PEQUENOS MOMENTOS

Coisas pequenas por vezes bastam,

Bastam pequenos gestos de amizade,

Descobrir toda a pequena verdade,

Os pequenos momentos que encantam.

Chamo-te para que venhas comigo,

Descobrir as montanhas do instante,

Percorrer esse caminho distante,

Sozinho será triste e não consigo.

Vamos desmanchar todas as marés,

Juntos viver esses belos momentos,

Desvendar segredos do pensamento,

Mostrar o que sou e como tu és.

Coisas pequenas por vezes bastam,

Um pouco de tudo e compreensão,

Pequeno gesto ao pegar tua mão,

Os pequenos momentos que encantam.

Carlos Cebolo

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PERSEGUIÇÃO

Caminho sem sentido e sem esperança,

No perder, a sorte não acompanha,

O esforço feito de força tamanha,

Por onde não se sente tal mudança.

Nem sempre alegre, me sinto contente,

E o mal maior será sempre esse mal,

Que na alegria mostra seu sinal

E na tristeza muito amiudamente.

E assim vou levando este meu tormento,

Que na memória se encontra escondido

E na vida, mostra o seu esquecimento.

Sem o teu louvor, perco essa esperança,

Que na memória revejo perseguido

Do mal que provocou esta mudança.

Carlos Cebolo

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NADA TEM FIM

Tudo é infinito!... Nada tem fim.

Meu sofrimento, angústia e amor,

Todo encanto, essa Natureza e a flor

Que nasce, cresce e embeleza o jardim.

Fúria das chamas, a raiva dos ventos,

Transforma meu sonho nesse infinito

Sem fim, de tudo aquilo que acredito

E que transforma todos os sentimentos.

O amor, o grande motor do infinito,

Átomos em fúria nessa formação,

Colocam teu Mundo na tua mão
E o que é feio, se torna mais bonito.

Conjugação de factos desta vida,

Onde a juventude não tem idade

E o espírito comanda essa realidade

Tornando essa vida mais divertida.

Tudo é infinito!... Nada tem fim.

Coração aberto na força do amor,

O elixir que controla toda a dor,

Magia que toma contra de mim.

Carlos Cebolo

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ESTE TEMPO MARCA O PASSO DA VIDA

Este tempo marca o passo da vida,

O corpo velho na sua aparência,

Tem alma jovem com muita experiência,

Entre sonhos e alegria sentida.

No reflectir da imagem, vejo em mim

Aquele poder que me solta da mão

Que me faz viver noutra dimensão
E prolonga este princípio do fim.

O envelhecer também pode ser saudável,

Saudável como foi a juventude,

A juventude que este tempo ilude.

Aquele projecto na vida admirável,

Guardado esperando outra ocasião,

Com a idade, faz pulsar seu coração.

Carlos Cebolo

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FALÉSIA

Altos e baixos, picos elevados ao céu,

No alvoroço das ondas, o chamamento

Nesse presente instante onde tudo é nada,

Só o orgulho continua a ser meu,

Assim como meu também é o tormento,

Daquele tardio chegar da alvorada.

Do que não tenho, só a liberdade

Reclama daquele incessante não

E enfrenta o chamamento do mar.

As rochas negras mostram a intensidade

Naquele sentir de pura solidão,

Ouvindo as gaivotas no seu rodopiar.

A falésia transporta a sua dor

Para além das ondas na rebentação,

Deixando ouvir esse seu eco estranho

E essa constante carência de amor,

Que a rocha sente nessa triste união,

Querendo ser mais que o seu próprio tamanho.

Carlos Cebolo

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IMPERFEIÇÃO

Não existem flores no jardim,

Teu corpo num inverno agreste,

Escondido ficou de mim

Todo esse amor que não me deste.

Nada implora a tua vontade,

O sorriso com que amavas,

Também se perdeu com a idade

No caminho por onde andavas.

Nuvem cinzenta fugidia,

Na memória existente em mim,

Faz da noite esse eterno dia,

Folhas secas do meu jardim.

E o gozo sonhado foi sonho,

Iluminando as cores da mente,

E o passado outrora risonho,

Deixou a vida decadente.

O segredo é apenas momento,

No viver de uma realidade,

Onde as flores sofrem o tormento

E o jardim esconde essa verdade.

Carlos Cebolo

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SOM DA POESIA

E na suave lira te oiço tocada,

Numa doce rima de som perfeito,

O chorar dos anjos em voz velada,

Nesta tristeza que trago no peito,

Os sons tristes da poesia cantada.

São os sons da alegria e da tristeza,

Na ponta da pena que a escreveu,

Em traços puros de realeza,

Que pelo triste Mundo se perdeu,

Sem de nada, nunca ter certeza.

E canta-se em alvíssaras divino,

A triste alma da música que encanta,

Com todo o seu profundo desatino,

A doce poesia que se levanta,

Entre os sons tirados de um violino.

Não existe música sem poesia,

Nem o amor seria tão bem cantado,

No imaginário de pura magia,

Com este desassossego lembrado,

Que transforma a tristeza em alegria.

Sons da poesia na sua pureza,

Que cantam os amores revirados,

Neste presente cheio de incerteza,

Que na poesia são sempre lembrados,

Em sons erguidos da própria tristeza.

Carlos Cebolo

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