NEM TUDO É PRETO E BRANCO

A cor do teu olhar, forma o arco-íris da esperança,

No mundo a preto e branco onde minha alma se colocou,

Colhendo a verdade da mentira que ela criou,

Nessa incerteza da certeza sem ter confiança.

Abrir a janela, não é bastante para se ver,

Nem para sentir o calor desse olhar que me conforta,

Reacendendo essa chama que já se encontrava morta,

No pesadelo da vida sem o seu florescer.

Neste querer e sofrer que a todos um pouco alcança,

O florir colorido do olhar que quero desejar,

Reforça a esperança de um dia te poder beijar.

É nesse calor que minha alma ganha a confiança,

P’ra deixar este mundo a preto e branco onde se encontra,

Procurando seguir o arco-íris que a esperança mostra.

Carlos Cebolo

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SOLTA-SE A ALMA

A coberto da ilusão,

Solta-se o pensamento no suave vento,

Sentindo-se a sensação,

Sem se ouvir um só lamento,

Nesse arrebate puro do coração.

Às vezes em sonho triste

Parece haver viagens indetermináveis,

Que o próprio sonho assiste,

Nos momentos instáveis

Onde se encontra a alma que a eles não resiste.

São momentos de aflição,

Pesadelos que parecem não ter fim,

No apertar do coração,

Que se mantém preso assim,

A um corpo sem alma na sua ilusão.

Carlos Cebolo

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PENSAMENTO

Não há sorte que ilude o pensamento,

Não há sina, sem morte da ilusão,

Não há vento que carregue o lamento,

Nem raízes cortadas sem emoção.

Na tristeza e alegria há pensamento,

Guardado e selado na confissão,

No azar não há amor, só o momento

Que se sente, entregando o coração.

O pensamento produz emoções,

Sentidas entre os restos de uma saudade,

Que o próprio tempo, transforma em ilusões.

Não há serra, não há foice que corte,

Essa raiz forte da mocidade,

Nem a vida retracta a própria sorte.

Carlos Cebolo

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OLHAR COM O PENSAMENTO

Tão abstracta é a ideia do Ser,

Minha sombra grudada em mim,

Nesse fixo olhar sem te ver,

Percuto a imensidão sem fim.

Olho-te sempre com o pensar,

Ver teu corpo do meu, distante,

Sem o sabor do teu beijar,

Triste sofrimento constante.

Nessa ilusão da sensação,

Sentida apenas entre sonhos,

Segredados em confissão,

Onde se encontra esse Ser tristonho.

Sem gesto ou cor neste sonhar,

Com olhar triste e silencioso,

A sombra adianta o seu andar,

E deixa o corpo vagaroso.

Carlos Cebolo

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ENTREGA-TE A MIM

Entrega-te a mim!...

Delírio de amor sentindo o desejo,

Numa noite sem fim,

Aquele quente beijo,

Calor perfumado do meu jardim.

Fénix renascida,

Canta ao meu ouvido um cântico louco,

Cantar de bandida,

Vai sabendo a pouco,

Este amor bandido na despedida.

A dor que não mente,

Nesta loucura do nosso segredo,

A vida consente,

Todo este degredo,

Nova paixão de amor independente.

Entrega-te assim,

Nas asas do sonho, paixão antiga,

Como rosa e jasmim,

Ser mais que uma amiga,

Tira o desassossego dentro de mim.

Carlos Cebolo

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SENTIR DA VIDA

No ser e não ser,

Não serei ninguém!...

Sou o homem do tempo sem tempo,

Do tempo que me ensinou a amar a vida,

Vencer a derrota e renascer,

Ir sempre um pouco mais além,

Contornar todo o contratempo,

Festejar sempre a vitória conseguida.

Com optimismo e perseverança,

Acreditar nos valores da humanidade,

Remover os pensamentos negativos,

Procurando a felicidade.

Na mulher mãe, manter a confiança

E como bandeira, propor a moralidade,

Com seus sentires presentes e activos.

Nas duas faces da vida,

Escolher a positiva,

Na condição de Ser humano, aceitar as limitações,

Retirar as pedras do caminho.

Vencer a dificuldade sentida,

Manter sempre uma vida activa,

Apreender todas as emoções

E no amor plantar todo o carinho.

Carlos Cebolo

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NUVEM PASSAGEIRA

Nuvem passageira que esvoaça,

Tingindo de cinza o firmamento,

E tão baça transporta a desgraça,

De tão vago e triste sentimento.

Também baixa vai essa intuição,

Como baixo vai o sentimento,

Vazio de qualquer sonho vão,

Que queira fluir no pensamento.

E se em dias se quer recordar,

Essa escura nuvem sem sentido,

Noutros dias, deixa de sonhar,

Por ter este coração despido.

Carlos Cebolo

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NAMORAR

Na curtição da juventude imposta pelo coração,

A flor do sonho surgiu assim:

- Divina na apresentação perfumada do amor,

 Ensinando sonhos na vivência de nova emoção,

Perfume de rosas com suas pétalas de cetim,

Cheia de paixão, apresentando a sua cor.

