ILUSÕES DE UM
SENTIMENTO
O amor não se encontra na certeza do tempo,
Mas antes numa simples troca de olhares
E o sentimento produzido na emoção que,
Sem qualquer querer, desassossega o coração.
No poder de se libertar de uma sujeição,
O amor traça um outro destino, por vezes inesperado,
Sem compromisso ou sujeição que nos faz viver.
E mesmo aquele brusco repousar da emoção
Que traça no âmago a vontade de morrer,
É vencida no
percurso da vida de um novo amanhã.
A Morte sim. Sem ilusões, sem magia é o fim do amor,
Tudo o resto são
mutações de um temporal da alma
Que ano após ano corrói o corpo mas mantém viva
Aquela chama ardente que alimenta o amor.
Todos os dias, um pouco de nós se vai,
A vida corre solta nos temporais da alma
E ano após ano, se acentua a decadência
Que nos transforma na ilusão do viver.
Fica em nós apenas intervalos de uma eternidade
Crescente para o mundo físico que nos rodeia,
Mas que apenas um pouco nos toca.
Na certeza do tempo que corre vertiginosamente,
Instala-se o futuro na sua distância do presente vivido,
Deixando a figura da ilusão no pensamento,
Como se a memória construída, fosse o amanhã.
O amanhã que se procura alcançar como vitória
Nessa distância que nos separa da vida,
Dissipa-se na mudança onde o medo se instala
E transforma essa vitória na pior das ilusões.
Carlos Cebolo