Ser pai não é apenas procriar, ter descendência, educar e encaminhar a sua prole para uma direcção pré-definida.
Ser pai não é apenas amar, ser amado e deixar correr o tempo rumo ao futuro sem um horizonte traçado, sem um objectivo.
Ser pai é acima de tudo ser árvore, proteger os seus ramos, cuidar das suas flores, das suas sementes e prepará-las para enfrentar o Mundo próprio que não tarda em chegar, respeitando sempre as novas ideias, quando não prejudiciais.
Ser pai é saber orientar a sua descendência sempre com dignidade e, a certa altura, vê-la partir pouco a pouco como os pássaros que deixam o seu ninho para criarem uma vida própria, sem mágoa e com a felicidade do dever cumprido.
Assim vi o meu primogénito partir e assim vejo agora a minha caçula traçar também o seu rumo. Bater as asas e preparar-se para voar, em direcção ao seu próprio ninho.
Há muito que isto vinha sendo ensaiado.
O momento era esperado, embora o egoísmo pedisse secretamente que este dia se prolongasse indeterminadamente.
Tive e tenho a felicidade do local por eles escolhido ser próximo e, assim poder acompanhar de perto, mas sem uma intervenção directa a sua evolução e acorrer sempre com prontidão a um possível chamamento.
Que o seu voo seja feito em linha recta, mantendo o objectivo traçado, ultrapassando sempre todos os obstáculos que certamente encontrarão pelo caminho.
O ciclo fecha-se para se abrir mais adiante. Como dizia a grande poetiza Florbela! “Há uma primavera em cada vida” e quando ela chega, nada melhor do que deixar fluir o seu perfume, sabendo perder o presente para se ganhar o futuro.
Hoje, o meu presente já é passado e procurarei fazer desta noite, mais uma alvorada para me reencontrar na minha descendência e poder ter orgulho de obra feita.
.”E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada” que seja no futuro lembrado com carinho, respeito e saudade, como aquele que amou e foi amado.
Para vós meus filhos, o meu voto de felicidades.
Carlos Cebolo
Carlos Cebolo
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