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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sábado, 29 de dezembro de 2012



    ANOS CONTURBADOS DE UMA ANGOLA EM MUDANÇA
        (Baseado em factos reais da vida dos chamados retornados, vividos pelo autor)
                                             I Parte

Carlos nasceu em Angola, filho de pais angolanos, mas descendente de avós portugueses. Não todos. Como outras famílias existentes em África, o avô paterno e materno eram naturais de Portugal, mas as avós já tinham nascido em Angola, filhas de colonos portugueses.
            A família de Carlos sempre viveu no Sul de Angola. Não sabiam nada de política e apenas se preocupavam em desenvolver a sua terra e dela tirar o proveito necessário à sua vivência diária.
            De Angola, sabiam que era uma província de Portugal.
            De Portugal, apenas sabiam que era um pequeno país da Europa e que era vizinho da Espanha. Mais nada sabiam nem se preocupavam em saber!
Em 1961, tinha Carlos dez anos de idade, quando ouviu o pai falar com os amigos, que tinha havido uma revolta no norte de Angola.
            Carlos ouviu o seu pai falar em mortes e isto aguçou-lhe a curiosidade. Procurou ouvir mais, mas o seu pai e os amigos, saíram de sua casa e foram para o clube local. Apenas ouviu seu pai dizer para a sua mãe, que ia para uma reunião com o Administrador.
            O pai de Carlos tinha um mapa de Angola no seu escritório e Carlos, aproveitando a saída do pai, dirigiu-se ao escritório e pôs-se a observar o mapa.
            Sabia que Luanda, a capital da província era no norte, pois estudava isso na escola, na disciplina de geografia. Por isso, em primeiro lugar procurou Luanda.
            Depois de muito procurar, lá encontrou junto ao mar, um ponto preto e junto a esse ponto estava escrito Luanda.
            Ah!... Disse para si:
- Se Luanda é aqui, então o norte também é aqui.
            Procurou na zona junto a Luanda o nome da sua terra, mas não encontrava.    Depois de pensar um pouco, lembrou-se que a sua professora dizia que eles viviam no Sul e que a Vila onde viviam, se chamava Bibala e pertencia ao distrito de Moçâmedes, embora se situasse mais perto do Lubango.
            Com essa informação na cabeça, correu o seu dedo pelo mapa abaixo e lá no fundo, encontrou outro ponto preto que dizia Moçâmedes.
            Procurando naquela zona o nome Bibala, não encontrou nada parecido.
            No dia seguinte, durante a aula de geografia, Carlos perguntou à sua professora:
-Senhora professora. O meu pai tem um mapa de Angola no seu escritório e eu andei à procura da nossa Vila mas não encontrei Bibala. Pode-me mostrar no mapa da escola onde fica Bibala?
            A professora respondeu:
- Muito bem Carlinhos, vejo que andas a estudar geografia. Fico muito contente. Então vamos lá ver o mapa. Anda cá e mostra o que encontraste.
Carlos foi junto ao quadro preto, onde se encontrava o mapa pendurado e apontou o ponto preto que dizia Moçâmedes e disse:
-Senhora professora, aqui é Moçâmedes não é? Mas Bibala não está cá?!...
A professora riu-se, acariciou a cabeça do aluno e disse:
-Muito bem Carlinhos. Aí é Moçâmedes e não encontras Bibala porque no mapa está escrito o outro nome da nossa Vila. Ora procura Vila Arriaga?
Continua

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