À BEIRA DO ABISMO
À beira do abismo estarei contigo,
No salto serei sempre contido,
Pois o próprio abismo sou eu.
És tempestade, relâmpago incandescente,
És crente inconsciente e sou ateu,
Um sonho numa noite de tormenta,
Meu pesadelo na calmaria e és gente.
És tudo num todo que é meu,
És o desígnio marcado que me atormenta
Aquela felicidade que se perdeu.
No teu caminho sou um proscrito,
A angústia sentida na aventura,
És tudo aquilo em que não acredito,
Verbo esquecido na aventura.
À beira do abismo estarei contigo,
Na tristeza sentida na desventura,
Pois a desventura mora contigo.
És noite sem luar, onde a agonia nasceu,
Na lembrança és lamento obstinado,
És presépio triste sem a estrela do céu,
És sem abrigo de um mal abandonado.
No amor, és náufrago na embriaguez,
Sem rumo de uma triste realidade,
Onde o destino não marcou a sua vez
E a vida deixou fugir a mocidade.
No sossego da noite, és o caminho por onde andei
E na hora do crepúsculo, és o meu horizonte,
A ponte do abismo com que sempre sonhei.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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