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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sábado, 30 de julho de 2011

MINHA TERRA TRISTE – MÁGOA DE MÃE AFRICANA DO SUL DE ANGOLA



Angola minha terra triste.
Junto com o meu homem tenho duas meninas.
Que tristeza!...
Se fosse filho homem, tudo era diferente.
O homem pastoreia o gado, vai à caça,
Arranja comida para a família!...
A mulher apenas cuida da agricultura, 
Do "arimbo"...
Cria os filhos e faz comida para o marido.
Na loja do branco, o nosso boi pouco vale!...
A fuba é cara e o sal ainda mais.
Uma quinda de milho da nossa lavra, 
Troco por uns quilos de farinha e alguns peixes secos.
Não dá para comer até à lua redonda seguinte.
Mas o que fazer?
Minha terra seca,
Pouco dá.
A água é das chuvas e agora pouco chove.
Parece que o branco controla também a chuva,
A nossa vida, a nossa terra!...
As minhas meninas passam fome.
O leite da minha mana está seco.
O das vacas! os bezerros pouco bebem.
Do leite fazemos leite azedo que nos alimenta
E o bezerro fica magro.
Vendido na loja do branco vale pouco.
Só tem ossos diz o branco.
Vale cinco garrafões de vinho.
Aceito.
O vinho faz bem à nossa cabeça. 
Faz esquecer a tristeza, a fome, a miséria.
O vinho é bom. Vem do Puto.
Na minha terra triste apenas há vento. 
Chuva pouca e muita dor.
Minhas meninas têm fome.
O branco leva para criar.
Vai servir de companhia à filha do branco.
È criada do branco, mas não passa fome.
Meu coração sofre com a partida
Mas aceita e fica feliz por saber que estão vivas
E não têm fome.
O branco é bom. Toma conta delas. 
Crescem e não sabem quem é a família.
Apenas são criadas do branco.
Muitas dão netos aos brancos!...
Os filhos dos brancos são acolhidos como netos, 
As mães negras abandonadas à sua sorte.
Vadia! Quem te manda meter com o meu filho? 
Vai-te embora e não apareças mais,
Grita o branco.
As crianças crescem!...
Apenas conhecem a família branca.
Os avós negros são esquecidos. 
Apenas são filhos do branco.
Minha terra triste chora!...
Dor sentida mas não reclamada.
A independência chegou.
Os brancos foram embora.
Levaram também os nossos filhos.
A alegria do momento, 
Depressa se transforma em agonia.
O patrão agora não é branco!...
É negro como nós.
Mas não é de cá!...
Veio de outras terras.
Mas é quem manda.
Tomaram conta das lojas dos brancos,
Mas ali não se vende nada. 
Nada há para se comprar.
A fome continua.
O nosso milho ninguém compra.
Peixe seco não há!...
Farinha, temos nós que moer o milho para fazer o pirão.
O branco foi embora, mas a miséria ficou.
No tempo do branco, dizem os mais velhos:
- As lojas tinham tudo. Era caro mas havia.
 Hoje nada há.
Os nossos filhos eram criado dos brancos,
 Mas não passavam fome!.
Hoje os nossos filhos são criados dos negros .
Nosso povo continua na mesma ou ainda pior.
O negro do norte é quem manda
E é ainda pior que o branco.
Minha terra triste chora.
Dos meus olhos saem lágrimas de sangue
E água salgada,
Mas o sal não chega à nossa cubata.
O mar fica longe e o branco já cá não está
Para trazer o sal.
O nosso boi nada vale 
E também não há quem o queira trocar por comida.
Minha terra triste está cada vez mais triste.
Nas vilas e cidades vejo muitos negros.
 Mas não são de cá. 
Ninguém os conhece.
 De onde vêm? Quem são? 
Ninguém sabe.Não falam a nossa língua!...
Esperamos a vinda do branco, mas ele não volta mais.
Minha terra triste está cada vez mais triste.
E os nossos filhos continuam com fome.

