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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 31 de agosto de 2018




PROMESSAS
(Politicamente falando)

No falar de moralidade,
Existe apenas um senão,
É fingir já não ter idade,
P´ra se meter em confusão.

O senhor doutor fala bonito,
Pensando que tudo está certo!
Nesse falar não acredito,
Nem colho cravos num deserto.

Com bons modos o povo aldraba,
Políticos de fraca montra,
No abrir dos olhos tudo acaba
E no final é tudo contra.

Contra o povo a quem votos pede,
Nesse fervor das eleições,
Acabando, nem se despede
E as promessas não são acções.

Política não é desporto,
Só não muda quem não quer ver,
Leve o barco para bom porto,
Com o capitão que se escolher.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 29 de agosto de 2018



CÂNTICO MORIBUNDO

O meu cantar tornou-se moribundo
E todos os lamentos ouvem-se ao longe,
A descoberto do seu traje monge,
Grito surdo deste meu mar profundo.

Se a bela visão fosse fantasia,
Em ti eu não sentiria risos,
Nem meus gestos seriam indecisos
E esse tormento não o sentiria.

Amar-te seria minha aventura,
Por entre os sonhos dos meus desvarios,
Teus braços aqueceriam meus frios
E a vida não seria desventura.

Ai!... Se contigo pudesse eu sonhar
E esse sonho ser uma realidade,
Voltaria a ter essa mocidade
Perdida no tempo sem esse amar.

Carlos Cebolo



segunda-feira, 27 de agosto de 2018




FESTEJOS

Do centro desta vila
Vila de Darque chamada
Passa gente em debandada
Domingueira que vai à feira
Naquela louca canseira
Que da vila se faz vida

Reza ao Senhor da saúde
Que em Agosto tem romaria
Faz a história com atitude
De um velho cais que ganha vida
Com festejos na hora tardia
De gente assim divertida

Se S. Sebastião saísse
Do seu pedestal na igreja
Bem lhe pagava um cafezito
Sem promessa de quem o visse
Um voto de assim seja
Com todo o seu gabarito

Se da festa sair animado
Como animada fica a vila
O bom Darquense atarefado
Que sempre espera alguém
Está pronto a entrar na fila
Mesmo dançando com ninguém

Carlos Cebolo




sexta-feira, 24 de agosto de 2018



TRISTE AMOR

Neste meu prazer tangente de mágoa,
Além do teu corpo, quero o impudor
Das carícias quentes do teu amor,
Sabor refrescante das frias águas,
Acalmando toda essa minha dor.

No crepúsculo do dia a estrela vela,
Pelo amor que ficou além do amor,
Que o nascer d’aurora pouco revela,
As mágoas sentidas na minha dor,
Entre a luz escassa da guia estrela.

E assim, seguindo quem já vive ausente,
De quem o mesmo amor também reclama,
Apaga a chama que o amor não consente,
Deixando esfriar a já fraca chama,
Memórias esquivas da própria mente.

Imaginação do olhar que adormece,
Entre suspiros que já não concedo,
Nem em sonhos onde o amor aparece,
Enfraquecido com todo o seu medo,
O triste amor que aos poucos desfalece.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 20 de agosto de 2018




POR DETRÁS DO ESPELHO

Salpica de sangue essa terra vermelha,
Com gotas naturais da triste beleza,
Naufraga na encruzilhada da incerteza,
Espelho de água que a nada se assemelha.

Enganos e mentiras de uma traição,
Por entre feitiços da cúpula do tempo,
Imagem reflectida de um contratempo,
Do outro lado do espelho essa solidão.

Essa fecunda terra que lhe deu pão,
Da qual foi arquitecto e seu pintor,
Dessa vida também seu grande escultor.

Sem ter qualquer temor ou hesitação,
No desbravar da terra sempre venceu
E por detrás do espelho a vida perdeu.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 15 de agosto de 2018



SEMPRE ALEGRE VIVE A ESPERANÇA

Sempre alegre vive a esperança,
Neste meu peito assim desnudo,
Eco do grito sempre mudo,
Neste tempo sempre em mudança.

Gostos falsos assim fingidos,
Com o tempo trazem seu pavor
E acentua esse desamor,
Dos gritos surdos já sentidos.

Quem se cansa na fantasia,
De ter amor com perfeição,
Terá sempre essa alma vazia.

Vazia do amor verdadeiro,
Nos cuidados sem isenção
Como aquele seu amor primeiro.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 13 de agosto de 2018



OCASIÕES

Se em mim vive a inseparável lembrança,
Daquele tempo passado que foi meu,
Sonho e velo nos braços de Morfeu,
Renascendo em mim, toda essa esperança,
Do nosso amor que ainda não morreu.

