Quando era miúdo, pensava!
Que tudo se resolvia então.
Bastava arranjar uma desculpa,
Para obter um perdão.
Uma fisga no bolso dos calções,
Pedrinhas redondas no bolso,
No pensamento recordações,
Dum tempo que se vivia solto.
O ponteiro do tempo não parou,
A vida seguiu em frente,
O tempo passado não voltou!
A idade é agora presente.
Na penumbra do meu quarto
Oiço as horas passar,
Corpo presente, alma solta.
Tudo que no pensamento guardo,
Acordado não quero lembrar!
A dormir o passado volta,
Lembrando o meu legado,
No silêncio do meu quarto.
Dedos ágeis tangem as teclas,
Do Kissange que oiço tocado.
Som que recordam mesclas,
Que lembram a terra amante,
Mistura de sangue constante.
Vêm-me à memória montras vagas,
Terra vermelha em caminhos pisados,
Planos ou terminados em fragas.
Rios, vales e montes imaginados.
CARLOS CEBOLO
Léxico Angolano
Kissange – Instrumento musical
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