SONHO MEU
23/08/2012
Sonho meu!...
Sonhado a dormir ou acordado,
Entrei em Angola por onde saí,
Fronteira da Namíbia.
Vi o amigo que não morreu,
Olhei o por do sol dourado,
Senti o vento que assobia,
O país que não ardeu.
Sonho meu!...
Senti Angola do meu passado,
Aquele chão vermelho empoeirado,
Pisei aquele chão sagrado,
Do país que me foi legado.
Vi Lubango e o seu Cristo Rei,
Lá no alto, no belo cabeço,
Olhei a cidade que amei,
A bela serra que conheço.
Sonho meu!...
Desci a Leba em direcção ao Sul,
As mangueiras que reguei,
Aquele belo horizonte azul,
A terra que tanto amei.
Sonho meu!...
Entrei no seco deserto,
Atravessei o Bero sempre lindo,
Dei o meu destino por certo,
As boas graças por ter vindo.
Na praia da minha juventude,
Nada vi do meu agrado.
Possuído por uma inquietude,
Regressei pelo mesmo lado.
Sonho meu!...
Desejo não realizado,
O amigo que lá morreu,
Não foi lá encontrado.
O por do sol era vermelho,
Lembrando o sangue derramado,
No esterco do escaravelho,
O país que não renasceu.
Sonho meu!...
Voltar um dia à minha origem,
Cheirar aquele odor ardente,
O gosto da terra virgem,
Ver o lindo Sol no seu poente.
Sentir novamente a alegria,
De pisar a terra onde nasci,
Ver aquele chão que tudo cria,
Esquecer o dia que de lá fugi.
Sonho meu!...
Carlos Cebolo
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