RETRATOS DE UMA VIDA
Nuvem passageira da minha solidão,
Que na incerteza da noite frígida,
A tua presença arrefece a emoção,
Da felicidade há muito esmorecida.
Contra ventos fortes e vendavais,
Com o cheiro de mistério no ar,
De encontros nem sempre reais,
Da irrealidade que se quer agarrar.
Entre brincadeiras, risos e mistério,
Deixar escapar um amor escondido,
Na passagem de algo não muito sério,
Na partilha com um grande amigo.
O amor distante será sempre esperado,
No Calor que o corpo na ausência sente,
Do contacto do corpo do eterno amado.
Para sempre, a verdade do amor esperado,
Numa união fraterna que a mente consente,
Na aberta brecha do esperado pecado.
Fruto vadio duma imaginação quente,
Que leva a alma ao momento desesperado,
Com o pensamento que não lhe sai da mente,
Sabendo que certo está, o pecado adiado.
Que sina, de quem é atraído tanto assim!...
O desejo de um contacto físico carnal,
Que à própria alma transmite o seu sim,
Em querer e esperar, o desejado sinal.
Apenas tesão no pensamento plantado,
Que de um sorrido aberto e decente,
Procura encontrar o convite desejado,
Do desejado sexo, sempre presente.
Querer, quer, mas não pode gostar,
Nos tramas que o forte destino tece.
A atracção que sente, não pode desejar,
E desse terrível destino, agora padece.
Fica o futuro presente, assim desenhado,
Com poucas esperanças de concretização,
De uma aventura, pelo corpo desejado,
Como prémio que sirva de consolação.
Carlos Cebolo
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