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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 30 de agosto de 2019




CUBATA

Lá na sanzala, havia um outro olhar,
Olhar de esperança de uma nova Era,
Naquela cabana de forma esfera,
Coberta de junco, escondendo o luar.

No tocar do batuque vive-se a vida,
Sofrida e carpida na triste dor,
Contraste da dança pedindo amor
Que o tempo regressa com a partida.

Junto à fogueira dançava a mulata,
No encanto da dança a sua aventura,
Essa vida alegre e cheia de ternura,
Vivida numa esteira da cubata.

Naquela cubata semeava a dor,
Dessa noite sentida na amargura
E o tempo na magia tudo cura,
Procurando noutro dia, um outro amor.

Carlos  Cebolo


quinta-feira, 29 de agosto de 2019



CONTIGO TAMBÉM SONHEI

Sentir saudades! Sim, sinto saudades,
Desejos, também os tenho aqui,
Nos devaneios não se sente idades
E os meus suspiros também são por ti.

Por cá não procuro a felicidade,
Nesta minha vida já a alcancei,
Procuro cimentar nossa amizade,
Com tudo aquilo que por cá criei.

Na ilusão nasce a força de um novo amor,
Confundindo toda essa realidade,
Nesta amizade se lamenta a dor,
Procurando atingir a felicidade.

Enche-me de luz, este meu coração,
Com este meu sonho constante e forte,
Na magia da vara de condão,
Traçar nesse destino, a boa sorte.

Por este mundo, nada mais se espera,
Nesse sonho a verdade que sonhaste,
Não deixou de ser mais uma quimera,
Sonhos enlouquecidos que fizeste.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 28 de agosto de 2019




CONTRA-NATURA

É o fim da calçada!...
É pau que arde, é o fim da estrada,
Caminho cobertos de uma verdade.
É a saudade…
Saudade que dói e fica
Na ignorância que mortifica.
Chama-se o tempo na incerteza,
Cultiva-se o som da impotência
E quem chora é a Natureza
Que nada gosta dessa experiência.

Comanda o homem no belo prazer,
Destruir o mundo antes de morrer,
Para nada deixar à descendência,
Contrariando toda a velha ciência.

Tem o poder e é soberano,
No povo promove o engano
E quem for contra o parecer,
É bandido e tem de morrer.

A sua crença é a nova lei,
Na ignorância conduz a grei,
Proteger o clima é ilusão do tempo
Num alarme que é seu contratempo.

Quem a ajuda recusa na ingratidão,
Com conjunturas de mau protector,
Ao seu povo promove a dor,
Sem capacidade de compreensão.

O povo, aos poucos percebe,
Quem é o mau da fita afinal,
Pois a ignorância pouco perdura
E a palavra árida que o povo bebe,
Traça no tirano o seu final
Causando o fim da triste aventura.

Carlos Cebolo


terça-feira, 27 de agosto de 2019



O MUNDO EM CHAMAS

Horas e horas agarradas à terra,
O encanto da braseiro na tortura,
Árvore sangrenta que agora murmura,
Vida que arde nesse ciclo que encerra.

E este mundo sofrido apenas chora,
Pelas árvores seculares que devora
Essa chama, símbolo de uma ganância,
Traçada pelo homem nessa ignorância.

É um pouco de nós que assim se perde,
Com culpa ou sem culpa da humanidade,
Colhe-se o fruto do veneno plantado,
No planeta que está a ser devastado.

Árvores são nossos corações que choram,
Nessa maldade que os próprios exploram,
Em nome da riqueza que envenena a água,
Sem qualquer remédio para essa mágoa.

Carlos Cebolo



segunda-feira, 26 de agosto de 2019




NEGRA

Chamam-te negra ó noite erguida,
Com todos os teus passos de dança,
Trazes essa tristeza escondida,
Nessa alegria que não se alcança.

Por seres negra, tens por destino,
Caminhos traçados na lua
E na tua mente o desatino,
Por seres bela na noite crua.

Se do ébano tiraste a cor
E do luar a tentação,
Teu corpo nu será amor
E o teu pecado a perdição.

Fico triste e quase indeciso,
Quando passas por entre o luar,
Com o encanto do teu sorriso,
Procuro os teus lábios beijar.

