LER A VIDA
Recebe-se uma herança
inesperada,
Como um livro fechado que
se abre,
E não há nada que não
acabe,
Nem mesmo o clarão de uma
alvorada.
Todo o humano carrega o
livro seu,
Para o ler até à
eternidade,
O livro profundo sem
idade,
Lembrará o amo que já
morreu.
No passar dos anos, corre
a vida,
Sem ter esse alcance
transcendente,
Da folha já lida e
percorrida,
Não vê seu caminho
refulgente.
Perto de fim da vida
terrena,
Na sabedoria deixou
guardado,
Tudo aquilo que valeu
apena,
Naquele penoso caminho
andado.
E assim deixou sua vida
lida,
Por entre as folhas de um
livro aberto,
Puros sonhos da vida
sentida,
Da solidão que foi seu
deserto.
Carlos Cebolo