FLOR
E A ILHA ENCANTADA
Era uma vez uma família, pai, mãe e dois
filhos, que viviam numa cidade muito bonita, rodeada de montanhas e atravessada
por um grande rio que ia desaguar ao mar que ficava ali perto.
O mais velho dos
filhos era um rapaz com 12 anos e chamava-se Flu.
O outro filho
era uma linda menina com 10 anos de idade a quem os pais chamavam Flor.
Flu era pouco
sociável, nas suas horas vagas, agarrava-se ao seu computador portátil e não se
preocupava com mais nada. A irmã, muitas vezes queria brincar com ele, mas ele
mandava-a embora, dizendo que fosse brincar com as bonecas.
Flor, pelo contrário, era muito sociável e
sempre que lhe era permitido, ia brincar com as suas amigas ou, na falta
destas, entretinha-se a brincar com a sua boneca preferida e com os animais que
encontrava no jardim da casa.
Flu não gostava de animais e sempre que
encontrava no seu caminho um ratinho, um gafanhoto ou uma borboleta, procurava
logo uma maneira de os maltratar.
Flor não! Ela
era muito amiga de todos os bichinhos que encontrasse. Ganhava a confiança
deles e brincava com eles sem os magoar e por isso todos os bichinhos gostavam
dela.
Num dia de
verão, Os pais resolveram fazer um passeio com o veleiro que tinham comprado há
pouco tempo.
A mãe muito
cuidadosa, preparou uma grande caixa com comida enlatada.
O pai, todo
desportivo, preparou as suas canas de pesca, pois gostava muito de pescar.
O flu apenas se
preocupou em levar o seu computador e a Flor levou a sua boneca preferida.
No alto mar, sem
terra à vista, foram apanhados por uma tempestade. No céu formou-se umas nuvens
muito escuras e começou a chover com trovoadas e relâmpagos.
O pai com muita
calma, mandou todos para a cabine do veleiro, enquanto ele procurava entrar em
contacto com terra e a levar o veleiro para um porto seguro.
A chuva e os
relâmpagos, estragaram os aparelhos do veleiro e ele foi à deriva, sem rumo
certo e sem comunicação.
O pai sem nada
poder fazer, procurava por entre o nevoeiro que se tinha formado, um sinal de
terra firme.
Numa altura em
que o nevoeiro ficou mais fraco, o pai viu umas árvores ao longe e pegando no
leme, dirigiu o veleiro para elas.
Ao aproximar-se
de terra, o nevoeiro e a chuva passaram. Um lindo Sol brilhou no céu e eles
puderam ver que se tratava de uma bonita ilha.
Com o veleiro,
deram uma volta à ilha e verificaram que ela não era muito grande e que era
desabitada.
Desembarcaram e
o pai procurou logo fazer uma cabana com ramos e folhas das árvores, para se
abrigarem do Sol.
Como estavam a
ficar com fome, a mãe juntou umas pedras, meteu umas folhas e ramos secos no
meio e fez uma fogueira para aquecer umas latas de comida que tinha trazido.
Flu sentou-se
num tronco caído e tentou ligar o seu computador, mas nada apanhou, pois ali
não havia rede nenhuma, ficou muito irritado e andava sempre mal disposto.
Flor sempre com
a sua boneca pelos braços, procurou encontrar alguns bichinhos com quem brincar
e encontrou muitos. Esquilos; ratinhos; pássaros; borboletas e muitos outros insetos
que gostaram logo dela.
Os dias foram
passando e o pai não via meios de os tirar dali. A embarcação não tinha
combustível e o rádio não funcionava. No meio de tanto azar, ainda tiveram
alguma sorte, pois a ilha tinha muitas frutas que poderiam comer e além disto,
o pai e a mãe apanhavam marisco e peixe na praia e por isso não passavam fome.
Um dia a mãe adoeceu, com febres muito altas e
a menina triste foi para a floresta chorar, pois não queria chorar ao pé da sua
mãe para não a preocupar ainda mais.
Os animais
preocupados com a sua amiga Flor, foram ter com ela e disseram:
- Não chores
minha Flor! Nós nunca te dissemos nada, mas esta ilha é encantada e a rainha do
encanto que te tem observado sem tu a veres, quer falar contigo.
- Nós vamos levar-te até ela e vais ver que
tudo se resolve.
Flor que gostava
muito dos bichinhos e confiava neles, seguiu-os.
A certa altura,
junto às raízes de uma palmeira, encontraram um buraco onde os bichinhos
entraram e convidaram Flor a entrar também.
Lá dentro, Flor
viu que estava num lindo palácio e que na cadeira do centro, que tinha a forma
de uma flor, estava uma pequenina mas muito linda menina com umas lindas asas
nas costas.
Flor viu logo
que a menina muito pequenina era de certeza a fada rainha do encanto que os
seus amigos animais falaram.
A rainha
chamou-a pelo seu nome:
- Flor! Chega mais perto e diz-me o que te
preocupa tanto?
Flor
aproximou-se sem medo, mas com muito respeito, contou que estavam ali perdidos
e não podiam ir para casa, pois não sabiam onde estavam e o barco não tinha
combustível.
A fada então perguntou:
- Diz-me Flor, estás triste por estares aqui
nesta ilha?
Flor respondeu
que não. Mas como tinha a mãe doente, queria ir para casa para a curar.
A fada mandou a
borboleta buscar um pó brilhante como as estrelas e deu à Flor dizendo:
-Esta ilha é
encantada, pode estar em qualquer sítio.
- Vai à tua
embarcação, faz o jantar para todos e na bebida põe este pó mágico e vais ver
que tudo se resolve.
- A menina assim
fez.
Preparou o jantar, levou o comer para a cabine
do veleiro, onde a mãe descansava e chamou o pai e o irmão para jantarem.
Depois do
jantar, adormeceram.
De manhã, quando
o pai acordou, viu que o veleiro estava à deriva em alto mar e que era
empurrado pelos ventos.
Sem nada poder
fazer, ia acordar os filhos, quando Flor apareceu ao seu lado e disse:
- Pai, não te preocupes. São os meus amigos
que nos estão a ajudar a voltar para casa.
Como o pai não
percebia nada, a filha contou a sua aventura ao pai.
O pai ainda
pensou que a filha também estava doente e a delirar com febre, mas olhando para
o horizonte, viu terra e reconheceu a foz do rio e a sua linda cidade.
À frente do
barco ia um bando de borboletas e nas costas de uma delas, ia a fada encantada
que apenas Flor via.
Quando chegaram
ao porto, o pai pediu logo uma ambulância para levar a mãe ao hospital e foi
com ela, enquanto dizia aos filhos para irem para casa que ficava ali perto.
Já no jardim da
casa, apareceu uma borboleta que poisou nos ombros de Flor e nas costas da
borboleta estava a fada encantada que lhe disse:
- Como te disse,
a ilha é encantada e pode estar em qualquer sítio. Quando estiveres triste
procura entre as flores que eu estarei sempre ao teu dispor, pois sei que com a
tua bondade, procurarás sempre ajudar os outros seres vivos, por mais pequenos
que sejam. Já o teu irmão, por ser mau, nunca terá amigos e ficará sempre
triste e sozinho.
A borboleta voou
e desapareceu entre as flores do jardim.
Flor ainda hoje
quando vê um animal aflito, vai logo ajudar o pobrezinho.
No quintal de
sua casa, vivem muitos gatos que eram vadios e que flor os alimenta. Estes
animais quando veem Flor chegar, ficam muito contentes e fazem uma grande festa
e Flor gosta muito deles.
E assim viveu
feliz para sempre.
Carlos Cebolo