Carlos Cebolo



sexta-feira, 23 de agosto de 2019



E A NOITE SERÁ DIA

Essa noite será a nossa noite bela,
Noite bela que poderá ser nosso dia,
Como o nosso futuro escrito nos revela,
Nessa lua brilhante que se faz tardia.

Aquela voz débil que por nós vai passando
E no calor da noite, em sonho se disfarça,
Ser volátil que ao teu encontro vai voando
E no pensamento vai espalhando essa graça.

Nesse suspirar e não, no falar se sente,
Esse doce gemido que o teu sopro exala,
Num murmurar baixinho que me faz ser crente,
Desse destino que nas estrelas se fala.

Nesse caminhar, vou indo sem companheiro,
Nessa desgraça de se caminhar sozinho,
Na certeza de não ser último nem primeiro,
Na procura do amor que se fala baixinho.

Nesse nosso encontro, o melhor será sentir,
O sentir de algo que nos vai acontecer,
No fluir do nosso pensamento a sorrir,
Deixando para trás todo o ouvir e todo o ver.

Carlos Cebolo



quinta-feira, 22 de agosto de 2019




DESIGUALDADE

As leis são ditadas na desigualdade,
Por este mundo cão onde vivemos,
Do trabalho árduo, vive a honestidade
E com o passar dos dias, nada temos.

Uns sem nada fazer, tudo possuem,
Ao nascer, é necessário essa sorte,
Naquela boa herança que usufruem,
Fecham os olhos na desgraça e da morte.

A fortuna, nem todos a herdam,
Na desonestidade, também se arranja,
Cobertos pelas leis que eles fizeram,
Arrogantes que o mau dinheiro esbanja.

Carlos Cebolo


quarta-feira, 21 de agosto de 2019



DESGARRADA

Lá ficou a desgarrada,
No cantar ao desafio,
Sempre com a voz afinada
E na madrugada o frio.

Nas noites de Primavera,
Moçoilas com ar risonho,
Na demora que desespera,
Esperando pelo seu sonho.

Sem olhar ao encantamento,
Da concertina que chora,
Deixa fluir o sentimento,
Por não ver chegada a hora.

Naquela voz que se solta,
Com gritos e gargalhadas,
Por dentro sente a revolta,
No cantar das desgarradas.

Deu seu corpo nesse amor,
No milheiral escondida
E agora só sente a dor,
Por não ser compreendida.

Carlos Cebolo



terça-feira, 20 de agosto de 2019



DECISÃO
(Não ao aborto)

O livre arbítrio é uma bênção,
Do querer e do não ser aceite,
Nessa vontade a concepção,
Foi só sexo com seu deleite.

E depois do triste pensar,
Na preocupação do momento,
Surge o aborto para acabar,
Com todo e qualquer sofrimento.

Pensar que não é solução,
Alheio ao mal que já foi feito,
Cometer o crime na imperfeição,
De um futuro que fica desfeito.

E não acaba esse sofrimento,
Dessa tão péssima decisão,
Acarinha-se o nascimento
E ao inculto, dá-se o perdão.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 16 de agosto de 2019



DEPOIS DO HORIZONTE

Lá longe, nesse amanhecer longo e escuro,
Observo o horizonte em tons de anil sem luz
E o que de longe vejo, não me seduz;
Não é tristeza que aqui eu procuro.

Procuro o horizonte de um azul brilhante,
Esse azul que projecta o sereno mar,
Linda cor reflectido no teu olhar,
Quando para mim olhas com ar confiante.

Procuro o despontar do Sol no horizonte,
O amor nascente de uma vida serena,
Que fará do viver, o valer a pena.

Lá longe, escondido na sombra do monte,
Haverá o azul reflectido no mar
E a praia serena onde irei caminhar.

Carlos Cebolo




quinta-feira, 15 de agosto de 2019



CONVITE

Senta-te aqui ao pé de mim,
Vem ver estas ondas do mar,
Este mar profundo sem fim,
Linda gaivota no seu voar.

Conta a história que te encantou,
Aquela história de embalar,
Teus sonhos que o vento levou,
Nas asas da gaivota a voar.

Vem amor, vem ouvir o mar!
O som melódico que ele alcança,
O som que nos aguça o amar,
O mar que nos traz esperança.

Senta-te na areia molhada,
Um pouco seca pelo vento,
Recorda essa vida passada,
Mas recorde-a sem um lamento.

