Estamos quase lá. No Querer e não Poder não poderia deixar passar em claro essa data que ficou célebre, mais pela negativa do que pela positiva, na expectativa do povo. O dia que arruinou o império e reduziu Portugal no Mundo.
Tanta pressa para fazer uma revolução que já estava em curso. Também tanta pressa para fazer o tempo passar sem se preocupar com o amanhã, é o que muita gente mais deseja. Correria para aqui, correria para ali, é uma roda-viva sempre com muito stress. A criança quer crescer rapidamente, o adolescente com mais pressa ainda, quer chegar à maioridade. A juventude está sempre com pressa de alcançar algo que julga ser um prémio. A vida adulta. Quando se chega a adulto, os problemas começam. Dar sustendo a um agregado familiar com honestidade é, nos tempos que correm, uma luta constante e árdua do trabalhador médio português. A vida só está boa para os políticos, para alguns gestores com carisma político e para quem já nasceu rico. Então qual a pressa? Correr para onde? Nascemos do pó e em pó havemos de nos tornar. Correr para a morte é o que todos fazemos mal acabamos de nascer. Ricos e pobres, temos todos o mesmo fim. Por isso pergunto. Qual a pressa? Na ordem do dia está a dúvida do que se ganhou com o 25 d Abril. Os Militares ganharam a fama e continua tudo na mesma, ou até um pouco pior. Já não vão lutar para África para defender o que era nosso na altura, mas vão para o Afeganistão, para o Iraque, para o mar da Somália, enfim para locais ainda piores, com o agravante de esses povos, que agora defendem, nada conhecem de Portugal, do seu hino ou da sua bandeira. Então fizeram o 25 de Abril para não irem para uma guerra que era nossa e agora vão para guerras que outros criaram? O Povo, esse eterno sacrificado ganhou apenas o direito de expressão. Para que quer o povo este direito se não tem comida, direito a uma saúde digna, direito a um trabalho honesto e remunerado a nível da Europa onde estamos inseridos, direito a uma quota parte dos lucros que ajudam a ganhar, enfim, direito a uma verdadeira cidadania europeia. Os políticos, os que menos fizeram de bem por Portugal, ganharam tudo. Riqueza, poder, vencimentos altíssimos para falarem mal uns dos outros, direito de esbanjar o que é de todos e, acima de tudo, direito de empobrecer o país que herdaram rico de mãos beijadas. O país, este velho rectângulo asfixiado entre o Atlântico e a Espanha só perdeu. Perdeu, uma frota pesqueira que era uma das melhores da Europa, Perdeu uma frota marítima mercante e de passageiros que fazia inveja aos mais ricos países europeus, perdeu uma industria mineira, perdeu quotas de pesca e de produtos agrícolas, perdeu riqueza, perdeu estatuto nas parcerias mundiais que tinha e tem e, acima de tudo, perdeu a dignidade de um povo. O tal povo lusitano que deu mundo ao Mundo. Não será altura de haver um novo 25 de Abril? Acabar com o enorme fosso existente entre ricos e pobres é urgente e se não for o povo a fazer, quem o fará? Agora se vê o motivo porque Salazar governou com mãos de ferro. Salazar conhecia bem os políticos portugueses. Sabia que o país entregue a esta gente seria um país sem lei nem roque. Seria um país pronto para ser tosquiado como uma simples ovelha. E isto só aconteceu graças aos maus elementos que se infiltraram nas Forças Armadas, aproveitando-se do seu estatuto e, associados à ingenuidade do povo lusitano, o fizeram crer, que a revolução era para o bem do povo. Salgueiro Maia e os seus companheiros foram enganados. Se esse ilustre militar de Abril fosse vivo, estaria hoje desiludido e procuraria redimir-se do seu grande erro, fazendo uma nova revolução para repor a legalidade e acabar com os oportunistas que invadiram Portugal após a revolução. Hoje a grande maioria dos portugueses, já não se revê no 25 de Abril. Os próprios políticos já põem em causa o modelo destas comemorações. Apenas meia dúzia de auto denominados “libertadores” do povo, festejam com euforia esta data, do mesmo modo que sentem saudades do vergonhoso muro de Berlim. Isto só vem mostrar que a revolução dos cravos em nada beneficiou o Povo português. Apenas serviu para engrandecer os políticos e enriquecer os oportunistas.
Do escandaloso caso dos altos vencimentos auferidos por certas pessoas após o 25 de Abril, só agora, depois do escândalo estar fora de controlo é que a Assembleia da República vem falar no assunto dos vencimentos elevadíssimos de certos gestores. Até aí, todos eles contribuíram para tal escândalo, associado ao igual escândalo dos vencimentos dos deputados. Também os combustíveis sofreram aumentos que apenas são explicados como aumento dos lucros das empresas e não para manter os já elevados lucros das mesmas. Ouve-se constantemente o facto de uma empresa que teve um milhão de euros de lucro, teve prejuízo, porque no ano anterior, o lucro tinha sido de um milhão e cem mil euros. Então há lucro ou há prejuízo? E assim vai o nosso país. Os políticos cada vez mais ricos e o povo cada vez mais pobre. No próximo tema, como que de uma continuação se tratasse, procurarei retratar a tão falada descolonização “exemplar”.
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