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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

DESCOLONIZAÇÃO – UM MAU EXEMPLO



Neste país à beira mar plantado, fala-se muito de uma descolonização “exemplar”, referindo-se sem o mínimo conhecimento do que na realidade aconteceu, nas ditas províncias ultramarinas portuguesas em África. Descolonização perfeita, dizem os responsáveis pela enorme debandada de portugueses radicados em África. Quem como eu, veio de lá apenas com a roupa que trazia no corpo, sabe bem que a descolonização “exemplar” não passou de uma enorme farsa mal urdida, para justificar o que uma dúzia de altos militares, fizeram em prol do comunismo internacional. A grande vontade de implantar o comunismo em Portugal, levaram à entrega das províncias ultramarinas, aos partidos apoiados pela então União Soviética, sem se importarem com os milhares de portugueses que viviam naquelas paragens. Quinhentos anos em África, deu origem a pelo menos vinte gerações de portugueses que nunca conheceram outro Hino ou Bandeira, que não a Portuguesa e, sempre os respeitaram com dignidade e o respeito devido, aos mais altos símbolos Nacionais. No entanto, estes cinco séculos de nada serviram, pois os portugueses nascidos em África, ao chegarem ao seu país de sempre, tiveram de passar pelo o humilhante processo de nacionalização através de um avô natural da Metrópole, provando assim que eram portugueses. Com vinte gerações a viver permanentemente num território que era parte integrante de Portugal, não se compreende tal exigência. Muitos perderam a nacionalidade com que nasceram e sempre viveram, graças a erros políticos de governantes medíocres. Exigir uma certidão de nascimento de um familiar de duas gerações atrás a alguém de uma família com vinte gerações fora da metrópole é qualquer coisa de desumano. Os portugueses naturais das ex-províncias ultramarinas, na sua própria terra eram considerados portugueses de segunda e no seu próprio país eram considerados estrangeiros. Isto só se poderia ter passado em Portugal infelizmente. Desde o reinado de D. João II, altura em Diogo Cão colocou um Padrão Português na foz do rio Zaire que aquele vasto e rico território passou a fazer parte do território de Portugal. Assim, era normal que as receitas provenientes dos produtos de tais territórios, como o açúcar, o algodão, o café, o cacau, sisal, ouro, pedras preciosas, petróleo e outros de menor importância, viessem directamente para Portugal. Também seria normal que os naturais destes territórios, fossem em primeiro lugar portugueses e só depois, por opção seria adquirida a nova nacionalidade. Mas não. Incompreensivelmente não foi assim! Falo principalmente de Angola, por ter um conhecimento profundo do que na realidade ali se passou. O senhor alto-comissário Rosa Coutinho, comandou toda a revolução a bordo de uma fragata portuguesa, pois teve medo de estar em terra, por saber bem a grande “borrada” que estava a preparar. Apenas se preocupou em evacuar algumas centenas de funcionários portugueses, desprezando na totalidade os milhares de outros portugueses que se encontravam nas cidades e vilas de Angola. Angola não era só Luanda, é 14 vezes e meia maior que Portugal. Sabendo de antemão que Angola tinha reconhecido internacionalmente três movimentos de “libertação”, a FNLA, o MPLA e a UNITA e que nesse contexto impunha-se umas eleições livres e democráticas, devidamente controladas por entidades internacionais, sobre a responsabilidade portuguesa, tudo fez para entregar de mão beijada Angola ao seu protegido camarada Agostinho Neto e ao MPLA, movimento apoiado pela União Soviética e fugiu para Portugal sem sequer trazer consigo a Bandeira Portuguesa que se encontrava hasteada na fortaleza de Luanda e em todos os edifícios públicos espalhados pela então Província, como era seu dever de Alto Comissário e de português. Esse senhor considerava os portugueses do ultramar como fascistas e como tal, sem qualquer valor como seres humanos. Pertencia á mesma pandilha do Otelo Saraiva de Carvalho, que queria fazer com os retornados, metendo-os no campo pequeno, o mesmo que os romanos fizeram aos cristãos no coliseu de Roma. Só que em vez de leões, usaria G3, armas desviadas pelas Fps.25 de Abril. Alguns portugueses fugiram a pé, percorrendo quilómetros e quilómetros, para chegarem ao Sudoeste Africano, outros fugiram em pequenos barcos de pesca em direcção à metrópole e desembarcaram na Madeira e no Algarve e a grande maioria, se não fosse a tropa