O VELHO PESCADOR E O GOLFINHO
No país do faz
de conta, havia um pescador velhinho que vivia só na sua cabana junto ao mar.
O velho pescador
tinha um barquinho de madeira com o qual pescava alguns peixes para vender e
para comer. Mas só pescava quando não tinha nada para comer.
Um dia o
pescador acordou cedo e reparou que na sua cozinha nada tinha para comer.
Preparou no seu barquito e lançou-se ao mar, para pescar.
O dia estava
lindo, cheio de Sol e prometia ser um bom dia de pesca, mas as horas passavam e
o pescador não pescava nada.
Já ao fim do
dia, o pescador ao recolher a rede, viu que trazia algo muito pesado e pensou
ter apanhado muitos peixes.
Quando recolheu
toda a rede, reparou que afinal não tinha apanhado muitos peixes, mas apenas um
golfinho que se debatia com as redes.
O pescador que
gostava muito dos golfinhos, rapidamente cortou as redes e soltou o animal que
alegremente nadou em liberdade, sempre junto ao barquinho do pescador e de vez
em quando, brincava com ele, atirando-lhe jatos de água.
O pescador com
as redes cortadas resolveu voltar para terra, pois com aquelas redes não iria
apanhar nada.
Embora cheio de
fome, o pescador ia contente por ter salvado o golfinho e pensava:
- Não faz mal. Um dia com fome não se morre,
amanhã será outro dia.
Antes do Sol se
pôr, o pescador arranjou a rede e guardou-a no barquinho.
No dia seguinte,
o pescador acordou cedo e voltou ao mar com o seu barquinho.
Ao entrar na
água, viu que o golfinho estava à sua espera e quando viu o pescador,
alegremente começou a dar saltos de alegria e a nadar sempre em frente ao
barquinho.
O velho pescador
seguiu o golfinho e quando este parou, resolveu lançar a sua rede para ver se
apanhava alguns peixes.
O golfinho
mergulhou e desapareceu.
Uma hora depois,
o golfinho apareceu e começou a lançar água ao pescador.
O pescador
entendeu que o golfinho queria que ele puxasse as redes. E assim fez.
Sentiu que a
rede vinha novamente com muito peso e pensando que pudesse ser outro golfinho,
rapidamente puxou a rede e viu que esta trazia alguns peixes e um baú no fundo
da rede.
Com tudo dentro
do barquinho, o velho pescador abriu o baú e viu que estava cheio de moedas de
ouro muito antigas.
O pescador muito
feliz olhou para o golfinho e viu que este trazia na boca uma ostra que atirou
para dentro do barco.
O golfinho
alegremente mergulhou, passou por baixo do barco e apareceu do outro lado.
Como o pescador
estava de costas a olhar para o lado onde o golfinho tinha mergulhado, não viu
que este tinha passado por baixo do barco e aparecido do outro lado.
O golfinho
chamou a sua atenção, lançando um jacto de água nas costas do pescador.
Quando este se
virou, o golfinho mergulhou e meteu a cauda fora da água e fez adeus ao
pescador e desapareceu.
O pescador
voltou para terra assou uns peixes, comeu e só depois é que foi arrumar as
coisas.
Como era um
homem honesto, sabia que os tesouros encontrados no mar teriam de ser entregues
às autoridades. Por isso foi á Polícia marítima e entregou o baú com as moedas
de ouro ao comandante, contando a sua história.
Foi para casa
feliz por ter cumprido com o seu dever e ao chegar à sua cabana, lembrou-se da
ostra. Foi ao barquinho procurar e encontrou a ostra junto à rede de pesca.
Ao abrir a
ostra, viu que esta tinha uma grande pérola negra dentro.
Retirou a pérola
e reparou que era de um negro muito brilhante. Era linda e refletia raios de
luz prateada. Guardou-a no bolso das calças e foi para a sua cabana.
Na hora do
jantar, lembrou-se que se vendesse a pérola, podia comprar um bom bife para
comer, pois há muito que só comia peixe. Tirou a pérola do bolso e esta
refletiu um raio de luz prateada em direção da pequena mesa que o pescador
tinha no centro da cabana.
No local onde a
luz poisou, apareceu um prato com um bom bife, com batatas fritas e um ovo
estrelado. O pescador admirado olhou para a pérola e disse:
- Será que és
mágica? Ou eu estou a ver coisas?
Foi junto à mesa
e viu que o bife era verdadeiro. Contente sentou-se para comer e pensou em voz
alta:
- Agora só faltava um bom vinho para
acompanhar este manjar.
Nisto, a pérola
brilhou novamente e apareceu uma garrafa de vinho.
Assim, o velho
pescador teve a certeza de que a pérola que o golfinho lhe tinha oferecido era
realmente mágica. Bastava pedir algo à pérola que ela dava. Mas como o pescador
não era ganancioso, só pedia o que necessitava.
Passado alguns
dias, o comandante do Porto mandou chamar o pescador e entregou-lhe uma mala
com muito dinheiro que era a recompensa dada pelo Estado por ter achado e
devolvido o baú com as moedas antigas e raras que estavam agora num museu.
O pescador ficou
rico, mas não deixou de ir ao mar com o seu velho barquinho. Só que nunca
lançava a sua rede. Ia sempre com a esperança de encontrar o seu amigo
golfinho, para lhe agradecer. Mas o golfinho nunca mais foi visto.
O velho pescador
viveu sempre na sua cabana junto ao mar e todos os dias saia com o seu
barquinho para dar uma volta pelo mar.
As pessoas que o
viam perguntavam uns aos outros o que ele ia fazer, mas ninguém sabia o motivo.
Só o velho pescador tinha a esperança de um dia encontrar novamente o seu amigo
golfinho para lhe agradecer.
Carlos Cebolo
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