JÔ E A FADA RAIO DE LUZ
No país do faz
de conta, havia uma linda aldeia que ficava num vale onde corria um rio com
águas claras e calmas, o rio nascia numa montanha muito alta que se via da
aldeia e que os seus habitantes mais antigos, contavam haver sobre a mesma uma
lenda.
Quando chegava a
altura das chuvas, a montanha parecia atrair todos os raios que desciam do céu.
Os relâmpagos
quando batiam na montanha, faziam um barulho que metia medo e durante todo esse
tempo, os habitantes da aldeia fechavam-se nas suas casas e só saíam quando o
tempo mudasse.
Jô, era um
menino muito traquina e aventureiro que vivia com o seu avô desde os dois anos
de idade. Os pais de Jô tinham morrido num acidente e o avô era a única família
que ele tinha.
O Avô de Jô era
um velhinho muito querido na aldeia, vivia da agricultura, mas como já era
velho, pouco ou nada ganhava com o amanho da terra.
Jô que já tinha
dez anos, depois da escola, ajudava o seu velho avô na pequena horta que
tinham.
Como a casa do
avô do Jô ficava perto do rio, eles aproveitavam a água do mesmo para regar as
plantas e árvores de fruto que tinham em volta da casa.
Um dia, Jô pediu
ao avô que lhe contasse a lenda da montanha que sempre ouviu falar, mas que
ninguém sabia ao certo, contar.
O Avô depois de
muito pensar disse:
- Está bem meu neto. Acho que já tens idade
para saberes a história da montanha.
Senta-te aqui ao
pé de mim e ouve com atenção:
- Como sabes, eu fui o segundo habitante desta
aldeia. Quando para cá vim, apenas morava cá um eremita, conhecido como o velho
da montanha, que infelizmente já faleceu. Foi ele que me contou a lenda.
- Diz a Lenda
que no cimo da montanha, onde nasce o rio, vive uma fada que tem um dragão como
animal de estimação. A fada anda sempre muito triste e chora todos os dias,
pois vê como as pessoas são más umas para as outras e não compreende a razão de
tanta maldade.
Das suas
lágrimas nasceu este belo rio que corre pelas nossas terras e que nos mata a
cede.
Nos dias em que
a fada está mais triste, o seu amigo dragão chora com ela e deita raios pelo
nariz. Esses raios são os relâmpagos que vemos nos dias de muita chuva. E o avô
continuou:
- Não sei se é verdade ou não. Mas o velho
eremita dizia isto sempre com muito respeito e o certo é que ainda ninguém
subiu à montanha, com medo do dragão.
O Avô acabou a
história e disse:
- Agora vamos dormir que já é tarde. Amanhã é
um longo dia de trabalho na horta. Temos de colher as batatas, as favas e os
feijões.
Jô foi para o
seu quarto, mas não conseguiu dormir a pensar na história que o seu avô contou e
começou a pensar:
- E se fosse verdade? Como seria a fada? Se
ela fosse má, já cá tinha vindo para nos castigar! Mas não! Ela deve ser boa!
Pois até água nos dá!...
E adormeceu a pensar na fada e no dragão da
montanha.
Num dia lindo de primavera, acordou
cedo, escreveu um bilhete ao avô que dizia:
-Vou visitar a fada da montanha.
E lá foi ele.
Começou a subir a montanha sempre junto ao rio e reparou que quanto mais subia,
mais o rio ficava mais estreito.
Ao chegar ao
cimo, viu que a água do rio saia de uma pequena gruta no meio de umas pedras,
mas não viu vestígios da fada e do dragão.
Aproximou-se da
gruta, bebeu um pouco de água e chamou pela fada:
- Fada! Fada! Onde estás? Quero falar contigo!
De repente, o
céu começou a ficar escuro e o menino com medo, escondeu-se na gruta. Começou a
trovejar com relâmpagos e muita chuva e Jô reparou que os relâmpagos vinham do
céu e batiam sempre no mesmo local, onde havia uma grande pedra que se
encontrava à direita da gruta onde estava escondido.
Depois da
tempestade passar, Jô saiu da gruta e ouviu uma voz muito suave no seu ouvido:
- Chamaste-me? O que queres? Quem és tu?
Jô que estava
com muito medo, encheu-se de coragem, olhou para o seu lado direito e viu uma
linda menina muito pequenina, com asas de borboleta, sentada numa flor. A
pequena menina estava rodeada por um arco de luz e falou novamente:
- Sou a fada da montanha, chamo-me Raio de Luz
e sou eu quem toma conta desta fonte. O que queres?
O menino
respondeu:
- O meu nome é Jô, vivo na aldeia lá em baixo
e vim para te conhecer e agradecer pela água que nos dás.
A fada que sabia
de tudo, disse:
- Sei que os habitantes da aldeia têm medo de
cá vir, mas eu não faço mal a ninguém, apenas não gosto que maltratem os
animais e que destruam a Natureza.- Sei que és bom menino e o teu avô também é
muito bom. Não deitam lixo para o rio e cuidam da Natureza sempre com muito
carinho.
O menino que
tinha perdido o medo perguntou:
- E o teu dragão onde está? Também gostava de
o conhecer?
A fada riu-se e
disse:
- Não tenho nenhum dragão. O barulho e os
relâmpagos vêm da própria Natureza que reclama quando é mal tratada.
- E a fada
continuou a falar:
- Como és bom menino e vieste agradecer a água
que a Natureza te dá, eu vou dar-te um presente. - Vai atrás daquela pedra onde
caem os raios e apanha umas pedrinhas brancas; vermelhas e verdes que lá estão.
- Leva - as e dá ao teu avô.
Jô, assim fez e
quando voltou com as pedras já não encontrou a fada.
No local onde a
fada estava, encontrou uma pedra escrita com raios de luz.
Na pedra dizia:
- Estarei sempre contigo. Quando vires uma
borboleta, poisada numa flor, pensa que poderei ser eu a tomar conta da
Natureza.
O menino voltou
para casa e entregou as pedras ao avô, contando a sua aventura.
O avô foi à
cidade, vendeu algumas pedras que eram diamantes, rubis e esmeraldas e ficaram
ricos.
Embora ricos,
nunca deixaram de tratar da sua horta e de cuidar da Natureza em homenagem à
fada Raio de Luz. E assim viveram felizes para sempre.
Perim pim pim, a
história chegou ao fim.
Carlos Cebolo
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