sul-africana entrar em Angola, ir até às portas de Luanda e recolher todos os portugueses que aí se encontravam, hoje não estaria aqui a contar, assim como outros tantos milhares de portugueses, a verdadeira história da desastrosa descolonização. Os militares escolhidos a dedo para comandarem as operações, apenas se preocuparam em entregar o mais rápido possível os territórios aos comunistas e pouco mais. Fizeram um governo de transição que de transição apenas tinha o nome e por trás, permitiram a entrada de forças estrangeiras (Cubanas) em Angola, para apoiarem militarmente o MPLA e arma-lo até aos dentes. Chamar a este processo uma descolonização exemplar é o mesmo que querer fazer crer que as galinhas têm dentes. Só quem lá estava é que sabe o mau bocado que o povo português de África passou, sem qualquer apoio dos militares portugueses oriundos da Metrópole, que apenas se limitaram a ficar em Luanda para defenderem o Alto Comissariado, pois os militares portugueses de origem africana foram todos desmobilizados à pressa. Nessa altura eu era furriel miliciano do exército português e sei bem o que digo. Verem as suas casas a serem saqueadas, os familiares a serem mortos e outros levados não se sabe para onde, por elementos que se diziam militares, sem fardas, ora de um, ora de outro movimento, sem saber a quem pedir ajuda, é uma coisa que nunca se esquece. Descolonização bem feita estava a fazer o professor Marcelo Caetano, com tempo e hora, com cabeça tronco e membros, ao integrar na administração das províncias ultramarinas, pessoal natural das próprias província, em substituição dos naturais da metrópole como era hábito até então. Já se via em muitos locais, administradores de raça negra e a pouco e pouco, Marcelo Caetano estava a preparar os quadros responsáveis pela governação, para a pacífica transição de poderes. Mas aos comunistas internacionais isso não interessava, pois assim não poderiam beneficiar das riquezas das províncias portuguesas de África. Era necessário correr com os portugueses e seus descendentes. E assim foi feito, com a ajuda dos camaradas de Portugal. Não deixaram Marcelo prosseguir com o seu trabalho, esse sim exemplar. Processo idêntico ao que aconteceu com a vizinha África do Sul.
Ouvi recentemente, nos microfones da rádio renascença, um senhor que foi na altura um governante do Banco de Portugal, entrevistado por António Sala, a dizer que Portugal gastou muito dinheiro na integração dos “retornados” das ex-províncias de África. Dizia esse senhor que embora fosse um grande esforço para Portugal, foi o dinheiro português mais bem gasto pelo Estado. Esse senhor tem uma certa razão no que disse, mas esqueceu-se, que esse dinheiro empregue para integrar os “retornados”, era fruto do trabalho desses mesmos retornados no então território português em África. Portugal não deu nada do que era seu, apenas devolveu uma pequena parte do que aos portugueses de África cabia. Muito ficou ainda por ser restituído. As casas, os carros, o dinheiro que lá ficou nos bancos que eram portugueses e que não autorizaram o levantamento, são quantias muito elevadas que Portugal ainda não restituiu. Haja honestidade quando se falar dos portugueses que vieram do Ultramar, pois eles evoluíram e desenvolveram Portugal, assim como o fizeram em terras africanas. Uma descolonização feita à pressa, muito mal pensada e nada organizada não pode, em tempo algum, ser chamada de exemplar. Exemplar foi a transição de Macau. Essa sim. Exemplar até pelo patriotismo mostrado pelo governador. Um bem-haja a esse grande português que bem soube respeitar a nossa bandeira.

3 comentários:

  1. Um muito obrigado por espelhar as razões que levaram ao cobarde, traiçoeiro e antipatriótico abandono do Ultramar ocorrido como consequência do golpe de Estado do 25 de Abril de 1974. Um golpe de estado que provocou o fim de Portugal, o desmembramento sem retorno da nação Portuguesa e a morte violenta de cerca de 3,5 a 4 milhões de compatriotas nas guerras da descolonização que se seguiram a 1974 em Angola, Moçambique, Timor e Guiné.
    Rui Moio

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  2. Aconselho-o a ler os Esqueletos nos armários- Ossos da Colonização (de 1 a 9) É uma lição de História de Luiz Chinguar

    http://psitasideo.blogspot.com/2009/06/os-ossos-da-colonizacao-1.html

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  3. http://psitasideo.blogspot.com/2009/06/os-ossos-da-colonizacao-1.html

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