O passado assim recordado,
Mantém o espírito desperto
E aquele momento desejado,
Com o coração sereno e aberto.

Vem amor, é tempo de amar,
Não reprimes esse desejo,
Senta-te junto a este mar
E sela o momento com um beijo.

Carlos Cebolo




quarta-feira, 14 de agosto de 2019




NAQUELE IMBONDEIRO

Naquele imbondeiro amor!
Quantas vezes te vi passar,
Entre os pingos de chuva que o sol filtrava,
Formando o arco-íris de linda cor.
Bandos de pássaros a esvoaçar,
Tingiam de som o ar que eu respirava
E as múcuas tinham muito mais sabor.

Naquele imbondeiro amor!
Junto ao enorme morro de salalé,
Passeavas teu corpo na nudez da tua beleza
E em mim, se sentia o teu calor.
As formigas zumbiam ao meu redor
E num convite com extrema fé,
Colhi o fruto da tua nobreza.

Naquele imbondeiro amor!
Soberbo tronco arredondado
Onde trocamos o nosso primeiro beijo,
Sorvi todo o teu sabor
E da tua beleza fiquei enamorado
Sentindo em ti, todo aquele desejo
E o gosto daquele nosso fervor.

Naquele imbondeiro amor!
O nosso encontro foi constante
E as horas passavam em constante desafio,
Naquela incerteza mas sem temor,
Seguíamos sempre adiante
Sem preconceito ou outro calafrio,
Que nos lembrasse o tom da nossa cor.

Carlos Cebolo



terça-feira, 13 de agosto de 2019




ESCREVO PARA TI

Escrevo para ti!...
Lês-me na imaginação mas não me sentes
E como relâmpago, não aqueço.
Não somente para ti,
Mas para todas as rosas ausentes,
Mesmo aquelas que não mereço.

Escrevo para ti!...
Olhos nos olhos, fixo no meu pensar,
Palavras sentidas e retidas na alma,
Ausentes de ti.
De longe e para longe, dirijo o meu olhar
E a lua na noite escura aparece calma.

Escrevo para ti!...
Versos escritos na compreensão do além
E no sentir dos teus sabores,
Com o meu pensamento em ti.
Escrevo para ti e para mais alguém,
Com o perfume de vários odores.

Escrevo para ti!...
Mulher ausente na presença dos sonhos,
Delírio deste meu encantamento,
O beijo de ti que em mim não senti
Nesses dias ausentes e medonhos,
Quando não te tenho em pensamento.

Carlos Cebolo


segunda-feira, 12 de agosto de 2019




O ARMÁRIO

Olho as falésias desta vida,
Os armários que estão fechados,
Deixados nessa despedida,
Todos os nossos sonhos guardados.

Olho as gavetas sem abrir,
Cartas e fotos escondidas,
Retracto do menino a sorrir,
Aquele adeus das despedidas.

Por lá, está fechado o passado,
Não o deixes assim fugir,
Que o futuro está lá guardado,
Nesse armário por se abrir.

Deixa essas gavetas em paz,
Com demónios e seu destino,
Todo aquele tempo de rapaz,
Deixastes quando eras menino.

No armário está a imaginação,
Também a foto esmaecida
E tudo isso é recordação,
Daquela triste despedida.

Carlos Cebolo

sexta-feira, 9 de agosto de 2019



NUNCA TE CONTEI

Na mesma cama que tu, eu me deito.
Foi o sonho que nunca te contei,
São segredos mantidos no meu leito,
Com todas as sensações com que acordei
E por não te sentir, fiquei desfeito.

No meu sonho, toquei-te por inteiro,
Sem nada pensar, senti alegria
E na luz do teu olhar, fui primeiro,
No toque em que sentiste essa magia,
Desse nosso amor forte e verdadeiro.

O sonho em si, não o posso contar,
Ao acordar, pouca coisa ficou
Da linda magia daquele sonhar
Que o meu acordar, com ele levou,
Não ouvindo o pedido para ficar.

Cada sílaba audível ficou
Retida no sentir desse momento
E o sonho por ser belo se fechou,
Bem lá no fundo do meu pensamento
E a alma nua, nesse acordar, chorou.

Carlos Cebolo





quinta-feira, 8 de agosto de 2019




SONHO DE CRIANÇA

Crianças brincam na rua deserta,
Focos de luz na perfeita miragem,
Iluminam a noite ainda encoberta,
Traçam laços numa pequena imagem.

