Acerca de mim

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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

segunda-feira, 30 de julho de 2018



ESCOMBROS DO TEMPO

Passa o tempo seguindo o seu sentido,
Com ele, leva as minhas recordações,
Em mim, só o dúbio ficou retido,
As lembranças de infante e sensações.

Salvo esta vera alma que em mim ficou,
Que viu passar mistérios concedidos,
Entre rumores que o tempo matou,
Poemas de luz, no seu íntimo escondido.

Não sei, quem foi vencido ou vencedor!...
Se a vida passada que se viveu,
Ou esta que se vive com essa dor,
Lembrando esse tempo que já morreu.

Memória pálida que então ficou,
Cravada na fonte do vencedor,
De quem por lá, só grande obra deixou,
Sem ter sido rei, mas grande senhor.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 27 de julho de 2018



NOITE DE BATUCADA – RENOVA-SE A ESPERANÇA

Cai a noite é com ela o silêncio triste…
Um delírio febril atinge a sanzala
Com aquele chorar do quissanje
Que a pura alma não lhe resiste.
Gemem as marimbas em mãos ágeis
E aquele feminino corpo se embala
Na perfeita melodia que o batuque tange.
Ondulam as palmeiras nervosas e gementes,
Ao ritmo daqueles corpos quentes
Das virgens que nessa fortaleza, são frágeis.

Sangra a virgem aquele vermelho lume
E entre aquela gente, não há ciúme
Que faça sofrer um jovem coração.
Raça triste que se mostra sempre alegre
E a negrura da pele se confunde com a escuridão,
Como toda aquela alegria, só faz esquecer a escravidão
Do passado presente que o mundo ignora.

Povo submisso a seus iguais, no íntimo de raça brava,
Dança ao som voluptuoso da música escrava.

É noite de batucada com toda aquele desventura,
Onde a virgem oferece o seu corpo na noite escura.

Naquele bailar estonteante que enaltece a raça
De um povo que a própria doçura abraça.

Nas noites quentes do sertão,
Aquela chuva que molda o pano
À escultura corporal que abraça o coração
E naquele desespero sentido, ilude o próprio engano.

Por entre as sombras tristes das grandes palmeiras,
Arrepia o caminho, imitando as trepadeiras.

Prossegue o batuque pela quente noite fora
E já com aquela dormência da luxúria que desmaia,
Adoram a noite que aos poucos se vai embora.

Nasce o dia de uma nova aventurança
E aquele povo sente novamente a velha esperança.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 25 de julho de 2018




CARTAS DE AMOR

Chorar, choro de vagarinho!
Acompanho o tempo que avança,
Nesse teu olhar adivinho
Que sonhas por uma mudança.

O falso amor é desleal,
E os corações são infiéis,
Todo o amor tem o seu final,
Cartas de amor são só papéis.

Papéis que provocam a dor,
São lidos em recordação,
Cartas que já foram d’amor,
São sonhos na solidão.

Carlos Cebolo





segunda-feira, 23 de julho de 2018




ZUNGUEIRA

Na quimbala fruta fresca,
Um lenço de pano-cru,
Manga goiaba caju,
O bom sabor que refresca.

Do musseque a caminhada,
Duro pão de cada dia,
De uma vida já tardia
Com essa vida desgastada.

Esse ananás meio verde,
Abacate e bom limão,
Pés descalços pelo chão,
Vem matar a minha sede.

Zungueira de profissão,
Uma flor já desfolhada,
Sua pele já foi queimada,
Na venda do ganha pão.

Sua fruta meia verde,
Deixou perfume no ar,
Aquele corpo a balançar,
Não matou a minha sede.

Seu futuro está queimado,
Também o seu lindo rosto,
Há noite sente desgosto,
Desse tempo perturbado.

Ananás e fruta pinha,
Frescura da Natureza,
Zungueira com tal beleza,
Mata esta  sede que é minha.

Carlos Cebolo




sexta-feira, 20 de julho de 2018



SOLENE MOMENTO

Solene momento da partida,
Com esse ar frio de uma noite calma,
Jaze o corpo vazio sem alma,
Nessa mortalha da despedida.