Se com desdém afastas meu desejo,
Refugio cansaço do teu tormento,
De tal sorte não serei eu isento,
Das mágoas sentidas no nosso beijo
e solto flui todo esse pensamento.

Se alguma hora, essa tristeza foi suave,
Como suave será o fraco vento,
Na brisa que sopra nesse momento,
Saberei que o momento não é grave
E juntos venceremos o tormento.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 10 de agosto de 2018



ILUSÃO (REBITA)

Faz-me falta aquela rebita,
Som do batuque encandecido,
Bela mulata que acredita,
No simples olhar do seu sentido.

E aquela mulata gentia,
Vestido de chita a rodar,
Lembrança do amor que partia,
Nas lágrimas do seu chorar.

E a rebita continuava,
Na noite quente do sertão,
Lágrimas que o rosto molhava,
Na tristeza do coração.

Nessa tristeza vai dançar,
Semblante triste e indeciso,
Aquela mulata a chorar,
Disfarça a dor com seu sorriso.

Mais tarde vai adormecer,
Nessa velha esteira de palha,
Com o seu pensamento a correr
E não há sonho que lhe valha.

Carlos Cebolo



quarta-feira, 8 de agosto de 2018



EFÉMERA PAISAGEM

Pensativo, olho o horizonte!...
Montes e vales que alcanço
Como a água serena do rio que corre,
Seguindo o caminho da eternidade.
Em estuário calmo se espraia,
Num abraço mortal que alimenta
Aquele amor que foi seu
E do velho mundo se ausenta.

Olhando mais além,
Por onde esse rio corre,
Caminhos estreitos
E longínquos precipícios,
Vejo em seu redor.
Sombras vagas com seus suplícios,
Lavam nas águas a sua dor,
Do grande amor que ficou aquém.

Altos montes no seu pedestal,
Olham o rio que sereno corre,
Naquele sopé traçado pelo verde vale
E o longínquo mar onde ele morre,
Naquele abraço do seu final.

Efémeras são aquelas doces águas
De um rio que se quer eterno,
Na beleza de tal paisagem,
Onde montes e vales criam
O próprio céu e o seu inferno,
Lavando as tristes mágoas.

Com o passar do tempo,
Tudo pode acabar!...
O bicho homem se encarregará
De tudo ser efémero.
As montanhas deixam de o ser,
Os rios perdem o seu curso
E o próprio mar,
Nesse contratempo,
Das suas dunas se afastará.

Carlos Cebolo






segunda-feira, 6 de agosto de 2018



BRANDO SENTIR

Esta manhã, o nevoeiro cerrou,
No sentir de uma cama sempre fria,
Migalhas de um prazer que se sentia,
Naquele amor que com o tempo passou,
Por entre os sentires que a paixão levou.

São fluxos da vida com seu esteio
Manchados pela rotina sentida,
Nesse pensar do passado da vida,
Sabores amargos, familiar e caseiro
Por onde canta mais alto, o amor primeiro.

São ideias trocadas de uma vida
Que se atravessa olhando esse passado,
Tão natural, tão belo e desejado,
Onde aquela flor do amor foi sentida
E a paixão não se encontrava perdida.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 3 de agosto de 2018



MÃE ÁFRICA

Foi árvore, deu mirangolo,
O sabor da maravilha,
Essa mãe preta e o seu colo,
No aconchego sem mantilha.

Deixa a verdadeira vida,
A árvore do meu saber,
Sentiu-se infeliz na partida,
Naquele triste amanhecer.

Da terra triste e queimada,
Na saudade lembra a vida,
Com essa lágrima chorada,
O seu filho na partida.

Deu sombra ao seu homem branco,
Criou as próprias raízes,
O cultivo em lume brando,
Desses tempos infelizes.

Pelo povo deu a vida,
Mirangolo no saber,
Colheu o sol de cada dia,
Com ele plantou seu amor.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 1 de agosto de 2018




DEVAGAR

Devagar meu amor que o tempo escoa,
Como a vida que foge no presente,
Na estrela mais brilhante o sonho voa
E o passado que foi, já não se sente.

Guardado na memória mais profunda,
As palavras e os olhares de um indeciso,
Cheiros e sabores que não se confunda,
Na ternura sempre que for preciso.

Nos versos mais remotos que eu fiz,
Falar de nós foi sempre intemporal,
Como intemporal será ser feliz.

Essas memórias que ouso recordar,
Fechadas no jardim do Eder final,
Lembra-me que ainda há tempo p’ra amar.

Carlos Cebolo