Carlos Cebolo

quinta-feira, 28 de julho de 2011

BATUQUE – SONS DE ÁFRICA



Nas noites quentes de luar intenso, ouve-se com alegria os sons melodiosos do batuque na Sanzala iluminada pelo luar e luz da fogueira que crepita no meio do terreiro.  
 Os tocadores de batuque; dos Mpwitas; das marimbas; do kissange do berimbau e do reco-reco, não tiveram qualquer instrução musical, mas conseguem tirar destes rústicos instrumentos por eles mesmo construídos, um som tão melodioso como característico que fazem música agradável de se ouvir.
Parece que o povo africano nasceu para a música ou com música dentro de si.
Na dança, a mulher africana consegue ondular o corpo como só ela sabe. Os movimentos sensuais da mulher africana acompanham a música com uma intensidade tal, que parece ser o seu corpo feito de borracha.
Quem ouve o batuque, por si só, ou acompanhado por outros instrumentos, no silêncio da noite e tem o privilégio de seguir com a sua visão todo o folclore causado pela música e dança dos tocadores e bailarinas, fica surpreendido com a mestria como retiram um enorme proveito musical de instrumentos tão rudimentares e conseguem fazer ouvir o verdadeiro som de um folclore apenas existente em África.
Se associarmos este magnífico som ao encantador movimento dos dançarinos e dançarinas africanas, encontramos o verdadeiro sentido da cultura milenar que mesmo contra todas as tentativas de erradicação, por parte dos governos coloniais europeus, se manteve e se mantém até aos dias de hoje.
No chamado Mundo civilizado, já muitos e célebres músicos, recorreram ao velho e rude berimbau e ao exótico kissange à procura de novos sons para as suas composições.
Não há dúvida nenhuma que com o berimbau, também chamado de violino africano de uma só corda, bem tocado, consegue-se tirar sons que apenas com este instrumento se consegue fazer ouvir.       
O mesmo acontece com o kissange, também conhecido como o xilofone africano, tocado dentro de uma cabaça apropriada para o efeito que lhe serve de caixa de ressonância.
São os sons de África que acompanhado ao som tirados do verdadeiro batuque feito de tronco de árvore e coberto por pele de animal, curtida à moda africana, que fazem a verdadeira e genuína música de África.
Os sons do batuque são ouvidos em todas as ocasiões e estes instrumentos são tocados com a mesma intensidade seja qual for o motivo que o justifique. Quer seja em casamentos, funerais ou qualquer outro pretexto social ou apenas por simples protesto ou estado de espírito, o som é sempre melodioso e só quem o toca ou quem com ele está muito familiarizado, consegue distinguir o estado de espírito que a música quer lembrar ou homenagear.
A música africana é isso mesmo. Seja qual for o motivo, os sons de África fazem-se ouvir mostrando ao Mundo a sua cultura.

Carlos Cebolo

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O COLIBRI E O PLANETA TERRA (PEQUENA CRÓNICA SOBRE A PROTECÇÃO DA NATUREZA)



