SIMPLICIDADE
Povo humilde, pastor,
Sem vaidade e com moral,
Da sua casa faz seu curral.
Da terra se tornou senhor
E no kimbo tem seu valor.
Lá recebe toda a gente,
Com a amizade que sente.
Cultiva a terra com mestria,
Colhe o que o tempo lhe dá,
Enquanto semeia o seu cará.
Espera a chuva já tardia,
Mas traz no rosto a alegria.
Seu corpo dá de presente,
Sempre alegre e sorridente.
No sexo não vê maldade.
É fruto da mãe natureza,
Que em tudo acha beleza.
Na velhice sente saudade,
Da sua doce mocidade.
Quando recorda fica contente,
Com lembrança da sua gente.
Com carinho trata o animal,
Como família do seu rebanho
E com ele toma o seu banho,
Na cacimba aberta no areal,
Sem ver aí qualquer mal.
Não procura ser diferente,
E por bem, tudo ela consente.
Seu corpo esbelto e tentador,
Tronco nu, seios a descoberto,
Sem vergonha, acha estar certo.
Vive a sua cultura sem pudor
E ao Mundo só mostra amor.
Humilde mostra o que sente,
No carinho por toda a gente.
Também sofre com dores,
Sempre fechada na cubata
Os remédios, recolhe na mata.
Da natureza cheira os odores,
E os feiticeiros são doutores.
Tudo o que a sua mente sente,
Com a sua vida fica contente.
Povo humilde, pastor,
Simplicidade sem limite,
No seu gesto, o convite.
Sempre que quer amor,
Mostra não ter pudor.
Povo de sangue quente,
Fala o que a alma sente,
Carlos Cebolo
Léxico: Kimbo = Aldeamento rural
Cara =
Batata doce
Cubata =
Cabana
Feiticeiro = Curandeiro
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