VOLÁTIL
Quando a minha alma voa
E penetra no intenso azul do céu,
Colorido por pedaços de algodão
Branco neve, na mistura do cinzento
Triste e espesso véu,
O meu grito ecoa,
Ao encontro do teu coração,
Seguindo os caminhos do vento.
Enquanto meu corpo descansa
Neste espaço terreno,
Ela viaja pelo Olimpo chão sagrado,
Onde ganha a confiança
Dos deuses e deusas do amor e do pecado,
Que fazem do amor, um templo eterno.
Entre as flores dum jardim perfumado,
Com cânticos e louvores em harmonia,
Vejo a luz cintilante do teu olhar,
Talhado nas nuvens daquele céu azulado,
Que me encanta com a sua magia.
Aquele teu olhar que me seduz,
Acompanhado pelos teus seios palpitantes,
Prendem-me como fortes fachos de luz,
Prendem os olhos livres na escuridão,
Das almas puras viajantes,
Que pastoreiam pelo Sertão.
Na viagem da minha alma sonhadora,
Onde o meu pensar está fora de mim,
No seu supérfluo sepulcro do destino,
Encontro a tua alma sonhadora,
Que percorre aquele caminho sem fim
E perante a qual me inclino,
Por sentir tão grande beleza,
Rainha no seu pedestal trono de realiza.
Pudesse eu acompanhar tais passos,
Na vida terrena do corpo dormente,
Com os olhos tristes e rasos
De lágrimas que agora sente,
Com o regresso da alma à realidade,
Depois de ter vivido a sua liberdade.
Este sonho dourado que me inquieta,
Na liberdade do Ser amante sonhador,
É como o grito surdo do poeta,
Quando canta a sua dor.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/