíbia.
O militar de nome Jhon disse a Carlos que isso não era possível, pois Carlos, embora fosse branco, tinha a pele morena e não era aceite pelos sul-africanos, cuja política praticava o apartheid e eram muito rigorosos.
Depois de uma longa viagem de comboio, onde Carlos sentiu a violência dos funcionários Namibianos, composta por homens da raça himba, conhecidos em Angola como Mucancalas, que tinham medo de poder haver qualquer fuga em por isso, não deixavam ninguém sair dos camarotes da composição férrea.
A cadelinha laica acompanhou sempre os seus donos. O pouco que eles tinham para comer, era também repartido pela cadelinha que viajou sempre dentro de uma sacola que a esposa de Carlos levava ao ombro.
Em Windhoek, foram todos dirigidos para um grande acampamento improvisado com barracas do exército sul-africano e foi distribuído ração de combate como alimento.
A água também era fornecida por autotanques do referido exército.
Dias depois, todos receberam ordens para se prepararem para a viagem de avião com destino a Lisboa. Apenas se podia levar o que coubesse numa saca de mão e tínhamos de abandonar os animais de estimação.
Carlos aflito com o que poderia acontecer à sua querida cadelinha, procurou o militar amigo e perguntou qual a possibilidade de a levar.
                                                   
                                                            XVII Parte
O militar foi falar com o seu comandante e pouco depois voltou e disse não haver grandes hipóteses, os controladores junto à porta de embarque estavam a revistar tudo e a recolher todos os animais.
O militar mostrou interesse em ficar com a cadelinha, pois gostou muito dela.
Carlos pois de falar com a família, resolveu entregar a laica ao militar que a levou, deixando Carlos e sua esposa com lágrimas nos olhos.
A família de Carlos aguardava na tenda a sua vez para o embarque.
Duas horas depois do militar ter levado a cadelinha, Laica apareceu na tenda. Vinha muito aflita e com uma corda ao pescoço.
Carlos fez-lhe uma festa e procurou sossega-la.
O sentido de orientação ou o olfacto, tinham levado a cadelinha até aos sons donos, encontrando a sua tenda no meio de milhares.
 Nisto, aparece o militar muito aflito. Vinha à procura da cadelinha que tinha roído a corda e fugido.
Carlos ainda tentou não entregar novamente a cadelinha e tentar arranjar uma maneira de a levar consigo.
Um vizinho refugiado que também tinha perdido o seu cão, aproximou-se e disse a Carlos:
 É melhor entregar a este senhor a cadelinha, pois ele vai cuidar dela. O meu não teve tanta sorte. Como ninguém o quis, vai ser abatido.
Ouvindo isto, Carlos entregou novamente a cadelinha e deixou a recomendação de que tivesse muito cuidado com ela, pois ela não podia engravidar e que não a tratasse como um qualquer cão, pois ela estava habituada a ter sempre muito carinho e amor.
O militar lá levou a cadelinha ao colo, fazendo-lhe festinhas na cabeça e desapareceram.
Carlos nunca mais viu a sua querida cadelinha.
Quando chegou a vez de Carlos e sua família embarcarem, Carlos viu junto à porta de embarque vários animais metidos numa jaula Com os olhos procurou entre eles a laica, mas não a encontrou ali. Nesse momento, convenceu-se que tinha tomado a melhor decisão, ao ter entregue a sua cadelinha ao militar amigo.
O avião depois de cheio, levantou voo, fez escala na Costa do Marfim e terminou a sua viagem em Lisboa, no aeroporto figo maduro.
A viagem de Carlos e os dias difíceis, não tinham acabado.
No aeroporto figo Maduro, em Lisboa, havia uma comissão com o nome IARN que era um Instituto de apoio ao retorno de nacionais, que ali se encontrava para receber os refugiados e dar o primeiro apoio.
 Depois de trocarem apenas cinco contos por pessoa, foi dado a escolher a Carlos um destino pré definido. Havia vagas nos hotéis em Lisboa e em Albufeira no Algarve.
A família de Carlos não conhecia nada de Portugal, mas sabia que o Algarve era mais quente que Lisboa e, como traziam pouca roupa de inverno, resolveram ir para Albufeira.
Depois de uma manhã inteira, sentados no chão, ao Sol, junto a uma parede do aeroporto, à espera do autocarro que os levaria para o Algarve, finalmente embarcaram.
Chegaram ao Algarve, nomeadamente a Albufeira, já de noite e foram para o hotel Rocamar.
Rocamar era um belo hotel. de cinco estrelas, junto ao mar e isso animou mais a família de Carlos. Pelo menos em Portugal não havia guerra e tinham algum apoio.
A vida no Algarve não estava a correr mal, pois tinham dormida e comida, mas e o resto? Quanto tempo aquela situação iria durar?