Acerca de mim

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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 31 de julho de 2020



UM SÓ POVO

Das histórias contadas, não fica memória,
De outros factos, meio milénio de existência,
Hoje certas lendas fazem a sua história,
Da bravura heroica se fez consciência.

Entre doenças se travou aquela luta,
Com o inimigo que nunca foi humano,
Cor da pele é desculpa que não resulta,
O amor ao povo e a gente não era engano.

No desbravar das matas se criou vida,
Febres desconhecidas foram vencidas
E o povo se juntou na alegria sentida.

Floresceu toda essa miscigenação,
Café e leite nas noitadas perdidas,
E assim foi criada a nova geração.

Carlos Cebolo


quinta-feira, 30 de julho de 2020



ERRANTE

Corre o tempo no seu querer,
Sem ódio, amores e paixões,
Leva para bem longe esse fado,
O fado que nos faz correr,
Sempre atrás de outras sensações,
À procura do desejado.

Colhe-se flores pelo caminho,
Sem cuidados na correria,
Toca tudo com sentimento.
Pelo ar deixa seu carinho,
Com perfume e sabedoria,
Ser levado pelo vento.

E corre a água pelo rio,
Sempre em direção do mar,
Entre rochas e penedos.
Do inverno transporta o frio,
Da noite colhe o luar,
No seu leito os seus segredos.

Carlos Cebolo




quarta-feira, 29 de julho de 2020



CANÇÃO DO MAR

Adoro o mar!
Areia fina, água salgada,
Brisa fresca ao luar,
Aquela imagem desejada.
Ver o tempo que passa,
Com o coração a palpitar,
Sentir toda a graça,
Contra o vento caminhar.

Adoro o mar!
Sentir o sabor das ondas,
Rebeldes na calmaria,
Suaves no seu arrebentar,
Com suas formas redondas
São mestres em sabedoria.

Adoro o mar!
Tão antigo como o mundo,
Um eterno criador
Que também nos faz chorar,
Com pensamento profundo,
Toca-nos com o seu amor.

Adoro o mar!
Espaço livre de lazer,
Poder por ele navegar,
Relaxar o meu sofrer.
Sentir toda essa emoção
Do vai e vem ondulante,
O prazer que as ondas dão
Com seu movimento constante.

Carlos Cebolo




terça-feira, 28 de julho de 2020



TUDO É SILÊNCIO

Gestos suspensos no silêncio
Das palavras que não foram ditas,
Nesse escutar constante do desejo,
Desenhando o sabor do teu beijo,
Na ânsia da tua libertação,
Quando deixas fluir o silêncio.

Da espera se faz o silêncio,
Nesse olhar que se faz sentir,
Como se nada mais houvesse além
Desses olhos amados de ninguém,
Tocados num cruzar de um instante,
Onde as palavras são o próprio silêncio.

Do instante nasce o silêncio
Como se do nada se fizesse luz.
Música ouvida no pensamento,
De quem é tocado pelo sentimento
No respirar da própria canção,
Onde a verdade é somente o silêncio.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 27 de julho de 2020



SILÊNCIO DO INFINITO

No silêncio do infinito,
Nessas tuas mãos me deito,
No aconchego do teu peito,
Sonho incerto que medito.

Sinto o destino que geme,
Nos meus dedos de veludo,
Que esse teu corpo desnudo,
Mão firme que roda o leme.

Teus abismos constelados,
Mãos que te fazem vibrar,
Magia no acariciar,
Teus cabelos ondulados.

A minha mão que é a tua,
Linhas firmes no seu traço,
A desejar teu abraço
E querer-te toda nua.

Na incerteza de quem sou,
Por sentir tal solidão,
Minha mão na tua mão
No momento em que me dou.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 24 de julho de 2020



TUA AUSÊNCIA

Dói-me a tua ausência!
É uma dor que não magoa,
Mas fere de morte a alma
E limita a inocência.
Deixo de sentir na retina
A tua imagem de menina
E o meu olhar não te toca,
Como seria meu desejo.
Em mim ficou só a tristeza,
Olhos cansados de mágoa
E o sentir de um sonho
Que não chegou à realidade.
Como a poesia que acontece
No verão escaldante,
Também o amor se retrai
Se não for tocado pelo sonho
Do desassossego que criaste.
Talvez o embaraço te faça ceder,
Ou a imaginação obscura do sonho
Simplesmente te turva o olhar,
Fechando a memória do pensamento.
Tudo é e foi, fantasia do momento,
O cântico da sereia feiticeira
Que à beira mar se formou,
 Lembrando-me que a tua ausência me dói.

