O COLIBRI E O ARCO-ÍRIS
Na floresta amazónica que fica ao
norte do Brasil, num dia de primavera, nasceu numa família de colibris, um
passarinho muito pequeno com um bico longo e fino.
O passarinho era idêntico aos seus irmãos no
formato e no tamanho, mas era diferente na cor.
Os Pais e irmãos do passarinho tinham penas de
várias cores, como a maioria dos colibris, mas ele era todo cinzento.
O colibri cinzento andava muito triste, pois
era gozado pelos outros que lhe chamavam o feio cinzentão.
O bando de colibris saía todos os dias e voavam
de flor em flor, colhendo o néctar do qual se alimentavam, sempre alegres e
cheios de vida. Só o colibri cinzento ficava para trás e procurava sempre as
flores mais escondidas para se alimentar, com vergonha da sua cor.
Um dia, apareceu na floresta uma linda
borboleta, que trazia nas suas asas, as sete cores do arco-íris. Era realmente
linda. Muito mais linda que os seus irmãos colibris.
O colibri cinzento, cheio de coragem,
aproximou-se da borboleta e disse:
- Que lindas cores tens! Quem me dera a mim ter
também essas cores vivas e brilhantes. Mas nasci cinzento o que posso fazer?
A linda borboleta vendo o colibri triste disse:
- Não fiques triste passarinho! Há uma maneira
de mudares a tua vida! Luta pelo o que queres.
O colibri perguntou muito admirado:
- Lutar como? Eu já nasci com esta cor triste?
Como poderei mudar a minha cor?
A borboleta deu uma volta pelas flores, bebeu
mais um pouco de néctar e disse:
- Procura o arco-íris. No fim do arco-íris
encontrarás um lago com águas claras e calmas. Mergulha nelas e vais ver que as
tuas cores mudam. Foi assim que fiz!...E a borboleta voou à procura de outras
flores, deixando o pequeno pássaro pensativo.
Num certo dia, o dia nasceu com uma chuva
pequenina que molhava tudo e todos. O Bando de colibris estava protegido da
chuva pelas folhas das árvores, à espera do nascer do Sol.
Quando apareceu o Sol a brilhar por entre as
folhas das árvores, formou-se um lindo arco-íris ao fundo da floresta.
O colibri cinzento, lembrando-se das palavras
da borboleta, preparou-se para ir até ao arco-íris.
Cheio de esperanças, voou em direção do lindo
arco, mas quanto mais voava, mais o arco-íris parecia estar mais longe.
Cansado, poisou no ramo de uma árvore e sem
querer, pensou em voz alta:
- Parecia estar tão perto? Estou a ver que
nunca conseguirei lá chegar!
Nisto, ouviu uma voz que lhe perguntou:
- O que procuras amigo? Porque estás tão
desanimado?
O pequeno colibri olhou para o lado e viu um
pequeno pirilampo que estava abrigado debaixo de uma flor.
Com voz triste respondeu:
- Procuro o arco-íris, mas não consigo lá
chegar, ele parece que foge de mim!
- E porque procuras o arco-íris? O que queres
dele? Perguntou o pirilampo.
O cinzento colibri respondeu um pouco
envergonhado:
- Queria mudar a minha cor, se eu mergulhar no
lago que existe no fim do arco-íris, ficarei com as penas com as cores lindas
que ele tem.
- E quem te disse tal coisa? Perguntou o
pirilampo.
-Foi uma borboleta que encontrei na floresta
onde vivo. Ela tem as cores do arco-íris nas suas asas. É tão linda!...
Respondeu o colibri.
O pirilampo com pena do passarinho, disse:
-Talvez de possa ajudar!
O colibri cheio de esperança, perguntou
rapidamente:
- Podes? Como? Ajuda-me por favor.
Pois bem. Disse o pirilampo:
-Primeiro
tens que beber o néctar das flores com as cores do arco-íris e por ordem. Só
assim chegarás ao fim.
E perguntou:
- Sabes as cores do arco-íris?
O colibri cinzento muito envergonhado
respondeu:
- Não!...
Então o pirilampo disse:
- Toma
nota das cores que te vou ensinar e do seu sentido. Não te esqueças! E quando
beberes o néctar das flores por ordem, pensa no significado da cor da flor.
