SERÁ QUE TE LEMBRAS DE MIM?
No meu peito,
Sempre essa dúvida!...
Mas tu sabes que é assim,
Sempre foi assim entre nós.
Se olho para o céu a contemplar a lua,
Se junto à lareira, abro um livro
Ou simplesmente atiço o lume,
Lembro-me de ti
E sem pensar faço um apelo:
Não me renegues,
Lembra-te sempre de mim,
Não me deixes de amar,
Pois estando longe,
De ti estarei sempre perto
E o meu coração é teu,
Como sempre foi.
Os teus aromas
Vivem em mim
E o teu sabor,
Em mim não se perde,
Tudo me leva a ti.
Com mágoa,
Começo a sentir a tua distância,
E o teu amor mais distante
E assim,
Também eu não te poderei amar
Na eternidade pensada
E a pouco e pouco
Deixar-te-ei de te amar.
Não penses que por estar longe,
Num outro hemisfério,
Num outro cordão do tempo,
Formei outras raízes.
Não!...
As minhas raízes são as tuas
E o húmus que nos alimenta é o mesmo,
Mas a tua vontade de liberdade
Fez-te esquecer os filhos teus.
E se me esqueceste,
Também eu,
A pouco e pouco,
Vou procura-lo fazer.
Se o meu cheiro já não te incomoda,
Se sentires necessidade de mim,
Abre os teus braços
E eu abraçar-te-ei
Como um filho Pródigo.
Pois eu saí de África,
Mas África permanece em mim
E se o teu nome é N´Gola,
Para mim será sempre Angola.
Carlos Cebolo
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