AS AVENTURAS DE
KALÓ
(KALÓ E A ILHA
PERDIDA)
Kaló é um rapaz
aventureiro que numa das suas viagens de aventuras, (Kaló e o gigante), ganhou
um manto mágico que o transporta para qualquer sítio que imagina.
Nesta sua
aventura, Kaló vai ter a uma ilha perdida nos mares do Sul, muito abaixo do
continente Australiano.
A ilha tinha
muito arvoredo de grande porte; muitas flores bonitas e muitos animais.
Kaló tirou o
manto mágico dos ombros e guardo-o numa sacola que levava às costas e
preparou-se para explorar a linda ilha.
Desde o início
que pressentia ser seguido, mas não via ninguém. Olhava para todos os lados,
mas apenas via árvores e mais árvores.
Por precaução,
tirou a sua faca de mato, cortou um ramo forte e fez uma lança para se defender
de algum animal selvagem.
Continuou a
andar e ao entrar numa clareira, ouviu um barulho estranho. Parou para escutar
melhor e de repente, viu-se rodeado de mulheres guerreiras.
Kaló não
ofereceu resistência e foi levado à presença da rainha que ouvia com muita
atenção o que uma mulher guerreira lhe dizia ao ouvido.
Pouco depois, a
rainha chamou Kaló e perguntou-lhe:
- É verdade o que diz a minha guerreira? Que
és mágico e apareceste do nada?
Kaló respondeu:
- Em parte é verdade. Eu sou mágico e vim das
estrelas.
Vendo o temor
das mulheres guerreiras, Kaló procurou logo ganhar vantagem e perguntou:
- Onde estão os homens? Será que nesta ilha só
há mulheres?
A rainha com voz
trémula respondeu:
- Os homens aqui são escravos. Enquanto são
jovens, trabalham nas minas de diamantes que temos no fundo da ilha e só saem
de lá quando são chamados e escolhidos para serem os pais dos nossos filhos. Os
velhos e os doentes são atirados como alimento ao nosso deus lagarto.
Kaló ouviu com
atenção e disse:
- Pois foi isto mesmo que eu, deus das
estrelas, vi lá de cima e não gostei. Por isso vim para vos ensinar a viver de
outra maneira.
A feiticeira da tribo
que se encontrava junto da rainha pediu a palavra e disse:
- A nossa lenda profética diz que um dia, virá
o homem deus das estrelas que nos libertará do deus lagarto.
E continuou:
- Se o que dizes é verdade, na próxima
lua cheia enfrentarás o nosso deus e se o venceres acreditamos em ti. Se
perderes, serás devorado pelo deus lagarto. Até lá, serás o nosso convidado de
honra. Durante o dia podes andar por todo o lado, mas ao cair da noite é
proibido sair para além das muralhas da aldeia.
Faltavam dois
dias para a lua cheia e kaló procurava uma maneira de libertar os homens da
escravatura, sem ofender as mulheres, pois queria que todos vivessem felizes.
Depois de ouvir
o que a feiticeira tinha falado, Kaló perguntou:
- E onde está o vosso deus lagarto? Eu gostava
de o ver!
A feiticeira conversou com a rainha em segredo
e depois respondeu:
- O deus lagarto
vive numa gruta da floresta, fora das muralhas da aldeia. Durante o dia dorme e
à noite sai para caçar. Quando não encontra o que comer, ataca a aldeia e é
nessas alturas que lhe damos os velhos e doentes que já não servem para nada.
Kaló agradeceu à
feiticeira pela explicação e retirou-se para a sua tenda.
Quando se
encontrava sozinho, tirou o manto mágico da sacola e ao usa-lo, pediu que o
transportasse para a cova do monstro sem que este o visse.
Na gruta, viu um
enorme dragão que dormia num sono profundo. Aproximou-se com cautela e cravou a
sua lança no coração do dragão, ao mesmo tempo que pedia ao manto que lhe
levasse de volta para a sua tenda.
O dragão deu um urro
muito forte. Na aldeia as mulheres guerreiras com medo que o dragão aparecesse,
montaram guarda nas muralhas, mas nada aconteceu. Apenas durante toda a noite
se ouviu os gemidos do bicho.
A feiticeira que
estava junto a uma fogueira, jogou uns pós no fogo e depois do fumo passar
disse:
- O nosso deus lagarto já sabe que estás cá. E
está muito zangado. Por isso não vamos esperar a lua cheia. Amanhã, ao
amanhecer, vais ser jogado na caverna do lagarto.
A rainha ainda
tentou reclamar, mas a feiticeira que desde o início tinha medo que o rapaz lhe
tirasse o lugar, falou:
- É o que diz a nossa lenda. Por isso assim
será feito. Caso contrário, a aldeia será castigada e todos morreremos.
Quando o sol
apareceu no horizonte, as mulheres guerreiras levaram Kaló e jogaram-no na
gruta do dragão. Kaló era o único que não mostrava medo, pois sabia o que tinha
feito.
No fundo da
gruta, o rapaz viu que o dragão estava deitado e que havia muito sangue á sua
volta. A lança ainda estava cravada no peito do grande lagarto, mas este ainda
estava vivo, embora muito faço, sem forças para se mexer.
Kaló com a sua
faca de mato deu um golpe no pescoço do dragão. Este deu um grande urro e
morreu.
Na aldeia, as mulheres guerreiras ficaram à
espera e na mina dos diamantes, os homens estavam aterrados sem saber o que se
estava a passar.
Pouco depois,
Kaló apareceu na aldeia com a sua lança cheia de sangue e com um dente que
tinha tirado do dragão e disse:
- O vosso deus
está morto. Agora eu sou o vosso deus e aquela que me desobedecer seja
castigada com a morte.
Todas se
ajoelharam e saudaram o novo deus.
Kaló ordenou que
fossem buscar todos os homens à mina. E quando todos estavam já na aldeia
falou:
- A partir de
hoje não há guerreiras nem escravos. Todos são iguais e todos devem trabalhar
para o bem comum. O homem e a mulher mais velhos, vão ser os chefes da aldeia e
haverá um conselho composto por mulheres e homens que vão fazer as leis iguais
para todos.
E acrescentou:
- Eu vou-me embora para as estrelas e
lembrem-se que lá de cima vejo tudo e se algo não estiver bem, eu volto para
castigar os culpados.
Kaló
embrulhou-se no manto mágico e desapareceu. Na ilha perdida todos vivem felizes
e ainda hoje, aguardam a vinda do deus das estrelas.
Carlos Cebolo
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