Namoro sentido sem se fazer qualquer julgamento,

Momentos, horas, dias passados sem fim,

Naquele encanto de fazer e sentir muito carinho,

A felicidade sentida e vivida no pensamento

E sem se saber porquê, enamorados ficamos assim,

Surgindo na separação, aquele soluçar bem mansinho.

De olhos fechados, entregando os nossos corações,

Na delícia do primeiro furtivo beijo roubado,

Naquele olhar, sem falas, vivemos o nosso amor,

Sentindo no belo momento, grandes e ricas emoções.

Passastes a ser minha e eu, teu feliz namorado

E como flor nascida em noite sem calmaria, não sentimos temor.

Carlos Cebolo

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ROSA PARA O MEU AMOR

Entre os espinhos de uma roseira,

Surgiu assim, bela e trigueira,

Lindas pétalas de sede fina,

A flor rainha, flor menina.

Chamaram-te rosa florida,

Breve natureza sentida,

Serena na sua realeza,

Interior de grande beleza.

Cantam teu nome em liberdade,

Poetas na sua lealdade,

Encanto de grande esplendor

Que associa a cor ao amor.

E num suspiro de saudade,

Impõe beleza e serenidade,

Breve vida na natureza,

Ao mundo impõe sua beleza.

Nesse recanto do jardim,

Colhi rosas para o meu amor,

Da cor do amor, lindo carmim,

Ofereço-te a linda flor.

Neste dia dos namorados,

Esse cupido da confiança,

Com seus feitiços encantados

Traça a sina com esperança.

Carlos Cebolo

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TU E EU

Mar revolto em areia suave,

Uma centelha em lume brando,

A cigarra no verão cantando

E o inverno que se torna grave.

A lua e noite em céu estrelado,

O sol ardente do verão,

O sorrir do meu coração,

Com o teu desejo guardado.

Água e a sede nessa pureza,

O doce amor que nos inflama,

Como o lume ama a sua chama,

Nosso amor floresce em beleza.

Tu e eu no nosso degredo,

Fundindo nossos corações,

Entre preces e confissões,

Guardamos o nosso segredo.

Carlos Cebolo

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ENSINAMENTO DA VIDA

Com a vida, aprendemos como viver,

Fazer algo que ainda não se fez,

Com a intensidade vivida e querer,

Gota a gota, sentir a embriaguez,

Desse doce amor que o tempo maltrata

E que a saudade da distância mata.

O teatro da vida não tem ensaios,

Nem se ouve aquele caloroso aplauso,

Da plateia com fingidos desmaios,

De uma histeria caída em desuso.

Vida é p’ra ser vivida com prazer,

Nunca pensar, poder vir a sofrer.

Com o errar, também se aprende na vida,

Perder a noção do certo faz parte,

Da vivência que se quer divertida.

Vivendo esse amor com engenho e arte,

Buscando a perfeição que não existe,

Num amor que nunca se torna triste.

Na mudança, mude-se p’ra melhor,

Nunca deixe se ser quem foi e é,

Não dê o coração como penhor,

Na humildade, encare a vida com fé.

A felicidade é sempre a sua essência,

Lute e trabalhe a vida com paciência.

Carlos Cebolo

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À NOITE

No silêncio que encara a vida,

Quem não conhece quer tentar

E seus fantasmas desenterrar,

Impondo o ritmo para a partida.

P’ra desvendar o seu abismo,

Sem saber com quem vai falar,

Fecha os olhos nesse sonhar,

Enfrenta a noite com optimismo.

E no vislumbre entre os melhores,

Na angústia que não quer sentir,

Abre a guarda sempre a sorrir

Ao perigo que está a emergir.

Pela altura do seu mistério,

Entre a hora e essa embriaguez,

A sorte deixou de ter vez,

Reina o escuro naquele império.

Carlos Cebolo

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AMOR

Amor, é querer por inteiro,

Na clareza do próprio dia,

Sentir que tudo é verdadeiro,

Com toda a energia e alegria.

É querer-te solta como o vento,

É poder dar, receber e guardar,

Respeitar todo o consentimento,

Na conjugação do verbo amar.

Amor, é força sentida na emoção,

È um abraço forte na protecção,

É mostrar o futuro no presente,

Traçar um sorriso na face ardente.

Amor, é acompanhar na solidão,

Deixar fluir o belo sentimento,

É dar e sentir com o coração,

É estar presente no mau momento.

Amor, é respeitar a desigualdade,

Lutar e vencer o preconceito,

Reprimir da sua mente a maldade,

Promover a vida e o respeito.

Amor, é dar esperança à vida iniciada,

É acarinhar a vida na triste enfermidade,

Eliminar as diferenças existentes no nada,

É dar a mão ao sentimento da verdade.

