SURDINA
No sossego da noite a coruja canta,
Num esvoaçar que torna o ar sombrio.
Pálida, aparece essa lua que encanta,
No contraste daquele pio, em desafio.
Lá longe, toca o sino do campanário!...
No seu tocar, anuncia a sua prece
E acompanha o chorar das águas do rio,
Que pouco a pouco, com o frio, esmorece.
No caminho do campanário, as neblinas
Encobrem aquele céu escuro e vazio,
Onde só o vento, se esconde nas colinas,
Armazenando nessa humidade, o frio.
Nesse silêncio, o medo pânico aperta,
Perturbando um coração triste e vazio,
No desassossego desse alma deserta,
Que caminha só, com aquele seu ar sombrio.
E cai a noite naquele dia já morto,
Levando com ele aquela alma divina,
Que encontrou na morte, o último conforto,
Daquele seu triste caminhar em surdina.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/