Pinho com seu relevo lavrado,
Sem sentir contra si esse frio,
Lágrimas soltas formam seu rio,
Sobre esse corpo assim repousado.

Aos deuses, uma causa se agradeça,
A vida dessa alma que partiu,
Com os seus sonhos na vida que ruiu,
Ficar algo que nunca se esqueça.

Sossego da fronte que repousa,
Ficando retido na memória,
Os feitos da vida que fez história,
Procura-se em tudo, uma outra causa.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 18 de julho de 2018



PITANGA MADURA

Que destino mais selvagem,
Será este meu destino,
Num puro olhar de menino,
Aquela mulata virgem.

Com acordes de diamante,
Entre a luz em tom de prata.
De uma lua radiante,
Preenchem os olhos da mulata.

Vive essa vida que tange,
Entre os ramos da palmeira,
Ao som do belo quissanje,
A mulata foi primeira.

Seus lábios cor de pitanga
Corpo feito de mulher,
Com adornos de missanga,
Aquele amor que ela quer.

Carlos Cebolo



segunda-feira, 16 de julho de 2018



SONO SEM DONO

Hoje, ao acordar, senti ser meu sono,
Quem sou, na ignorância do meu viver,
E do meu pensamento não ser dono,
Querer entre os lençóis permanecer.

Corpo langue com imagem desfocada,
No desfrute que só o amor consente,
Incógnita mulher a mim abraçada,
Sorvendo os sorrisos da minha mente.

Sonho rebelde num sono dormente,
Explodindo nas veias ressequidas,
Os fluídos de uma sensação quente,
Por entre o imaginário de outras vidas.

Assim, senti em mim tua presença,
O chamamento de um amor bandido,
Que no sono plantou sua sentença,
Como flor viva de um ramo partido.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 11 de julho de 2018




QUEM ME SONHA

Quem me sonha neste Mundo finito?
Não vejo flores no transparente véu!
Sigo a estrada com esse sonho infinito,
Por entre as sombras que escondem o céu.

Liberto da paisagem nítida e calma,
Por onde voa a esperança retraída,
Naquele horizonte vertical d’alma,
Na procura incessante da partida.

Quem me sonha, comigo não ficou
Entre o linho bordado com essa luz,
No doce desejo que em mim poisou,
Abrindo a esperança que o beijo seduz.

Se esse sonhar fosse uma realidade,
Do amor que se sente assim desejado,
Sentiria nele essa eternidade,
Na esperança do nosso beijo selado.

Carlos Cebolo



quinta-feira, 5 de julho de 2018




OUVE ESTA CHUVA CAIR SUAVEMENTE

Ouve esta chuva cair suavemente,
Diz-me o que esta chuva te faz sentir,
Cheiro da terra molhada presente,
O final da Primavera a sorrir.

Assim se sente a nossa natureza,
Húmida naquela ânsia de um grande amor,
Fluídos inundam o corpo na incerteza
E toda a dúvida se transforma em dor.

Ouve esta chuva cair suavemente,
Escuta o seu telintar com atenção,
O grande amor surge tão de repente,
Que por vezes, provoca confusão.

Sinais que por vezes são naturais,
Um sorriso, um olhar no seu sentir,
Sensações que provocam os seus ais
E aquele desassossego volta a surgir.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 2 de julho de 2018



CAMINHOS ESTREITOS

Sonho vago, penumbra do pensamento,
Cofre onde se guarda todo o desamor,
Deambula a felicidade desse momento,
As feridas de um coração cheio de dor.

No sentido poético que vai passando,
Confundem-se esses olhares langues e famintos,
Por entre as asas de uma gaivota voando
Naquele círculo de inexplicáveis instintos.

O amor, é o verdadeiro alimento d’alma
Que naquele jardim belo e outrora florido,
Clareou a noite numa atmosfera calma,
Deixando no corpo, um perfeito sentido.

Entre homem e mulher, num sentido atraente,
Sem deixar surgir esse ínvio amor frustrado,
Triunfa todo esse desejo que se sente,
Na esperança de voltar a ser desejado.

Carlos Cebolo