JÁ ERA NOITE
Já era noite, quando voltaram os morcegos,
Na figueira-brava junto à tua cubata,
Cobriam a luz da lua com seus corpos negros,
Quando esta despontava por cima da mata.
No teu corpo, senti o desejo do meu toque
E essa tua beleza no contraste da luz,
Cheiro perfumado com o sabor do maboque
Que a tua pele, no sabor da noite produz.
Lá longe, o som próprio da noite africana,
Produzia o encanto de fresca loucura
E nós deitados dentro da tua cabana,
A eles alheios, no momento de ternura.
Para nós, foi reservado aquele bom momento,
Da tua entrega sem nada pedires por tal,
A não ser o valor do nosso sentimento,
Nessa reciprocidade do ser mortal.
E a noite se foi alongando na savana,
Com aquele esvoaçar do irrequieto morcego,
Lá fora, junto à nossa pequena cabana,
Surgia a lua, zelando o nosso sossego.
Carlos Cebolo
Sem comentários:
Enviar um comentário