Carlos Cebolo


quinta-feira, 23 de julho de 2020



TOCA-NOS O LUAR

Colho na brisa sussurrante a tua voz,
No nascer do sol, o brilho do teu olhar,
Naquele segredo do encontro não estamos sós,
Sentimos sobre nós o intenso luar.

A poesia pinta a vida em tons dourados,
Vai declamando todo esse amor sentido,
O momento triste e desassossegado
Da doçura da mulher, num cálice invertido.

No horizonte, traço de água que me acalma,
Sem quebrar o harmonioso som das cornetas,
Ouvido nesse discernir olhar da alma.

Para ti mulher, voa o meu pensamento,
Com primaveril odor das violetas,
Procuro o teu olhar em qualquer momento.

Carlos Cebolo



quarta-feira, 22 de julho de 2020



ANSIEDADE DE UMA SAUDADE

A ânsia, irmã gémea da espera,
As palavras que o silêncio forma
No instante em que o amor desespera,
Pela vida que assim se transforma.

Dizes-me que o amor é um sentimento,
Escutado no som dos teus gestos,
Ideias que formam o movimento,
Pedaços que se juntam dos restos.

Entre um e outro, o acaso existe,
Na fixidez olhar dos amantes,
Onde o sonho deixa de ser triste.

A adivinha que forma esse olhar,
Onde tudo nos parece instantes,
Vinga a saudade que quer ficar.

Carlos Cebolo



terça-feira, 21 de julho de 2020



NATUREZA VIVA

No sorriso do rosto se confunde o interior da alma,
A brevidade por vezes, é mais longa que a madrugada
E em Setembro se ouve o murmurar do vento
E aquele adormecer da erva que seca, chama pela chuva.
As rubras papoilas dobram os caules numa vénia perfeita,
Em honra da chuva outonal que se aproxima de mansinho,
Renovando a inocência numa esperança há muito vivida.
A ferida que sangra das pétalas emurchecidas se fecha
E a seiva pálida, fértil de sémen atraem os insectos
Que promovem a mudança, perpetuando a vida.

Longas linhas do tempo se cruzam com o desejo,
Numa permanência que suporta toda essa ilusão
Que as estações se alimentam da felicidade sentida,
Como se o tempo pudesse fazer parar o instante.
Os amantes, não deixam de ser amantes no outono,
Voltando a renascer em cada primavera implantada,
Onde o divino fluído mantém todo o seu florescer,
E o amor sentido não despe o manto da memória.
A ilusão deixa de o ser e a separação se torna saudade
Do momento vivido e sentido no zumbido dos insectos.

Carlos Cebolo




segunda-feira, 20 de julho de 2020



ILUSÕES DE UM SENTIMENTO

O amor não se encontra na certeza do tempo,
Mas antes numa simples troca de olhares
E o sentimento produzido na emoção que,
Sem qualquer querer, desassossega o coração.
No poder de se libertar de uma sujeição,
O amor traça um outro destino, por vezes inesperado,
Sem compromisso ou sujeição que nos faz viver.
E mesmo aquele brusco repousar da emoção
Que traça no âmago a vontade de morrer,
 É vencida no percurso da vida de um novo amanhã.
A Morte sim. Sem ilusões, sem magia é o fim do amor,
 Tudo o resto são mutações de um temporal da alma
Que ano após ano corrói o corpo mas mantém viva
Aquela chama ardente que alimenta o amor.

Todos os dias, um pouco de nós se vai,
A vida corre solta nos temporais da alma
E ano após ano, se acentua a decadência
Que nos transforma na ilusão do viver.
Fica em nós apenas intervalos de uma eternidade
Crescente para o mundo físico que nos rodeia,
Mas que apenas um pouco nos toca.
Na certeza do tempo que corre vertiginosamente,
Instala-se o futuro na sua distância do presente vivido,
Deixando a figura da ilusão no pensamento,
Como se a memória construída, fosse o amanhã.
O amanhã que se procura alcançar como vitória
Nessa distância que nos separa da vida,
Dissipa-se na mudança onde o medo se instala
E transforma essa vitória na pior das ilusões.

