AS AVENTURAS DE KALÓ
(Kaló e a tribo do deserto)
Kaló é um rapaz
aventureiro que numa das suas viagens de aventuras, (Kaló e o gigante), ganhou
um manto mágico que o transporta para qualquer sítio que imagina.
Desta vez o
nosso amigo resolveu visitar uma tribo que vivia no deserto do Calaári, no sul
de África.
Quando lá
chegou, encontrou junto a uma árvore de grande porte, chamada imbondeiro, um
habitante da região e reparou que o homem estava nu e tinha uma cor negra
alaranjada. Nas costas, preso com uma corda ao pescoço, trazia um cesto feito
com casca de árvore, com flechas e um arco. Na mão do homem viu também uma
lança com uma grande lâmina.
O indígena
quando viu o homem branco, saudou-o na sua língua que parecia estalinhos dados
com a língua e levantou uma mão em sinal de paz.
Kaló que graças
ao dom dado pelo gigante, sabia todas as línguas, respondeu dizendo com estalos:
- Olá irmão.
Venho em paz. Tens água para eu beber? O bosquímano, assim se chama aquela
etnia africana, desconfiado perguntou:
-De onde vens?
Não és do deserto, a tua pele é branca!
Kaló explicou
que veio do céu e como o indígena estava a desconfiar, Kaló disse:
- Estás a ver aquela montanha? Eu vou até lá
agora e venho novamente para o teu lado. E utilizando o manto, pediu que o
transportasse para o alto da montanha.
Quando
regressou. O bosquímano estava ajoelhado com a cabeça no chão e saudava-o na sua
língua dizendo:
- Oh deus,
perdoa-me se fiz algum mal, não me leves ainda que eu tenho filhos pequenos
para criar.
Kaló explicou que não era deus. Que era homem
como ele e pediu que lhe tocasse, dizendo que era amigo.
O bosquímano com
medo, lá se encheu de coragem e tocou no braço de Kaló e viu que era de carne e
osso como ele. Admirado disse:
- Agora sei que és amigo. Mas também és deus.
Tens a pele clara, cabelos lisos e voas como os pássaros. És deus e és amigo de
Kondo. Assim se chamava o bosquímano.
Depois já mais
calmo, ofereceu água a Kaló e perguntou se ele o queria acompanhar na caçada.
Seguiam umas
pegadas que mal se viam e que Kondo ia mostrando a Kaló. Este não via nada mas
abanava com a cabeça dizendo que sim.
Avistaram um
vulto que a Kaló pareceu ser um boi e como estavam quase a passar por ele,
pensando que o seu companheiro não o tinha visto, apontou para o animal. O
indígena abanou a cabeça a dizer não. Explicou que aquele animal era grande de
mais e a família não necessitava de tanta carne.
Mais adiante,
avistaram ao longe umas gazelas e em vez de irem direitos a elas, deram uma
grande volta. O bosquímano vendo que o seu companheiro estava admirado com o
percurso, disse:
- Temos de ir
contra o vento para os animais não darem pela nossa presença. Só assim podemos
chegar bastante perto para ferir o animal escolhido.
Quando chegaram
perto do animal, escondidos atrás de uma duna, o indígena pegou numa seta,
molhou a ponta num líquido que trazia dentro de uma pequena cabaça e utilizando
o arco, feriu a gazela.
Os animais
fugiram e Kaló viu o seu companheiro contente e perguntou:
- Porque estás contente se falhaste? Não
mataste o animal!
Kondo explicou
que a seta tinha um veneno e que iriam encontrar o animal quando este morresse.
Agora era só seguir o rasto.
Passado algum
tempo e depois de muito andarem pelo deserto, encontraram a gazela já sem vida.
Pegaram na gazela e foram para a aldeia.
Pelo caminho,
Kondo explicou que apenas matavam para comer e que escolhiam sempre um animal
que fosse suficiente para alimentar a família. Mesmo assim, sempre que matavam
um animal, pediam perdão a deus por ter tirado a vida a um ser vivo.
Na aldeia, o bosquímano
explicou à família, que o branco era um deus e que era seu amigo. A família de
Kondo ficou muito contente por ter um deus entre eles e ficaram encantados com
a cor e com os cabelos de Kaló.
Kaló julgava que
ia encontrar uma aldeia grande, mas quando lá chegou viu que havia apenas
quinze pessoas. Perguntou a Kondo, aonde estavam os outros habitantes da aldeia
e este disse que as suas aldeias eram compostas apenas pela família e que
outras famílias estavam espalhadas pelo deserto e que se visitavam de vez em
quando.
Kaló ficou uns
dias na aldeia e aprendeu muitas coisas. Aprendeu a fazer setas; a fazer o
veneno que tiravam de uma planta; a apanhar uma espécie de batata que se
encontravam enterradas na areia e que depois assavam para comer; a procurar
água no deserto; a seguir pistas deixadas pelos animais e acima de tudo,
aprendeu a ter respeito por todos os seres vivos.
Quando Kaló se
despediu para se ir embora, Kondo apenas pediu que ele olhasse pela sua família
lá de cima e que nunca deixasse acabar a caça no deserto.
Na aldeia
indígena do deserto, ainda hoje todos vivem felizes por terem conhecido deus e
por ele ser amigo de Kondo.
Kaló pôs o manto
nas costas e desapareceu indo para outra aventura.
Carlos Cebolo
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