DIA DE PORTUGAL E DE CAMÕES
Que diabo há tão descontente,
Que se verga à triste economia,
Do Gaspar e toda a sua mestria,
Com a dor que o povo sente,
Com um coração tão fechado,
Do governante muito odiado.
Se Camões vivesse, assim seria,
O 10 de Junho comemorado!...
Bela data que o povo sentia,
Como o dia de Portugal amado.
Seria prometido a educação,
Assim como a esperada igualdade,
Acompanhava a eterna saúde,
Com a liberdade de expressão,
Formava-se a nossa nacionalidade.
Ao governante, pedia-se outra atitude.
Este tão ilustre povo Lusitano,
Que tudo em Abril conquistou,
Dá-se hoje ao terrível engano,
Do fraco político que criou.
Ser constantemente maltratado,
Numa democracia aparente,
Com todo o futuro amaldiçoado,
O ilustre povo que tudo consente.
Receber salários de miséria,
Mas na pobre lapela usar o cravo,
Símbolo de política pouco séria,
Que faz da plebe o novo escravo.
Onde te encontras ó Lusitano?
Abre os olhos e vê com atenção!
De onde vem o triste encano,
Que governa esta triste Nação.
O Político com muito dinheiro,
O povo continua a passar fome,
Para quando o momento derradeiro,
Para acabar com o que te consome?
A comunidade espalhada pelo Mundo,
Leva Portugal no seu coração,
Portugal já bateu no fundo,
E ninguém pede a tua opinião.
Quem em casa não tem pão,
É com a luta que levanta a moral,
Fazendo uma nova revolução,
Para salvar o nosso Portugal.
Chamem-na da rosa ou do cravo,
Com os militares ou só com o povo,
O povo não quer volta a ser escravo,
Nem ter um governo ditador de novo.
Se o bom Camões agora vivesse,
E visse como está a sua Nação,
Talvez de novo, logo morresse,
Mas diria com todo o coração:
“ Quem pode ser no Mundo tão quieto,
Ou quem terá tão livre o pensamento,
Quem tão exp’rimentado e tão discreto,
Tão fora, enfim, de humano entendimento
Que, ou com público efeito, ou com secreto,
Lhe não revolva e espante a sentimento,
Deixando-lhe o juízo quasi encerto,
Ver e notar no mundo o desconserto?”
Aqui deixo um pouco de Camões,
Neste dia, que já foi de Portugal,
Para o povo ver em que condições,
Vive o ilustre Lusitano, sem o social.
Tu que foste o senhor do Mundo,
Descobriste ilhas e continentes,
Desvendaste o oceano profundo,
Plantaste leis, a língua e sementes.
Tu, Povo Ilustre Lusitano,
Que sem medo cruzaste os oceanos,
Lutaste e venceste o castelhano,
Não te deixes dominar pelos enganos.
Tu, heróico povo sempre sereno,
Que também venceste o sarraceno,
A palavra de Cristo deste a conhecer,
Não de deixes agora esmorecer.
Neste dia de Portugal e de Camões,
Com a tua força podes reclamar,
Por mais nobres e justas condições
Neste recanto que criaste junto ao mar.
Carlos Cebolo