DIA DE PORTUGAL E DE CAMÕES
Que diabo há tão descontente,
Que se verga à economia,
Do governo e sua mestria,
Com esta dor que o povo sente,
Rijo coração tão fechado,
Do governante mal amado.
Se Camões vivesse agora,
O dia seria lembrado,
Como também foi outrora,
Por este Portugal amado.
Seria dado educação,
Fraternidade e igualdade,
Com benefícios na saúde
E liberdade de expressão,
Com a desejada liberdade,
Ao papão pedia-se então,
Que tivesse uma outra atitude,
Que mostrasse não ser em vão,
O debandar da juventude.
Ilustre povo Lusitano,
Que tudo em Abril conquistou,
Dá-se hoje ao terrível engano,
No fraco papão que criou.
Constantemente maltratado,
Na democracia aparente,
Com futuro amaldiçoado,
Povo ilustre, tudo consente.
A juventude a emigrar,
Por no país não ter trabalho,
O político quer roubar,
E viciar o seu baralho.
Com os salários de miséria,
Para o político enriquecer,
Com política pouco séria,
Fazer o rico florescer.
Na pobre lapela usa o cravo,
E quer do povo novo escravo.
Onde te encontras ó Lusitano?
Abre os olhos, vê com atenção!
De onde vem este triste encano,
No mal governar da Nação..
O papão com muito dinheiro,
Com este povo a passar fome,
É o momento derradeiro,
P’ra acabar o que te consome?
O emigrante pelo Mundo,
Traz Portugal no coração,
O País já bateu no fundo,
O povo sem opinião.
Quem em casa não tem o pão,
Na luta procura a moral,
Sonhando com a revolução,
P’ra salvar nosso Portugal.
Chamem-na da rosa ou do cravo,
Militares ou só o povo,
Não quer volta a ser escravo,
Nem ter um ditador de novo.
Se Camões agora vivesse,
Ao ver como está a Nação,
Talvez de novo morresse,
Mas diria sem querer perdão:
“ Quem pode ser no Mundo tão quieto,
Ou quem terá tão livre o pensamento,
Quem tão exp’rimentado e tão discreto,
Tão fora, enfim, de humano entendimento
Que, ou com público efeito, ou com secreto,
Lhe não revolva e espante a sentimento,
Deixando-lhe o juízo quasi encerto,
Ver e notar no mundo o desconserto?”
Aqui deixo um pouco Camões,
Neste dia de Portugal,
Por não ter outras condições,
Vive o povo sem social.
Tu que foste o senhor do Mundo,
Descobriste os continentes,
Desvendaste o mar profundo,
Plantaste a língua e sementes.
Tu, Povo Ilustre Lusitano,
Sem medo cruzaste os oceanos,
Venceste mouro e castelhano,
Luta agora contra os enganos.
Tu, heróico povo e sereno,
Também venceste o sarraceno,
E Cristo deste a conhecer,
Não de deixes esmorecer.
P’ra lembrar o grande Camões
Com a tua força reclamar,
Por mais e justas condições,
Neste recanto junto ao mar.
Carlos Cebolo
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