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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013



               ANOS CONTURBADOS DE UMA ANGOLA EM MUDANÇA
                                                      II Parte
Carlos olhou para o Mapa e pouco depois disse: Está aqui. Vila Arriaga é este pequeno ponto junto a esta serra.
A professora então explicou:
- Pois bem meninos. A nossa vila chama-se Vila Arriaga, mas o concelho chama-se Bibala. Há mapas que trazem o nome dos concelhos, mas outros apenas trazem o nome das cidades e vilas mais importantes. É este o caso. Mas o mais importante é vocês fazerem como o Carlinhos. Ao procurarem o nome das cidades e vila no mapa, estou a estudar a sua localização e isso é muito importante. Quando forem para casa ou mesmo aqui durante o recreio, estudem o mapa e vão ver que encontram muitos nomes de terras que pertencem a Angola, mas que não conhecem. É uma boa forma de se estudar geografia.
Os colegas de Carlos, entusiasmados com a ideia, faziam jogos.
Lurdes foi a primeira a perguntar aos colegas:
Ora vejam lá, onde está Benguela?
E todos se puseram a ver no mapa para ver se encontravam Benguela.
O jogo continuou, sempre com a procura de nomes novos.
Só o Carlos, não entrou na brincadeira, estava mais preocupado em saber qual a distância entre o norte e o Sul.
Queria saber se o massacre que ouviu o seu pai falar com os amigos, ficava perto ou longe. E o que na realidade se tinha passado.
No fim das aulas, depois de todos terem saído, Carlos que se tinha deixado ficar para último, virou-se para a professora e perguntou:
Senhora professora. Por favor diga-me se o Norte é perto daqui.
A professora sem suspeitar de nada, respondeu:
- Carlinhos, o norte é muito grande e é muito longe daqui. Mas porque queres saber?
Carlos, encheu-se de coragem e disse à sua professora.:
- Senhora professora, ontem à noite, ouvi o meu pai conversar com o meu tio Fernando e com o senhor Simões e diziam que no norte tinha havido uma revolta e que tinha morrido muita gente.
A professora que sabia o que se tinha passado, pois também ouvira as notícias dadas pela rádio católica, apressou-se a sossegar o seu aluno, dizendo:
-Não te preocupes. O norte é muito longe daqui e o que lá se passou, foi apenas uma revolta dos trabalhadores contra os patrões. Mas não foi nada de grave. Não houve mortes como dizes. Com certeza ouviste mal e confundiste morte com norte.
Vai para casa e estuda. Não te preocupes que isto passa.
Carlos foi para casa, mas não ia convencido. Tinha a certeza de ter ouvido o seu pai falar em massacre e catanas e uma tal UPA.
Quando chegou a casa, arrumou a pasta da escola e foi para o escritório do pai a estudar o mapa e ver se descobria algo mais.
 Sempre que o rádio do pai que se encontrava no escritório sempre ligado, dava notícias, Carlos ficava com muita atenção para ver se ouvia algo mais sobre o norte e o massacre.
 Mas nada. O senhor do rádio não falava nada sobre o tal massacre.
 Durante o jantar, viu que o seu pai comia à pressa, o que não era normal.
 Depois do jantar, o seu pai vestiu um casaco e saiu com a arma de caça que tinha. Uma caçadeira de dois canos e um cinto com cartuchos.
Carlos perguntou à mãe:
- Mãe onde é que o pai vai com a arma?

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