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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

CINZAS

Animado pelo perfume suave e agradável da Primavera, resolvi fazer um pequeno retiro pela floresta. Andei alguns quilómetros e de repente vislumbrei o lugar ideal, uma linda clareira no sopé de uma montanha, à beira de um riacho. Falei para mim mesmo, perfeito, é aqui mesmo que vou acampar. Arrumei o carro, retirei a tenda de campismo, montei-a e fui à procura de lenha para a fogueira. Limpei o centro da clareira, juntei umas quantas pedras e fiz a minha fogueirinha. A noite estava bela, o céu estrelado e a lua brilhava redonda no horizonte. Ali sentado à beira da fogueira, a ouvir os grilos a cantar, o coaxar das rãs e o crepitar da lenha, deixei fluir o pensamento, dando azo à imaginação. Passado algum tempo, depois de ter revisto alguns bons e maus momentos da minha vida, dei por mim a fazer uma comparação. – As oportunidades surgidas durante uma vida são como a lenha a queimar numa fogueira. Se não as aproveitarmos no momento certo, desaparecem e dificilmente voltam a surgir. Apenas sobram as cinzas. Normalmente as más escolhas na juventude, traz-nos amarguras no futuro e o tempo não volta a trás. Se não tivermos a coragem de avançar para o que nos parece desconhecido, nunca ficamos a saber o quão agradável poderia ter sido. A fantasia pode-nos levar à concretização de sonhos, se tivermos a coragem de a transformar em realidade. Aquilo que à primeira vista nos parece impossível é muitas vezes fácil de se conseguir. Basta, para isto, apenas ter a coragem de avançar. Assim como a lenha a queimar numa fogueira se transforma em cinza que desaparece com o tempo, também as oportunidades perdidas ficam definitivamente queimadas e desvanecem com o passar dos tempos. Por cima de mim, as estrelas vão brilhando, a lua vai subindo no firmamento, Na nossa vida, os anos vão passado e os nossos sonhos esvoaçam ao vento. Depois de uma certa idade apenas resta a saudade da juventude perdida, das oportunidades não aproveitadas, dos sonhos não sonhados e das vontades não realizadas. De repente, fez-se silêncio, uns breves segundos sem ouvir os grilos, sem ouvir as rãs! O que se terá passado? Que silêncio atroz é este que me atormenta? Nada de sobressaltos, é apenas a mãe Natureza a ouvir o meu pensar. Que alívio, os grilos cantam, as rãs coaxam e a água do ribeiro corre mais veloz que nunca. É a vida noctívaga a lembrar que também existe. Diante da fogueira veio-me outro pensamento. O passado tão próximo e tão distante. A juventude afinal não foi tão má! Os tempos eram outros, as ideias menos avançadas, mas também fazíamos as nossas traquinices. Entre o masculino e o feminino sempre houve atracção. Naquele tempo com mais respeito, é certo, mas não deixava de ser agradável. O sexo era menos frequente, mas também era uma realidade. Então qual a mágoa? Nenhuma! apenas uma bela saudade. Afinal o tempo passado não foi perdido, mas está acabado, não volta mais. Assim como a madeira queimada e transformada em cinzas, não mais se solidificará, não mais servirá de aquecimento aos amantes ciosos de calor. De repente, lembrei-me do presente. Este tempo que vivo com constantes sobressaltos, não que esteja a correr mal! Nada disso. Do presente também não me posso queixar. A máquina biológica com comanda o meu corpo, trabalha quase na perfeição. Digo quase na perfeição porque perfeito ninguém é. As traquinices da meninice transformaram-se em aventurazinhas saudáveis e gostosas, tudo rola com uma agradável sensação de bem-estar. Então e o futuro? Bem! esse é incerto. Vamos vivendo o melhor que podermos enquanto a mãe Natureza não nos chama. É preciso não perder a consciência de que mal nascemos, começamos logo a descontar os dias da nossa permanência neste Planeta. Ele não é nosso; apenas nos é permitido aqui viver. A lua, essa eterna enamorada, sempre brilhou e continuará a brilhara e a fazer lembrar à humanidade que o amor, ao contrário da vida, é infinito. A minha fogueira ficava cada vez mais fraca, o corpo mais cansado e a lua cada vez mais alta e brilhante. Uma mulher aparecendo do nada, pediu abrigo na minha tenda. Fomos dormir e sonhei que estava no paraíso. Acordei no aconchego do meu quarto, deitado na minha cama é reparei que tudo não tinha passado de um sonho. Um agradável sonho é verdade, mas não deixou de ser um sonho.

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