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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

domingo, 8 de maio de 2011

LUBANGO A MINHA CIDADE NATAL




Chegou a altura do Blogue Querer e não Poder, recordar um pouco a cidade conhecida como a princesa da Chela. Sá-da-Bandeira ou Lubango, como os mais antigos lhe chamavam, era uma linda cidade plantada no planalto da Huíla, em Angola.
Digo aqui era e não é, propositadamente, uma vez que o actual Lubango nada tem a ver com a linda cidade deixada pelos portugueses e verdadeiros Angolanos, após o 25 de Abril.
Cidade outrora cheia de vida organizada, com jardins floridos; com fontes luminosas de encantar e com um dos mais belos parques de lazer então existentes, a Sr.ª do Monte, e protegida pelo imponente monumento em honra de Cristo Redentor, era o ex-líbris do Sul de Angola e o orgulho dos seus habitantes.
Quem fosse de visita ao Lubango, encantava-se com tão magnifica paisagem verdejante que se podia visionar não só do cabeço da serra onde se encontrava o Cristo Rei, de onde era visto toda a cidade e vilas existentes ao seu redor, mas acima de tudo, do que se podia admirar do excelente miradouro da Tunda Vala.
A fenda da Tunda Vala, talvez única no Mundo, pela sua excelente localização e pela beleza que emana, seria com toda a justiça, considerada património Mundial e protegida com tal, se houvesse visão política direccionada para o turismo e conservação da Natureza tal e qual ela se formou.
Lembrando todas essas maravilhas que compunham a linda cidade do Lubango e seus arredores, não poderia deixar de falar das lindíssimas cascatas da Huíla que só quem as conheceu, poderá dar testemunho de tão maravilhosa beleza da Natureza.
A conhecida Coimbra Angolana, também assim chamada no meio estudantil, tinha orgulho em fazer praxes académicas aos caloiros do Liceu Diogo Cão, da Escola Industrial e Comercial Artur de Paiva e da Escola de Regentes agrícolas do Tchivinguiro, que em nada ficava atrás das praxes praticadas em Coimbra naquele tempo.
Durante  todos os dias do ano, O Lubango é banhado por um sol radiante e com uma temperatura amena, com excepção dos meses de Julho e Agosto, altura que os seus dois mil metros de altitude, fazem arrefecer o ar, principalmente durante as madrugadas, provocando a formação de granizo que com o raiar do astro Rei, depressa se transforma em água que infiltra pela terra a dentro, proporcionando assim um excelente terreno privilegiado para a agricultura.
Foi esse clima e esta terra fértil, que os colonos agricultores portugueses encontraram quando se fixaram nos Barracões, local onde começou a nascer a bela cidade do Lubango.
Foi essa conjugação da Natureza que nos anos cinquenta e sessenta fizeram da Huíla, o verdadeiro celeiro de Angola.
Hoje, pelas fotografias e vídeos que me chegam, mandados por amigos, verifico com mágoa que esta tão linda cidade, deixou de ser o local verdejante de outrora. A Fonte Luminosa que durante todas as noites do ano, era um ponto de visita, cheia de luz e de água, está agora seca e às escuras. A enorme piscina da Sr.ª do Monte e o seu magnífico jardim circundante, não passa hoje de um lado cimentado sem água rodeado de um jardim mal cuidado e sem as lindíssimas rosas que lá havia.
Nem tudo está mal! É verdade. O Casino da Sr.ª do Monte encontra-se conservado, mas será que ainda é casino? O Monumento do Cristo rei também está conservado, mas a paisagem já não é a mesma. Em vez de se vislumbrar uma bela cidade ao fundo, a nossa vista choca com as inúmeras barracas construídas sem lei nem roque, enchendo a outrora linda cidade de favelas que proporcionam a delinquência e a insegurança dos cidadãos.
Os governantes que construíram o Cristo Rei, beberam a ideia na cidade maravilhosa (Rio de Janeiro). Numa altura em que as autoridades Brasileiras estão a tentar acabar com as famigeradas favelas no Rio de Janeiro, como a excelente recuperação recente da favela do Alemão, lamenta-se que as autoridades Angolanas não lhes sigam o exemplo.
Angola tem tudo para ser um belo e enorme país e sem sombras para dúvidas, o Lubango tem as estruturas principais montadas directamente pela Natureza e descoberta por gente Lusa desde os tempos coloniais, para continuar a ser no futuro, a bela paisagem verdejante e luxuriante que foi no passado, basta haver sensibilidade e bom gosto associado á vontade política e capacidade de governação.
Muito mais teria a falar sobre esta cidade, mas o objectivo não é esse. Apenas lembrar o que foi e o que é actualmente o Lubango, aos olhos de um Chicoronho naturalizado português.
Quero aqui lembrar que todos os anos os inseparáveis do Lubango reúnem-se nas Caldas da Rainha no segundo fim-de-semana de Julho. Até lá um abraço a todos os Chicoronhos.
FIM

1 comentário:

  1. Um belo e emocionante texto sobre a cidade onde estudei durante três para quatro anos. Como era e como é hoje!!!
    Lembro-me bem do lago da Senhora do Monte, enorme... e da cascata artificial que caía a intervalos desde o alto junto ao belo edifício do casino. Havia gaivotas no lago (barcos a pedais), havia uma zona de pouca profundidade que era a piscina das crianças e uma zona mais funda onde se localizava a prancha para os mergulhos. E que dizer das festas da Nossa senhora do Monte? Passei por Sá da Bandeira (Lubango)em 1972, vi a Catedral, passei pelo Ódeon, visitei o Liceu Diogo Cão, a Escola Industrial e Comercial Artur de Paiva, a Pensão Bikuar, a pensão Lubango... visitei amigos de décadas. Sem saber, foi a última vez que vi a primeira cidade do começo da minha adolescência. A minha cidade... Quando ainda criança, de madrugada e ainda noite cerrada chegava a Sá da Bandeira pela estrada dos Gambos e via ao longe as luzes da cidade sentia um pavor enorme de me meter naquele labirinto de luzes e de me perder dos meus pais. Sá da Bandeira, aos olhos de uma criança do mato, era enorme, metia medo. Anos depois, fui para lá estudar... E do povo nativo e belo ficou-me no ouvido o cumprimentar longo e alegre: "Uelelepo. Ká. Baketo.
    Rui Moio

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