ALI BEM PERTO
Ali bem perto,
Junto à cubata grande,
Cabelos crespos, olhar
profundo,
Tocava batuque na noite
calada.
As estrelas voavam nas asas do
seu olhar
E o canto das cigarras enchiam
a noite bela,
Evocando fantasmas e seus
pesadelos.
Ali bem perto,
O som estridente dos insectos
nocturnos,
No seu constante bailado ao
luar,
Enchiam a noite em ritos de
iniciação
Num casalar perfeito das
noites de verão,
Por entre fagulhas do carvão
ardente
Que iluminava a noite com luz
insolente,
Chamando os insectos numa
perfeita comunhão.
Ali bem perto,
Piava o mocho naquela noite
encantada e crua,
Compondo toda aquela orquestra
tropical
Num encantamento de negros
corpos em pele nua.
Bailarinas da juventude
mostravam os dentes da cor do marfim,
Na sensualidade dos corpos num
ritmo carnal,
Levando toda aquela magia para
bem perto de mim,
Apenas cobertas pela prateada
cor da luz lunar.
Ali bem perto,
O suor moldava os corpos que
luziam juntos à fogueira
E aqueles cabelos crespos com
a linda cor da noite,
Davam o toque sensual naqueles
rostos de mística beleza,
Que encanta qualquer olhar que
ouse naqueles olhos poisar.
Ouve-se o ritmo delicado dos
pés descalços naquela terra firme,
Acompanhando o som do batuque
em ritmos de angústia,
Mostrando na alegria, a tristeza
de um povo naquela incerteza.
E tudo isto por lá ficou,
aparecendo em sonhos,
Ali bem perto.
Carlos Cebolo