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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 


REGRESSO AO PASSADO

 

Sonhei que era ainda aquela criança,

Alegre, corria pelo Sertão,

Entre cubatas perfeitas de nada,

Brincava e corria com confiança,

Na terra vermelha daquele cantão,

Terra linda por Deus abençoada.

 

Nos campos sulcados em desalinho,

Brincando e cantando nessa poeira,

Com os companheiros da minha infância,

Com um pau a fazer de cavalinho,

Pulava e corria na brincadeira

E nos amigos tinha a confiança.

 

Cresci na simplicidade da vida,

No meu pescoço, a fisga pendurada,

Nos bolsos, arredondadas pedrinhas,

No coração a amizade sentida,

Sempre atento numa grande caçada,

Com os olhos postos nas folhas verdinhas.

 

Simples amigos, com a pele de outra cor,

Companheiros da minha juventude,

Lado a lado, sem qualquer distinção,

Na terra vermelha, sentindo amor,

Crescíamos juntos com essa atitude,

Angolanos com a mesma condição.

 

Sempre cultivamos essa igualdade,

Ser irmãos, nascidos na mesma terra.

Aquele povo humilde a quem dava a mão,

Que me recebia com amizade,

Até ter aparecido essa guerra

Que talhou fissuras na bela união.

 

Hoje, ainda pergunto ao Senhor do tempo,

Por esse irmão que comigo viveu.

O tempo responde-me com um lamento

E entre o compasso devido ao tempo,

Diz-me que meu irmão já faleceu,

Levando essa infância no pensamento.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

 


O CORRER DO TEMPO

 

Já não receio uma vida de medos,

As palavras têm a justa medida,

A vida segurei-a entre dedos,

Na corrida onde não houve partida.

 

Distingo as coisas na exata medida,

Cada vida vive-se de uma só vez

E de repente chega a tal partida,

Desta vida que aos poucos se desfez.

 

Impúdica será a minha mente

E por ser apenas um Ser vivido,

Sinto o incerto de um tempo que não mente.

 

Desnuda-se a vida em pequeno instante,

Nesse sazonal tempo já sentido

Que nesta vida se tornou constante.

 

Carlos Cebolo

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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

 


NADA É ETERNO

 

Nessa pequena força do esquecimento,

Surge a hercúlea vontade de vencer

E não é o desígnio do sentimento,

Força tamanha do meu padecer.

 

Se posso esquecer todo o meu passado,

Lembrando momentos da mocidade,

Vou buscar esse tormento guardado,

Para atingir a minha felicidade.

 

Se passos foram dados na inocência,

Daquela juventude que sonhou,

Guarda o tempo toda essa consciência,

De uma felicidade que não brotou.

 

Afinal, nada no mundo é eterno,

Nem mesmo aquele amor que foi vivido,

Com o tempo, esse céu se tornou inferno

E todo passado não foi esquecido.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 


SUSPIRO DO VENTO

 

Sente-se o suspiro do vento,

O vento traz a mudança,

No assobio o sentimento,

No tempo a desconfiança.

 

Rasgou-se as vestes da vida,

Sentiu-se aquela nudez,

Não se fez a despedida,

E esse querer não teve vez.

 

E perdeu-se a juventude,

No terramoto vivido,

De uma forma assim tão rude,

Deixou-se o país querido.

 

Tudo por lá foi deixado,

Na aflição desse momento,

Só o amor ficou guardado,

Bem fundo no pensamento.

 

Hoje em forma de lamento,

Recorda-se esse passado,

O país de nascimento,

Para sempre será lembrado.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 


MESMA ROTA

 

Voa o pensamento para aquela terra,

A terra que deixei para além do mar.

Por lá, a vontade por mim espera,

Nessa esperança do ser e do sonhar.

 

Minha Angola tão rica, na pobreza,

Vários povos no seu encantamento,

Por essa alegria vive-se a tristeza,

Do filho Pródico com sentimento.

 

Essa Angola e suas contradições,

Onde o povo sonha estando acordado,

Esperando por outras condições

Mas sem ver, outro qualquer resultado.

 

Muda o tempo, sem mudar a saudade,

Espera o povo, a terra prometida,

Muda o poder, mantem a desigualdade

E o povo sofre da mesma ferida.

 

Carlos Cebolo

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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

 


A NUDEZ DA LUA

 

A noite despe-se do luar,

Escurecendo o próprio mar.

Ouve-se um silêncio de loucura,

Corpo de mulher, sua doçura,

Nesse desejo de ser sentida,

Num amor presente na vida,

Os sentires da própria mente,

Na magia que o corpo sente.

 

Sintomas sentidos no amor,

São pinceladas na alma sem cor.

Alma em constante desatino,

Numa mente sem ter destino,

Noites escuras à luz da vela,

Onde o próprio amor se revela,

Amando a vida intensamente,

Na liberdade que a alma sente

 

São cores e aromas em plena lua,

Beleza que se apresenta nua,

Nesse arco-íris cheio de cores,

Bons amantes e seus amores,

Nessa volúpia do movimento

Que o segue desde o nascimento,

Nessa ânsia que o corpo consente,

Com o intenso luar, sempre presente.

