ELES CANTAM
Canta o pobre trabalhador,
Canta na sua timidez,
Canta com uma voz de dor,
À espera da sua vez.
Canta como um pobre pardal,
Na liberdade condição,
Sem ter de voar do seu beiral,
Trabalho por confirmação.
O som triste no amanhecer,
Voz do campo na sua lida,
Canta até ao anoitecer,
Esse cantar da própria vida.
Por cantar sempre sem razão,
Com o seu destino traçado,
Derrama o cantar pelo chão,
Da terra que o há condenado.
Trabalhador de vida breve,
No seu cantar a inocência,
Morre pobre com alma leve,
Leva consigo a consciência.
No cantar o seu ganha-pão,
Trabalho árduo, seu suor,
Ter a míngua por condição,
Beijar a mão ao seu senhor.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
Sem comentários:
Enviar um comentário