O NADA TAMBÉM
EXISTE
Pétala sem cor, desprendida e revolta,
Naquele pequenino instante que existe,
Com esta vida sem vida completa,
Também é ser, esse ser que não volta
E o sonho, por ser sonho é sempre triste
Como a tristeza é o sentir do poeta.
Assim serei, sonhador indeciso
E o vento orador, falando de mim,
Entre aromas, roseirais e seus espinhos,
Eu chorarei, sempre que for preciso
Soprar as cinzas mortas do jardim
Desse teu peito, colhendo carinhos.
A primaveril noite com o seu frio,
Alimenta as ondas de um mar crescente,
Sem ver o fundo no seu naufragar.
O meu sonho, metido num navio,
Percorre o teu corpo, assim inconsciente,
Sorvendo os teus seios com o meu beijar.
Depois, todo o amor é assim perfeito,
Como lisa é a praia na ondulação,
Apesar de escuro esse mar profundo,
Tudo se transforma e vive a preceito,
Como perfeita é a lavra de um vulcão,
Que aquece as entranhas do nosso mundo.
Carlos Cebolo
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