 

Néctar do amor de uma união,

Sente-se na ternura a paixão,

A dor da flor no chão perdida.

Mulher com sua alma dorida,

Sem perder o aroma da rosa,

Ouve essa melodia em prosa,

Triste encantamento presente,

Daquela loucura envolvente.

 

São vestes de um azul veludo,

Que perdeu a cor no olhar mudo,

Nessa miragem da ilusão

Que reacendeu sua paixão.

Foram sonhos de uma saudade,

Todos os tempos da mocidade,

Da estrela que ficou cadente,

Mas mantem corpo e alma ardente.

 

CARLOS CEBOLO

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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

 


DESGOSTO

 

Como o poeta também eu já sonhei,

Sonhei com esse tempo que passou,

Dei de tudo um pouco e nada sobrou,

Nem mesmo a areia dos passos que dei.

 

Relembro cada pedaço vivido

E o fantasma do passado chegou.

Com ele, todos os pedaços levou

E o desejo de ter não ficou perdido.

 

Fere a saudade, o meu vincado rosto,

Carícias desse toque de viver

E por ti sinto este meu padecer

Que esgota na dor, todo o meu desgosto.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

 


DOCE QUIMERA

 

Todo o desejo tem seu sabor,

Esse suor do corpo que esfria,

Tentação de beijar a flor,

A vida que se desafia.

 

Sente-se esse delírio abafado,

Volúpia dos ais desse prazer,

O corpo fica arrepiado,

Versejar de intenso viver.

 

Loucura comanda a saudade,

Todo esse tempo é primavera,

Sente o corpo outra mocidade

E o amor será doce quimera.

 

Carlos Cebolo

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

 


OUTRA DIMENSÃO

 

Cabe o mundo inteiro no meu olhar,

São as tristes voltas do meu sentir,

Os meus sonhos, antes do despertar,

Mesmo que o meu corpo esteja a dormir,

Na rotação perfeita do sonhar.

 

No teu rosto vejo a linda nascente,

Nas tuas faces essa mancha rosa,

Sinais dos tempos que a vida consente,

Ouvindo o meu poema em verso ou prosa

Que esse sinal do teu corpo não mente.

 

Longe sinto as ondas do pensamento,

Colho angústias e mágoas do teu Ser

E alimento a esperança desse momento,

Na vontade de um novo renascer,

Cavalgando a onda do sentimento.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

 


                   O POEMA

      “DO PRINCÍPIO AO FIM”

 

Sem pressa, consciente e devagar,

Na palavra procura-se a rima,

Do princípio até o acabar.

 

Para o centro dele, chama o amor,

De verso em verso, de baixo a cima,

Invoca-se a tristeza e essa dor.

 

O poema devagar vai surgindo!

Junta-se adjetivos e emoções,

Sentimento que se vai fingindo.

 

Para trás, deixa-se a realidade,

O desassossego dos corações,

Invocando a antiga mocidade.

 

Surge o poema que quer acabar

E retira-se as contradições

Mas o poema vai querer continuar.

 

Carlos Cebolo

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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

 


VIDA CONTIDA ou CASULO OCO

 

Sinto esse silêncio que dói,

Vida retida de cansaço,

Do que é e o que já foi,

A Mágoa de um triste fracasso.

 

O fracasso de um fim de vida,

Olhos sem vida na tristeza,

Adivinhando essa partida

E os tempos áureos de beleza.

 

Essa imobilidade absorta,

No corpo que o tempo levou,

Deixando essa consciência morta,

Na memória que já o deixou.

 

Da vida, nem só um lamento,

Com sua ausência permanente,

Nada lhe importa o momento,

Nem a dor que o seu corpo sente.

 

Sua vida já está ausente,

Como a brisa que sopra o vento,

Não se vê, mas ainda se sente,

Mas não mostra esse sentimento.

 

Meu sogro foi para mim um pai,

Sempre presente e cooperante,

Noutro tempo que já lá vai.

Hoje, sinto-o tão distante…

 

Tudo isto faz-me doer a alma,

Na impotência de o ter de volta,

Procuro mostrar essa calma,

Para conter minha revolta.

 

Carlos Cebolo

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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

 


SAUDADES

 

Olho para o horizonte e ponho-me a pensar,

Na terra distante que se perdeu,

Mesmo ali por detrás do imenso mar.

Muitas vezes colhi o encanto seu

E esse grande amor que tinha para dar.

 

Na fruta vou sentindo o teu sabor,

Vezes sem conta, revejo-te em sonhos.

A batucada amainava essa dor

E todos os meus pesadelos medonhos,

Por não sentir esse tão grande amor.

 

Depois de todo esse tempo passado,

Essa saudade não desfaz o encanto

Nem a dor desse passado deixado

Que aumenta as lágrimas deste meu pranto,

Pelo abandono do bem desejado.

 

Recordo o irmão negro com quem cresci,

Irmão que não compreendeu tal revolta

E esse enorme desgosto que senti,

Com o brilho da tristeza à nossa volta,

Quando à pressa, dele me despedi.

 

Carlos Cebolo

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