Amor, é lutar contra o preconceito da cor,

È acabar com as barreiras na humanidade,

È sorrir e fazer sorrir no combate da dor,

Ajudar o amigo sem pensar em caridade.

Amor é imortalizar o momento,

Entrega total na união,

Chamar a si o sofrimento,

Abraçar o próximo com o coração.

Carlos Cebolo

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MUNDO A MEU JEITO

Se pudesse moldar o mundo a meu jeito,

Liberdade no encanto sem o padecer,

Espinhos, pedras retidas num só leito

E em toda a parte, o amor poder florescer.

Poder soltar as rédeas do suave vento,

Libertar os espinhos de tão bela flor,

Os suspiros de amor, tendo o seu momento

E cantar todos os hinos em teu louvor.

Pintar um lindo arco-íris de poesia,

Dizer ao Mundo o que é o verdadeiro amor,

Pensadores e poetas cantando alegria.

Moldar o mundo só para te poder ter,

Cortar os atalhos e caminhos da dor

E fazer de novo esse amor florescer.

Carlos Cebolo

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A VERDADEIRA AMIZADE

O desconhecido só o é, enquanto não se apresenta!...

Depois, deixa de o ser, mas não será ainda amigo!

Apenas conhecido por já ter sido visto da primeira vez.

A amizade é muito mais do que ser visto,

É poder contar que na hora certa, não se ausenta

E que na alegria ou na tristeza estará sempre contigo,

Sem medo de te chamar a atenção, quando cometes sensatez,

Ou quando te ausentas, sem aviso e motivo previsto.

A amizade vai muito para além da distância

E tem no conhecer, a sua essência primeira,

No sentir, no conhecer, a amizade se fortalece na pureza

E o laço de união é elo seguro e permanente.

Juntos, talham e seguem os caminhos da consciência

E em qualquer momento a atitude é verdadeira,

Sem interesse, sem dúvida, tudo é e será sempre certeza,

Como certo é ser triste, quando o outro não está contente.

No conhecer, a aceitação das indiferenças, dos defeitos e qualidades,

Na verdadeira amizade não há reserva de segredos

Nem segredos desvendados e a solidão nunca terá a sua vez,

Fazendo com que a esperança seja sempre constante.

Mesmo sabendo que magoa, afasta as mentiras, dizendo as verdades,

Liberta da sua mente todos os fantasmas e os seus medos,

Ilusões, sensações de conflito e qualquer outra insensatez,

Ficando sempre perto, mesmo quando se encontre distante.

Carlos Cebolo

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ANJO SOLIDÃO

Na esperança de vir a encontrar

Aquele amor que sente e procura,

Anseia neste seu caminhar,

Os tremores da própria loucura.

Andar perdida num vai e vem,

Procurando entregar seu carinho,

Caminha só, por não ter ninguém

Que a acompanhe nesse seu caminho.

Coração triste no seu sentir,

Com o olhar seco naquele chorar,

Os lábios que procuram sorrir,

Seu corpo aberto a querer amar.

Vai em busca do seu grande amor,

Num rasto traçado na incerteza,

Mostra triste, aquela sua dor,

E no ar, lança a sua beleza.

Carlos Cebolo

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O SENTIR DA SAUDADE

Por entre os frios e tristes escombros da hora,

Nesse Mundo estrelado de coisas ocas,

Vejo num cinza céu interior ainda surdo,

O crepúsculo renascente onde a alma chora,

Com os grotesco gestos de várias bocas,

O som triste que no Mundo se faz mudo.

Ao meu redor, vejo aquele Mundo imperfeito,

Buraco negro com apetite profundo,

Onde o teu grito se esconde em veste escura,

Com a sua fraca sintonia a preceito,

Fecha a porta que te leva ao outro Mundo

E sinto na boca essa horrível secura.

Sinto aquela saudade no pensamento,

De te querer novamente ver e beijar,

Fazendo regressar todo aquele passado,

No meu corpo, retido com sentimento

Profundo e doce, esse nosso caminhar

Que se torna cada vez mais desejado.

Saudades! São saudades que sinto assim,

Da amizade que partiu e me deixou

Com esse sentimento de não te ver

Nem sentir esse materno amor em mim,

Que em horas difíceis sempre me embalou

E me fez sentir, como é belo viver.

Carlos Cebolo

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SAUDADES

Se um dia te bater a saudade,

Voa com o tempo e com o vento,

Atravessa o mar em tempestade,

Deixa fluir o teu sentimento.

Procura o lugar onde nasceste,

A linda cidade e a sua serra,

Com a devoção que sempre tiveste,

Um velho período que se encerra.

À Senhora do Monte, oferece flores,

Ao Cristo rei um olhar de saudade,

Dessa linda Chela, os seus odores,

Nesse voar de pura liberdade.

Daquela fenda da enorme vala,

Sorve esse odor da manga madura,

Odores daquela linda Bibala,

Mamão, goiaba e sua doçura.

Carlos Cebolo

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