NATUREZA VIVA
No sorriso do rosto se confunde o interior da alma,
A brevidade por vezes, é mais longa que a madrugada
E em Setembro se ouve o murmurar do vento
E aquele adormecer da erva que seca, chama pela chuva.
As rubras papoilas dobram os caules numa vénia perfeita,
Em honra da chuva outonal que se aproxima de mansinho,
Renovando a inocência numa esperança há muito vivida.
A ferida que sangra das pétalas emurchecidas se fecha
E a seiva pálida, fértil de sémen atraem os insectos
Que promovem a mudança, perpetuando a vida.
Longas linhas do tempo se cruzam com o desejo,
Numa permanência que suporta toda essa ilusão
Que as estações se alimentam da felicidade sentida,
Como se o tempo pudesse fazer parar o instante.
Os amantes, não deixam de ser amantes no outono,
Voltando a renascer em cada primavera implantada,
Onde o divino fluído mantém todo o seu florescer,
E o amor sentido não despe o manto da memória.
A ilusão deixa de o ser e a separação se torna saudade
Do momento vivido e sentido no zumbido dos insectos.
Carlos Cebolo
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