HORA MORTA
Plácidas horas da madrugada,
Em que lento, lento vai o tempo,
Sonolência da vida arrastada,
No pesadelo do contratempo.
O minuto se assemelha à hora,
Desse tempo perdido e fútil,
Que a alma, o seu próprio corpo ignora,
Pensar que deixou de ser útil.
E estando de si próprio ausente,
No tão divinamente pensar,
O desassossego que a alma sente,
Na hora oca que não quer passar.
Como náufrago em mar aberto,
Corpo perdido em sono profundo,
Desperta a alma a perigo descoberto,
No limiar de entrada doutro Mundo.
E nesta persistente morta hora,
Como a espuma que na areia morre,
Vinda duma onda do mar que chora,
A triste alma que para o corpo corre.
Um forte sentido assim presente,
Sossega a alma no seu doce leito,
Limpa das mágoas que o corpo sente,
No traçar da sina a seu preceito.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
Sem comentários:
Enviar um comentário