FRIO
Passo a passo se aproximou,
Com seus pés de veludo cinzento,
Sem custo, entre nós se fixou,
O frio sentido ao relento.
Sem neve ou chuva miudinha,
Corta o ar na melancolia,
O inverno que se adivinha,
Será fértil na ventania.
Neste azul cinzento do céu,
A humidade que entranha,
Na alma de um chão que já perdeu,
Essa cor bela da castanha.
Fico olhando para os sinais,
Daquele irmão que hoje é mendigo,
Que por não serem imortais,
Este frio é seu inimigo.
Pés descalços e doloridos,
Teto e cama de papelão,
No rosto traços definidos,
Da verdadeira solidão.
Este frio que cai mansinho,
No cinzento da sua dor,
Foi traçado devagarinho,
Neste Mundo sem ter amor.
Carlos Cebolo
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