E o pirilampo continuou:
- O arco-íris é como um conjunto de lares onde
mora a luz do Sol. Quando se unem, formam uma luz indefinida. A luz do sol tal
e qual como a conhecemos e que chamamos luz branca. Mas quando se separam
formam sete lares de cores diferentes:
- O vermelho representa a paixão que sentimos
com as coisas boas;
- O laranja representa a ilusão que sentimos em
certas alturas;
- O Amarelo, a lembrança das coisas boas e más
que vivemos;
- O verde recorda-nos a esperança que deve
sempre existir;
- O Azul recorda a água, o mar e os rios da
terra;
- O Anil recorda-nos um lindo conto de encantar,
O país das maravilhas;
- O Violeta representa o sétimo lar onde tudo
pode acontecer.
Depois de explicar as cores ao colibri, o
pirilampo disse:
- Agora vai à procura das flores e lembra-te do
que te disse. Só assim chegarás ao fim do arco-íris.
O cinzento colibri levantou voo depois de
agradecer ao pirilampo e foi cheio de esperanças à procura das flores.
Encontrou uma flor vermelha, bebeu o seu néctar
e lembrou-se da paixão que sentia pela sua floresta e pela vida. Como é belo
viver!
Voou por entre as árvores e encontrou uma flor
laranja. Bebeu o seu néctar ao mesmo tempo que pensava na ilusão de viver num
Mundo cheio de maldades. Por que razão os habitantes deste planeta eram maus
uns para os outros?
Voando para o seu lado direito, encontrou uma flor
amarela. Bebeu o néctar e lembrou-se como foi bom ter nascido, mas de repente
lembrou-se também, como era mau ser marginalizado pela própria família, só por
ser diferente.
Triste, o colibri deixou a flor amarela e foi à
procura da flor verde. Voou por entre as árvores e encontrou um lindo rio. Na
margem desse rio havia muitas flores e á beira da água estava uma com a forma
de um jarro e de cor verde.
Aproximou-se da flor, bebeu o seu néctar e
sentiu a esperança de um mundo melhor. Sem ódios, sem guerras e sem
preconceitos.
Ao lado da flor verde estava uma flor azul.
Ao beber o néctar desta flor, o colibri
recordou o rio de águas limpas que nascia na sua terra e que ia até ao mar.
Como era linda a Natureza com os rios limpos.
O pequeno pássaro sentiu-se bem e alegre, voou
para uma flor que estava ali perto e que tinha a cor anil.
Bebeu o seu néctar e sentiu-se no meio de um
lindo conto de encantar. Entrou no país encantado do faz de conta e viu que
tudo era belo.
O colibri adormeceu e sonhou com as coisas belas
que via no país da imaginação.
No seu sonho apareceu o pirilampo que o acordou
dizendo:
- Colibri! Acorda que o fim está próximo; só te
falta a flor violeta.
O colibri acordou e viu que à sua frente estava
um lindo lago e que no meio do lago estava uma flor violeta.
Voou até ela e bebeu o seu néctar.
Quando acabou de beber o néctar da flor
violeta, viu que estava no fim do arco-íris e ouviu uma voz que lhe disse:
- Colibri! Chegaste ao sétimo lar, este é o
local mágico onde tudo acontece. Mergulha nestas águas e o teu desejo será
concedido.
O passarinho cinzento mergulhou e quando saiu
das águas viu que as suas penas tinham as cores do arco – íris.
Na flor violeta estava o pirilampo que disse:
- Agora já não és o colibri cinzento. Mas sim o
colibri arco-íris.
Muito feliz, o colibri voou para a sua
floresta.
Na floresta do Amazonas, todos os anos, os
colibris juntavam-se para eleger o pássaro mais bonito a quem davam o título de
colibri real.
Quando estavam todos reunidos, apareceu o
colibri arco-íris que se meteu no meio deles.
Todos ficaram encantados com tanta beleza e
elegeram-no o colibri mais bonito da floresta e deram-lhe o título de colibri
real.
Ainda hoje, nos países tropicais, os
descendentes do colibri real sustentam nas suas penas as cores alegres do
arco-íris.
Depois de conhecerem a história do colibri,
todos concordaram que a beleza não se encontra no seu todo, mas sim nos
pormenores. A luz do sol, só mostra a sua beleza depois de separada. E assim
todos viveram felizes para sempre.
Carlos Cebolo
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