EFÉMERA PAISAGEM
Pensativo, olho o horizonte!...
Montes e vales que alcanço
Como a água serena do rio que corre,
Seguindo o caminho da eternidade.
Em estuário calmo se espraia,
Num abraço mortal que alimenta
Aquele amor que foi seu
E do velho mundo se ausenta.
Olhando mais além,
Por onde esse rio corre,
Caminhos estreitos
E longínquos precipícios,
Vejo em seu redor.
Sombras vagas com seus suplícios,
Lavam nas águas a sua dor,
Do grande amor que ficou aquém.
Altos montes no seu pedestal,
Olham o rio que sereno corre,
Naquele sopé traçado pelo verde vale
E o longínquo mar onde ele morre,
Naquele abraço do seu final.
Efémeras são aquelas doces águas
De um rio que se quer eterno,
Na beleza de tal paisagem,
Onde montes e vales criam
O próprio céu e o seu inferno,
Lavando as tristes mágoas.
Com o passar do tempo,
Tudo pode acabar!...
O bicho homem se encarregará
De tudo ser efémero.
As montanhas deixam de o ser,
Os rios perdem o seu curso
E o próprio mar,
Nesse contratempo,
Das suas dunas se afastará.
Carlos Cebolo
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