AS
SANDÁLIAS COR DE PRATA
No
país encantado do faz de conta, havia uma aldeia que era conhecida pela Aldeia
dos bailes de fins-de-semana.
A
aldeia ficava na floresta do norte, terras que pertenciam ao rei.
Todos
os habitantes, velhos e novos, juntavam-se, aos fins-de-semana, no grande salão
do clube recreativo da aldeia.
Joana
era filha do padeiro da aldeia, homem honrado e respeitado por todos e era o
único que depois do baile não ia para casa, mas sim para a sua padaria fazer
pão para que este não faltasse nas mesas dos habitantes da aldeia e no palácio
real.
Quando
se aproximava o fim-de-semana, Joana ficava triste e no salão de baile,
sentava-se num canto escuro e chorava baixinha.
Sempre
que um rapaz se aproximava para a convidar para dançar, Joana negava, dizendo
que não gostava de música.
Era
apenas uma desculpa que Joana dava, pois na verdade ela adorava música, mas não
sabia dançar.
No
dia em que fez dezoito anos, Joana recebeu muitos presentes dos amigos e
familiares e entre os presentes, encontrava-se um par de sandálias cor de prata
que Joana adorou mal as viu.
Perguntou
quem lhe tinha dado as sandálias, mas ninguém sabia. Era como se elas ali
tivessem aparecido por magia.
A
pequena festa que os pais lhe tinham preparado, chegou ao fim e todos os
convidados foram para suas casas, ficando Joana sem saber quem lhe tinha dado
as lindas sandálias cor de prata.
Já
no seu quarto, Joana calçou as sandálias e viu que elas lhes ficavam muito bem.
Eram leves e parecia que andava descalça, pois não sentia as sandálias nos pés
e todo o seu corpo se tornou leve.
Depois
de muito admirar as sandálias e como já era horas de dormir, Joana tirou-as dos
pés e guardou-as no armário do quarto, junto aos seus mais lindos vestidos e
foi dormir.
Durante
a noite sonhou com as sandálias, com música e com os bailes que aos
fins-de-semana havia na aldeia e com um príncipe.
Durante
o seu sonho, viu uma linda menina vestida com um vestido vermelho e que calçava
umas sandálias iguais às suas que lhe disse:
-
Joana! Eu sou a tua fada madrinha e fui eu quem te deu as sandálias. Elas são
mágicas e sempre que as calçares, dançarás muito bem, serás a melhor bailarina
do salão onde te encontrares.
No
fim-de-semana seguinte, Joana calçou as sandálias e preparou-se para o baile.
Durante
o baile, todos ficaram admirados com Joana. Dançou a noite toda e os rapazes
faziam fila para dançarem com ela.
Joana
dançou com todos sem mostrar interesse por nenhum deles, dançava apenas por
dançar, acompanhando os passos da música sempre com alegria e harmonia.
A
Fama de Joana como dançarina chegou a todo o lado e também ao palácio do rei,
que tinha um filho em idade de casar e andava à procura de noiva.
Quando
o príncipe fez vinte anos, o rei deu uma grande festa no palácio e convidou
todos os habitantes do reino.
Joana
ficou encantada com o convite, mas estava preocupada. Não tinha um vestido a
altura de tal honra e os seus pais não lhe podiam comprar um, pois eram pobres.
Joana
estava triste, sentada na sua cama, quando ouviu uma voz a chamar por si:
- Joana! Joana! Não fiques triste que a tua
fada madrinha tem uma solução.
Joana
olhou e viu sentada junto à janela do quarto, a fada que lhe tinha aparecido
nos sonhos.
A fada
vestia um lindo vestido vermelho e calçava sandálias cor de prata e disse à
Joana:
-
Escolhe o teu melhor vestido e estende-o na tua cama.
Joana
assim fez. Escolheu o seu melhor vestido e estendeu-o na cama. Pegou nas
sandálias cor de prata e juntou-as ao vestido. Olhou e disse:
-Vês madrinha? Este vestido é o melhor que
tenho, mas não faz um conjunto bonito com as sandálias que me deste. Não sei o
que hei-de fazer!
A
fada levantou-se da cadeira, deu uma volta pelo quarto e falou:
-
Realmente tens razão. Vamos ver o que se pode fazer. Pegou na varinha mágica e
apontou para o vestido. Da varinha saíram umas estrelinhas vermelhas e
prateadas e o vestido começou a transformar-se.
Quando
as estrelinhas desapareceram, o vestido de Joana transformou-se num lindo
vestido vermelho com uma faixa prateada à cintura que terminava num lindo laço
da cor das sandálias.
Joana
gostou logo do vestido. Vestiu-o, calçou as sandálias e ficou linda. Virou-se
para a fada e agradeceu com lágrimas nos olhos.
A
fada vendo a menina a chorar perguntou:
-Porque
choras? Não gostaste do vestido?
Joana
abraçou a fada e disse:
-
Obrigada madrinha. São lágrimas de alegria. O vestido é muito bonito. Obrigada.
No
dia do baile, Joana vestiu o seu lindo vestido e calçou as suas sandálias cor
de prata e foi com os pais para o palácio.
Quando
entrou no salão, o príncipe ficou encantado com tanta beleza e quando a música
começou a tocar, foi buscá-la para dançar.
O
príncipe e Joana dançaram por todo o salão. E dançaram de tal maneira, que
todos se admiraram com tal leveza.
Joana
parecia uma pena a esvoaçar ao vento, amparada pelos braços do príncipe e todos
ficaram felizes por os verem dançar tão bem.
O
rei contente e admirado com a beleza da jovem e com o seu belo dote de
dançarina, perguntou ao seu ministro:
- Quem é a linda jovem que dança com o
príncipe?
O
ministro respondeu que era Joana, filha do padeiro da aldeia, cuja fama de
dançarina já tinha corrido o país inteiro. Eram gente pobre mas honestos e Joana
era uma boa menina.
No
fim do baile, o príncipe disse ao rei que queria casar com Joana, mas o rei
disse que não podia ser, pois Joana não era de famílias nobres e não ficava bem
o príncipe casar com uma menina do povo.
O
Príncipe ficou triste e foi para o seu quarto, não saindo mais de lá. Não comia
e adoeceu.
O
rei preocupado com a saúde do filho, mandou chamar todos os médicos do reino,
mas nenhum sabia o que fazer.
Durante
a noite, a fada madrinha de Joana apareceu em sonhos ao rei e disse-lhe:
-
Rei, faz do pai de Joana Conde, dá-lhe o condado da floresta e assim já o
príncipe pode casar com Joana e ser feliz. Só assim o príncipe ficará melhor.
No
dia seguinte, o rei chamou o padeiro da Aldeia, deu-lhe as terras da floresta
onde ficava a aldeia e nomeou-o conde da floresta do Norte ao mesmo tempo que
pedia a mão de Joana para casar com o príncipe.
Quando
o príncipe soube o que o pai tinha feito, ficou muito contente e melhorou.
No
dia do casamento, Joana apareceu com um vestido branco bordado a prata que a
fada madrinha lhe tinha dado e trazia nos pés as suas lindas sandálias cor de
prata, que fizeram dela uma grande bailarina e uma linda princesa.
Casaram e foram felizes para sempre.
Carlos
Cebolo
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