INTRANQUILIDADES
30/04/2012
Momentos felizes já idos com a idade,
Lembram o desassossego do passado presente,
Vividos nos maus tempos da outra mocidade,
Em locais esquecidos e guardados na mente.
Intranquilidades sentidas e vividas,
Nesta triste realidade,
Criada e vivida com mágoas ainda hoje sentidas,
Relembradas em conversas de amizade.
A cor da terra, o gosto da água e o cheiro do ar,
Usos e costumes de um povo pagão,
Selvas, savanas, deserto e um belo mar,
Compunham as delícias daquele belo cantão.
Uma grande melancolia sempre presente,
Sentida com uma enorme revolta na alma,
Tristezas que o próprio Mundo consente,
Na pobreza extrema, que a fome cala.
Mais velho, compreendo agora a triste situação,
Vivida pelo povo que nos deu a sua amizade,
Reclamando sem reclamar, com dor no coração.
Seus costumes, por regra banidas pela autoridade,
Como fruto proibido que teria de secar,
Em prol de uma outra mais moderna civilização,
Do Deus único que todos tinham de amar.
Ninguém se importava com culturas milenares vividas,
Do início do Mundo formadas pela humanidade,
Com domínio progressivo sobre as outras vidas,
Da comum mãe terra e toda a sua autoridade.
Era assim que aquele povo vivia,
Em perfeita comunhão com a deusa terra,
Cuja filha, natureza, tão bem os conhecia,
Até aparecer o europeu que os escravizou.
Em nome de um rei e de uma nação,
Nomeou-se senhor supremo do Universo,
Impondo ao povo uma outra condição,
Implantando um sistema muito perverso.
Assim nasceu a escravatura.
Carlos Cebolo