E o Mundo rola nesse pensamento,
Avança sorrindo nessa magia,
Tingindo de cor, todo aquele momento,
Sonhando e mostrando sua alegria.

São inocentes crianças brincando,
Com gestos e saltos mostram alento,
Sem lágrimas, com sorriso vão cantando,
Naquele embalar do alegre momento.

Arco-íris traçado num quadro de ilusão,
Olham aquele futuro nas estrelas traçado,
Sonhando e vivendo toda aquela emoção,
Num sonho de lua e por lá guardado.

Carlos Cebolo





quarta-feira, 7 de agosto de 2019




SUBÚRBIO

Lá no subúrbio, vive-se em liberdade,
Grandes espaços, casas menores sempre abertas,
Postes de iluminação na realidade,
Sem luz, sem lâmpada nas ruas desertas,
Varandas cobertas de insanidade.

O crepúsculo político é sentido
E com essa tremenda confusão,
Beijos e abraços fica tudo distribuído,
Na ladainha do apertar de mão,
Que o político vai ditando divertido.

Lá no subúrbio a lei, será em vão,
E tudo é visto como deve ser,
De um árduo trabalho se ganha o pão,
E a moral é votar para não perder,
Pois o subúrbio também é Nação.

Carlos Cebolo

terça-feira, 6 de agosto de 2019



ORIGEM (África)

Ensaio toques em sons de memória,
Nesse teu corpo húmido e sedoso,
Num redescobrir de um fogo radioso,
Daquele passado em que se fez história.

Vulcão ardente que ficou guardado,
Entre o magma negro já arrefecido,
Dominado mas não adormecido,
Do teu corpo se sente desejado.

No reacender da luz a esperança,
Dos momentos retidos na memória
E repousados na minha lembrança.

São tesouros de um Oceano profundo,
Os desejos sentidos em plena glória,
De um amor que esteve na origem do Mundo.

Carlos Cebolo

segunda-feira, 5 de agosto de 2019



IMAGENS NA RETINA

Imagens que passam pela retina,
Lua gravida em todo o seu esplendor,
Num parir que a própria luz não domina,
Espraia na calçada a sua cor.

E de prata se veste a noite escura,
Nesse instante que a mente fotográfica,
Em aguarela prenha de frescura,
Que a própria luz da lua purifica.

Lindo luar de Janeiro no sertão,
Que outrora fora lugar de cultura,
Que o próprio Mundo estendeu sua mão.

No manto escuro se escondeu o luar
E aquela luz que na mente perdura,
Sem esse encanto, deixou de brilhar.

Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/








sexta-feira, 2 de agosto de 2019



ALI BEM PERTO

Ali bem perto,
Junto à cubata grande,
Cabelos crespos, olhar profundo,
Tocava batuque na noite calada.
As estrelas voavam nas asas do seu olhar
E o canto das cigarras enchiam a noite bela,
Evocando fantasmas e seus pesadelos.

Ali bem perto,
O som estridente dos insectos nocturnos,
No seu constante bailado ao luar,
Enchiam a noite em ritos de iniciação
Num casalar perfeito das noites de verão,
Por entre fagulhas do carvão ardente
Que iluminava a noite com luz insolente,
Chamando os insectos numa perfeita comunhão.

Ali bem perto,
Piava o mocho naquela noite encantada e crua,
Compondo toda aquela orquestra tropical
Num encantamento de negros corpos em pele nua.
Bailarinas da juventude mostravam os dentes da cor do marfim,
Na sensualidade dos corpos num ritmo carnal,
Levando toda aquela magia para bem perto de mim,
Apenas cobertas pela prateada cor da luz lunar.

Ali bem perto,
O suor moldava os corpos que luziam juntos à fogueira
E aqueles cabelos crespos com a linda cor da noite,
Davam o toque sensual naqueles rostos de mística beleza,
Que encanta qualquer olhar que ouse naqueles olhos poisar.
Ouve-se o ritmo delicado dos pés descalços naquela terra firme,
Acompanhando o som do batuque em ritmos de angústia,
Mostrando na alegria, a tristeza de um povo naquela incerteza.
E tudo isto por lá ficou, aparecendo em sonhos,
Ali bem perto.

Carlos Cebolo