O colibri com penas coloridas de tons esmeralda nas asas e com o peito cor do Sol, esvoaçava de flor em flor, pairando entre elas, como se uma força invisível o amparasse no ar.
Este pequeno pássaro, é possuidor de um longo bico meio curvo, que lhe permite sugar o delicioso néctar das flores que, num contraste de cores, surgem por entre uma flora verdejante à beira de um lindo lago de águas claras tingidas de um azul celeste.
Tal deslumbrante paisagem, apenas nos é prometido ver em certas zonas tropicais.
Tive a sorte de ter nascido em África, no magnífico país chamado Angola e fui muitas vezes bafejado pela sorte de ver várias vezes este lindo e frágil pássaro na sua labuta constante de recolha do precioso néctar com o qual se alimenta e do qual tira toda a energia necessária para bater as suas asas com uma velocidade estonteante que o faz pairar no ar enfrente às flores, como se parado estivesse.
Embora em Angola as estações do ano se resumem apenas a duas, a estação seca e a estação das chuvas, nós sabemos que a primavera chegou, quando avistamos os pequenos mas famosos colibris ou beija flores como também são chamados.
A Europa não é um habitat propício ao aparecimento do colibri, mas existem muitas outras aves não menos lindas e importantes que os beija flores.
Quem, como eu, teve o privilégio de se poder isolar rodeado de árvores e de flores de várias espécies e apreciar os sons livres da mãe natureza, nunca mais se esquece que o planeta Terra é o lar perfeito de inúmeros seres inteligentes, nos quais o ser humano se encontra, mas numa escala muito abaixo dos demais habitantes deste mundo.
Parece mentira, mas é a mais pura verdade.
Todos procuram alimentar-se sem danificar a mãe natureza e contribuir para que ela permaneça viva e linda.
 Só o homem faz precisamente o contrário.
 Se isto não é ser menos inteligente que as outras espécies, então o que será?
Os mais atentos aos barulhos da natureza, sabem reconhecer o cantar das aves e reconhecer a sua espécie, assim como o barulho característico dos insectos que nomeadamente à noite, produzem constantemente mostrando a sua alegria ou procurando chamar um parceiro para o acasalamento. E nesse momento mágico, quem o vive, sabe que chegou a primavera.
Não é preciso ter grandes estudos em astrologia, meteorologia ou em qualquer outra ciência inexacta, para saber que aqui, na China ou em África, a altura do acasalamento dos seres realmente inteligentes que habitam o Planeta, dá início à chamada primavera.
Na Europa, a primavera aparece depois do frio do inverno. Em Angola aparece depois do tempo seco. Mas primavera é a primavera seja onde for. E o homem contra isto nada pode fazer.
A mãe natureza continua e continuará a comandar os destinos dos seres que escolheu como habitantes, até ao dia em que desesperada e ferida por tanta maldade, resolver fazer o que fez com os dinossauros. E aí, já será tarde de mais.
Enquanto tivermos a sorte de poder ver os colibris esvoaçarem de flor em flor, podemos ter a certeza que a natureza continuará a tolerar a nossa permanência neste planeta azul a que chamamos Terra.
Mas para isso, vai ser preciso que o ser humano tome consciência do mal que todos os dias provoca na mãe natureza.
O colibri e o planeta Terra estão assim intimamente ligados ao destino do ser humano na Terra.
É chegada a altura de chamar a atenção de todos, não só para a protecção desta pequena e frágil ave, mas acima de tudo, para a protecção de todos os seres vivos que habitam connosco este lindo Planeta.
Uma ave, um animal, seja de que espécie for, é também um necessário e importante parceiro nosso nesta luta árdua de salvar o Planeta onde vivemos.

Carlos Cebolo

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A VIDA ALEGRE NA QUINTA


         
A VIDA ALEGRE NA QUINTA

Numa herdade agrícola, todos os animais acordam com o cantar do Galo, bem cedo, logo pela manhã e antes do Sol nascer.
A mãe galinha e os seus pintainhos correm para o pátio e começam logo a debicar a terra à procura de minhocas ou outros insetos que possam comer.
O gatinho cinzento com listas pretas, olha com muita atenção para tudo em seu redor, procurando encontrar algo com que brincar.
A mãe pata e os seus patinhos amarelos, nadam alegremente no lago da quinta e mergulham por baixo dos nenúfares, saindo do outro lado sempre alegres e irrequietos.
Assim nasce o dia na Quinta do país do faz de conta onde todos os animais vivem felizes.
É primavera e as animais da quinta tiveram as suas crias recentemente:
A vaca teve um bezerro muito lindo que corre pela quinta, acompanhado pelos cordeiros; pelos coelhinhos e pelo cachorrinho castanho e branco. Nasceram todos há pouco tempo e como as crianças, todos são amigos uns dos outros.
O bezerro salta por cima de um tronco e um cordeiro tenta emita-lo, mas como é mais pequeno, tem uma certa dificuldade.
 O cachorrinho corre atrás deles, com o seu instinto de guarda, procurando protege-los de um perigo imaginário.
Também a égua teve o seu filhote, um potro castanho claro, quase alaranjado, com crinas castanhas e uma mancha branca no focinho mesmo entre os olhos e o nariz.
Todos os pequenos animais cresceram na barriga das suas mães, antes de nascerem e verem a luz do dia.
Todos não!...
Os pintainhos e os patinhos nasceram dos ovos que as mães chocaram sempre com muito carinho e amor.
Um dia estes bebés animais, vão crescer e trabalhar na quinta. Mas até lá, apenas sabem brincar uns com os outros, embora cada um adquira a sua própria característica.
O potro gosta muito de saltar.
O bezerro corre pela quinta procurando sempre as maninhas da mãe para mamar.
Os cordeiros brincam nas ervas ao mesmo tempo que comer os seus rebentos mais tenros.
 Os patinhos mergulham no lago sempre acompanhados de perto pela mãe pata.
 Os pintainhos arranham a terra com as suas patitas, aprendendo com a sua mãe como se procura minhocas para comer.
 Os cachorrinhos brincam com qualquer coisa que apanham pelo caminho e o gatinho apenas quer dormir sem que ninguém o aborreça, sempre enrolado na palha do celeiro.
Quando crescerem, todos vão ajudar o seu dono a ganhar mais dinheiro.
As vacas dão o leite que o lavrador vende na cidade e com o qual faz também alguns queijos.
 Os cavalos trabalham na quinta, ajudando nos trabalhos agrícolas e puxam a carroça.
As ovelhas além do leite também dão a lã com a qual se fazem os casaquinhos.
As galinhas e as patas dão os ovos e também as penas para se encher almofadas.
O cão guarda a quinta e os rebanhos e o gato apenas dorme, apanhando de vez em quando algum rato para comer.
É assim a vida dos animais domésticos numa quinta. Todos trabalham, mas todos vivem felizes ao ar livre e saudável e acordam sempre com o cantar do galo.