Carlos Cebolo




quinta-feira, 16 de julho de 2020



SACRIFÍCIO DO PRAZER

Apenas um vazio que tudo ocupa,
No murmúrio do dia ouve-se o silêncio,
Uma entrega que não serve de desculpa,
Esse prazer que se tornou sacrifício.

 Nos pinhais, oferta que se chama amor,
Mostrando o riso que se esforça por ter,
Tinge de ilusões esse desejo de dor,
Na sobrevivência que as faz tremer.

Como se o tempo fosse apenas um momento,
A vida vivida como a brisa que parte,
Serão sonâmbulas de um triste sentimento,
Já tão antigo como a mais formosa arte.

Carlos Cebolo



quarta-feira, 15 de julho de 2020



PRELÚDIO DE UM DESEJO

As flores seguem o seu curso solar,
As águas fluem das secas nascentes
E do outro lado da abóbada, o dia virou noite,
Como por magia de uma constante translação,
O movimento que se confunde com o ser.

Dentro de nós, as incógnitas, êxuis de tudo
Que nos rodeia o interior de um cinzento tédio,
Sem brilho do movimento que nos confunde
E que envelhece o invólucro que nos rodeia,
Como se apenas a alma tem o seu eterno valor.

Olhe o horizonte até que o olhar se cruze no eixo
E sinta a sua presença num novo reencontro,
Activando essa metamorfose que nos transforma
E que nos faz descer os negrumes degraus da vida,
Rejuvenescendo este corpo onde o tempo se instalou.

Prenúncio de uma Era primaveril que reaparece,
Com a frescura da nova fermentação do desejo
Que o uníssono querer dos amantes alertou
Esta memória que construirá sempre um amanhã
Que traga com ela, o sabor indefinido do teu beijo.

Carlos Cebolo



terça-feira, 14 de julho de 2020



O MANTO DA MEMÓRIA

O manto da memória tem o seu movimento,
As palavras trocadas lembrando essa partida,
A brisa que se levanta, lembra o sentimento,
Dessa súbita tristeza no sonho sentida.

Assim se passou o sonho, no sopro da aragem,
A meditação que o próprio tempo levantou,
Palavras ditas entre amantes em viagem,
Que esse tempo, de as apagar se encarregou.

No sentir, o perder da esperança dessa ilusão,
O peso de se ter construído um novo mundo,
Naquela terra distante com amor tão profundo.

Vento preso no ar corrói a recordação,
No sentir da clausura de todo um sentimento,
Retido no tempo, as emoções em movimento.

Carlos Cebolo

segunda-feira, 13 de julho de 2020



TEMPESTADE

O sopro constante desta ventania,
Abre-me a porta da alma que chora,
Deixando sair pedaços da solidão,
Destruída na já fraca memória
Por onde a noite se instalou.
O nosso mundo não pode descansar
Nem permitir tréguas nesta luta
Que ceifa folhas como de Outono se tratasse.

O limbo criado não pode ser constante
E a vida não pode ser espelho sem reflexo.
Fecha-se a porta das almas entristecidas
Neste combate que nos desespera
E a perseverança vencerá o incerto
Desse horizonte árido que florescerá,
Abrindo a porta colhendo a primavera.

Entre o silêncio, ouve-se o incessante lamento
E o desejo constante e firme da renúncia
De não se deixar vencer pelo frágil destino
Da nuvem negra que se instalou em nós,
Vertendo o seu veneno como lenta bebida
Que nos consome a alma, impondo solidão.
Apaga-se a imagem da noite invernosa
E o amanhã será a desejada eternidade.

Carlos Cebolo



sexta-feira, 10 de julho de 2020



MOVIMENTO DAS RAÍZES

Perco-me no labirinto da saudade,
De longe, toco as paredes da paisagem,
Naquela ignorância da triste viagem,
Que foi feita tangendo a minha mocidade.

Sentir um outro movimento das raízes,
Para além do humano, os deuses se ocultaram,
A terra rude que no tempo desbravaram,
Nessa autoridade dos deuses, foram juízes.

Dissipado o sonho que no tempo tiveram,
Essa lâmina do desânimo surgiu
E sem uma forte escora o império ruiu.

Uma ânsia diferente os antigos sonharam,
Esse sonho que se constrói dentro de nós,
Foram memórias de infância desses avós.