Carlos Cebolo
        

  

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A RAINHA DAS ABELHAS , A BRUXA MALVINA E AS TRÊS HEROÍNAS




A RAINHA DAS ABELHAS E A BRUXA MALVINA

No país do faz de conta, onde o sonho acontece muitas vezes, viviam três lindas meninas que tinham uma grande imaginação.
As meninas chamavam-se Mariana, Margarida e Joana.
Sempre que se juntavam para brincar, inventavam uma linda história para ilustrar as suas brincadeiras!
A fada flor, gostava muito das meninas e andava sempre por perto para as proteger!
Num lindo dia de primavera, Mariana, Margarida e Joana, foram brincar, com sempre faziam, junto à casa onde viviam com os pais.
Durante a brincadeira, as meninas ouviram um barulho estranho.
Atentas a tudo, deixaram de brincar e puseram-se à escuta, para ver de onde vinha o tal barulho.
Ouviram um zumbido. Zum!...Zum!..Zum!...e viram uma grande abelha a esvoaçar à volta das suas cabeças.
 As meninas perceberam que a grande abelha estava a tentar dizer alguma coisa, mas não compreendiam nada.
Nesse momento, apareceu a fada flor que disse:
-Não tenham medo, eu sou a fada flor, e sou a vossa fada madrinha e a abelha que está aflita, é a rainha das abelhas. Ela precisa da vossa ajuda. Vou deitar um pó mágico nas vossas cabeças para vocês perceberem o que a rainha vos quer dizer.
Dito isto, a fada abriu um pequeno saquinho e deixou cair um pó muito brilhante na cabeça das meninas.
Mariana foi a primeira a receber o pó mágico. Começando a perceber os sons da natureza, perguntou à abelha o que ela queria.
Depois de também receberem o pó mágico, Margarida e Joana falavam alegremente com a fada madrinha. Curiosas, queriam saber tudo e tudo ao mesmo tempo!...
A fada pediu calma às meninas e disse que o mais importante era ouvirem o que a rainha das abelhas queria dizer com aquele zumbido aflito!...
As meninas sentaram-se no chão, junto aos malmequeres silvestres e ouviram com muita atenção a rainha das abelhas, que muito aflita, lhes explicou que uma ladra, durante a lua cheia, vinha roubar o precioso mel que as abelhas faziam. Esse mel era muito importante.
 As abelhas necessitavam dele, não só para dar às pessoas para elas comerem, mas também para alimentar as suas próprias crias.
Margarida interrompeu a rainha das abelhas e perguntou:
 - Então por que razão, as abelhas não picam a ladra, para ela não roubar o mel?
A rainha das abelhas explicou que a ladra era muito poderosa e que as abelhas encarregadas de guardarem o mel, nada podiam fazer contra ela.
Intervindo, a fada Flor falou:
 - O que vocês não sabem meninas! É que a ladra do mel é uma bruxa muito má. Chama-se Malvina. E aparece sempre nas noites de lua cheia, voando com a sua vassoura. Sempre que encontra uma colmeia, rouba o mel e maltrata as abelhas que nada podem fazer.
Joana que ouvia a história com muita atenção, perguntou à rainha das abelhas:
 -E onde fica o teu castelo?
A rainha das abelhas respondeu:
 - O meu castelo são as colmeias que estão naquele barracão ali ao fundo. E eu estou com muito medo, pois hoje é noite de lua cheia e como sempre tem acontecido, a malvada bruxa vem durante a tarde, roubar o nosso mel para fazer uma festa com as outras bruxas, quando a lua nascer.
As três meninas, embora com muito medo, disseram:
- Fica descansada rainha que nós vamos ajudar-te, pois também gostamos muito de mel.
A fada Flor que ouviu toda a conversa, alertou as meninas:
 -Uma vez que querem ajudar a rainha das abelhas, eu fico muito contente com a vossa coragem e vou-vos dizer como podem vencer a bruxa Malvina.
E a fada continuou:
 - A Malvina tem um ponto fraco. Perde os seus poderes se alguém lhe arrancar os cabelos. Ela sem cabelos fica fraca e não pode voar!...
Então Mariana, Margarida e Joana fizeram um plano:
 A Fada ficou junto da colmeia à espera da Bruxa e as meninas ficaram escondidas ali perto. Quando a bruxa apareceu, a fada fingiu que estava a dormir e quando a bruxa se aproximou, as três meninas saltam para cima dela e arrancaram-lhe os cabelos. Sem cabelos a bruxa ficou fraca, fugiu e nunca mais apareceu.
Mariana, Margarida e Joana, ficaram muito contentes por terem ajudado as abelhas e foram para casa contar a história à mãe e como prova, levaram nas suas mãozinhas, os cabelos da bruxa.
A fada madrinha ficou muito feliz e continua a proteger as suas afilhadas.
A rainha das abelhas e as abelhas, também ficaram contentes e deram cada vez mais mel muito docinho, para as meninas comerem.
 As três meninas, Mariana, Margarida e Joana, ainda hoje, quando estão aflitas com qualquer problema, pedem secretamente ajuda à sua fada madrinha, que durante a noite está sempre junto a elas para as proteger e fazer com que tenham um bom sono.
 E assim todos viveram felizes para sempre.

Carlos Cebolo








sábado, 2 de julho de 2011

SER PAI



Ser pai não é apenas procriar, ter descendência, educar e encaminhar a sua prole para uma direcção pré-definida.
Ser pai não é apenas amar, ser amado e deixar correr o tempo rumo ao futuro sem um horizonte traçado, sem um objectivo.
Ser pai é acima de tudo ser árvore, proteger os seus ramos, cuidar das suas flores, das suas sementes e prepará-las para enfrentar o Mundo próprio que não tarda em chegar, respeitando sempre as novas ideias, quando não prejudiciais.
Ser pai é saber orientar a sua descendência sempre com dignidade e, a certa altura, vê-la partir pouco a pouco como os pássaros que deixam o seu ninho para criarem uma vida própria, sem mágoa e com a felicidade do dever cumprido.
Assim vi o meu primogénito partir e assim vejo agora a minha caçula traçar também o seu rumo. Bater as asas e preparar-se para voar, em direcção ao seu próprio ninho.
 Há muito que isto vinha sendo ensaiado.
O momento era esperado, embora o egoísmo pedisse secretamente que este dia se prolongasse indeterminadamente.
Tive e tenho a felicidade do local por eles escolhido ser próximo e, assim poder acompanhar de perto, mas sem uma intervenção directa a sua evolução e acorrer sempre com prontidão a um possível chamamento.
Que o seu voo seja feito em linha recta, mantendo o objectivo traçado, ultrapassando sempre todos os obstáculos que certamente encontrarão pelo caminho.
O ciclo fecha-se para se abrir mais adiante. Como dizia a grande poetiza Florbela! “Há uma primavera em cada vida” e quando ela chega, nada melhor do que deixar fluir o seu perfume, sabendo perder o presente para se ganhar o futuro.
Hoje, o meu presente já é passado e procurarei fazer desta noite, mais uma alvorada para me reencontrar na minha descendência e poder ter orgulho de obra feita.
.”E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada” que seja no futuro lembrado com carinho, respeito e saudade, como aquele que amou e foi amado.
Para vós meus filhos, o meu voto de felicidades.

Carlos Cebolo