Carlos Cebolo

quinta-feira, 9 de julho de 2020



O VOO DA FÉNIX

Acordado penso como quem sonha,
Do outro lado do espelho a tua imagem,
Um quadro, coisas vagas ao fim do dia.
Na imaginação, uma natureza morta…
Fita do tempo de uma vida,
Vivida na incerteza que se espelha
Entre espaços diversos que se cria.
Esvazio no meu, o brilho do teu olhar
E nessa inesgotável vontade,
Sugo o sabor do teu corpo,
Na nudez que a alma se apresenta
E deixo rolar o pensamento.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 8 de julho de 2020



ACORDAR

O dia amanheceu sem o teu sorriso,
Sem luz e alegria do teu olhar
Que o céu roubou no momento preciso,
Quando no meu sonho te estava a beijar.

Dia triste que se diz ser verão,
Com uma névoa impondo o seu lamento,
Desenha o contorno do coração,
Que quer soltar um novo sentimento.

No amanhecer, nem sempre estamos sós,
Luz diferente entra pela janela,
Ouve-se o som, mas não essa tua voz
E esse acordar tão pouco me revela.

Carlos Cebolo


terça-feira, 7 de julho de 2020



TELA SEM COR

Pouco a pouco vai crescendo,
A imagem que em mim se forma
E se fixa no espelho da memória
Que a envolve como uma moldura.
No teu rosto que o sol doirou
Numa miscigenação perfeita,
Abre-se um sorriso de água cristalina
Que me refresca o corpo na madrugada.
A luz opaca da noite fecha o teu olhar
E abandonas a moldura que te encerra
No desejo que te atormenta.
Esse desejo sentido em mim,
Toca o vazio da tua ausência
E eu colho-te no reflexo do poema.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 6 de julho de 2020



IMPROVISAR

Criou-se o mundo à nossa imagem,
Sonhos soltos na madrugada,
Flores ao vento seguem essa aragem,
Vidas retidas na geada.

Colhe um sorriso na manhã,
Voltas que o sonho à noite deu,
Sem brilho morre a estrela anã
Onde o amor nunca floresceu.

Se a mente procura esquecer,
Breves olhares da imaginação,
Do nada se pode dizer,
Que um amor não traz perfeição.

Sentir o abrir do teu olhar,
Dos teus lábios o teu sorriso,
O silêncio que se quer guardar,
Traçar a vida no improviso.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 3 de julho de 2020



INCONCEBÍVEL

Teu olhar esvazia-me de coisas incertas
E minha noite se torna quente madrugada,
Quando meu pensamento poisa em ti
E para lá do espelho vejo a confiança
De uma Alice que traça um outro destino.
Como Pedro amando Inês no seu palácio,
A minha alma se torna jardim florido,
Quando da janela do meu quarto sinto
A tua luz invadindo minha madrugada.

Um sorriso teu, abrirá as fontes de todos os rios,
Que inundam toda esta solidão que nos une
Na foz do desejo ardente, mostrada pelo teu olhar.
Contra o tempo se enganará o tempo roubado
Na indecisão que o próprio sentimento produz
No querer traiçoeiro que Pedro e Inês sentiram
Quando o verdadeiro amor floresceu no jardim
E tudo deixou de fazer sentido.

Lembrando a história de Romeu e Julieta,
Recordando o triste amor de Tristão e Isolda,
Este amor sentido não floresceu e já morreu,
No sabor do tempo do destino não traçado,
Que o próprio sentido da vida congelou.

Carlos Cebolo



quinta-feira, 2 de julho de 2020



HORIZONTE NASCENTE

Fios de prata de um crepúsculo sentido,
Nessa eternidade do pensamento
Do amante volátil e distraído
Que em ti desperta o nobre sentimento.

No contorno das pálpebras o teu desejo
Que se fez espelho desse teu doce olhar,
Roubando dos teus lábios esse beijo
Que eu quero um dia comigo guardar.

Serás mancha no horizonte nascente
De uma estrela que te furtou o sorriso,
Deixando o poema que a tua alma sente,
Canção que te faz perder o juízo.

Entra pela janela a eterna luz,
Arco-íris que te não é indiferente
E que aos poucos te toca e seduz,
Num acordar que a própria alma consente.

Carlos Cebolo