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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

quarta-feira, 30 de novembro de 2016


INDEPENDÊNCIA

E no mais alto mastro se alevanta,
As cinco chagas de Cristo Senhor,
Bandeira desfraldada ao forte vento,
Na bravura heróica que ao povo encanta,
Guerreiros de um Geraldo sem pavor,
Onde Egas Moniz, poisou o pensamento
E o futuro do reino assim traçou,
Com os terrenos que Afonso conquistou.

E sobre Martim Moniz se fechou,
As portas da mouraria encantada,
Tornando essa Lisboa lusitana.
Alvíssaras deu Afonso a quem lutou,
Nessa vitória desejada e amada,
Onde o mouro perdeu a mente sana,
Naquela triste e leda madrugada,
Ciente de uma vitória celebrada.

Em Ourique, foi alto o seu valor,
Tão alto que a própria Europa tremeu,
E tremeu Pero, Teresa e também Leão,
Provocando no mouro tal horror,
Que o próprio Alexandre, em rei o converteu
E o próprio Cristo lhe estende a mão.
A bela pátria Lusa assim surgiu
E o inimigo em debandada fugiu.

Sem esquecer a fama Já antiga,
Na luta contra Roma se afamaram,
Lembro Viriato e o povo Lusitano,
Neste esforço que a memória me obriga,
Que também contra o Hércules se levantaram,
Num esforço maior que o esforço humano,
Mostraram a força desta Lusa gente,
Na independência que o povo quer e sente.

Carlos Cebolo
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terça-feira, 29 de novembro de 2016


BAIXO ASTRAL

No tempo, canta a saudade,
Toque de veludo presente,
Vividos na mocidade,
Aquele vigor que a alma sente.

Transporte de nostalgia,
Do tempo que foi perdido,
Onde ficou a magia,
De um sentimento já ido.

Na lembrança da vontade,
Esse grito surdo ouvido,
Impõe sua realidade,
Neste seu querer dividido.

Desse amor sempre contido,
Esse seu crer que desperta,
Desse seu sonho escondido
Na mesma cama deserta.

Nas existências essenciais,
De um amor a florescer,
Perderam-se os sinais
E as forças do seu viver.

Canta as mágoas de uma vida,
Sem ter deuses nem destino,
Da mocidade perdida,
No astral que não é divino.

Carlos Cebolo
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segunda-feira, 28 de novembro de 2016



ALMA VIAJANTE

Para onde não quero ir,
Irei num dia qualquer,
Por lá, tudo então serei
E terei quem não me quer.

Fixarei meu pensamento,
Por onde não há certeza,
Nem tão pouco sentimento
De por lá haver beleza.

Esta incerteza do Ser,
Ter o amor por condição,
Tudo querer e não ter,
Fere este meu coração.

Carlos Cebolo
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sexta-feira, 25 de novembro de 2016



À NOITE O SILÊNCIO ACONTECE

À noite o silêncio acontece!...
Acontece quando medito,
Por entre palavras, a prece,
Tudo isso que não acredito.

Morte visível, o infinito,
O infinito no seu ficar,
Nesse seu mundo estreito e aflito,
A presença do teu olhar.

Serei lua no teu dormir,
No teu dormir, o sonho meu,
Naquele incerto em que acredito,
Ser o meu sonho igual ao teu.

Consolo-me no teu olhar,
No teu olhar onde me deito,
Na esperança pura ao acordar,
Deste meu sonho sem defeito.

Carlos Cebolo
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quinta-feira, 24 de novembro de 2016


INVENTO-TE

Invento-te…
Em cada madrugada que desperto,
Sempre aquela demanda do teu Ser.
A ânsia que se abate sobre mim,
Desperta-me os sentidos perdidos.

Invento-te…
Deitada a meu lado, naquele lado incerto,
Onde me deito com todo o meu padecer,
Naquela noite que parece não ter fim,
Sempre com os seus fantasmas escondidos.

Invento-te…
Entre aguarelas pinceladas de melodia,
No tanger dos meus dedos, o teu segredo,
Água fresca e doce do teu beijar.

Invento-te…
Pérola minha que a própria alma escondia,
Entre as névoas de um triste degredo,
Que me permite continuar a sonhar.

Carlos Cebolo
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quarta-feira, 23 de novembro de 2016


ABRIGO

Hoje acordei assim!...
Sentindo aquele triste abandono,
Com o silêncio dentro de mim,
Ao ponto de perder o sono.
Abrigo que se esfuma no ar,
Como estas nuvens do céu,
Vida coberta em espesso véu,
Borrasca que alimenta o mar.

Sob as estrelas te procuro,
Doce conforto da minha dor,
Na solidão do véu escuro,
 Ignorado pelo teu amor.

Esse refúgio incondicional,
Guardião na adversidade,
Duma sabedoria sem idade,
Combatente do grande mal.

Por onde andas abrigo,
Meu consolo neste padecer,
Noites e noites que sonho contigo,
Na esperança do novo amanhecer?

Concha dourada do aconchego,
Que a protecção trazes contigo,
Na adversidade serás fiel abrigo,
Calmaria neste meu desassossego.

Carlos Cebolo
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terça-feira, 22 de novembro de 2016


CALVÁRIO

Para além das estrelas e do luar,
O assobiar do vento dum som funesto,
Relâmpagos mostrando seu passar,
Naquele lugar, o tempo que detesto.

Calvário, aquele monte vendaval,
Onde o coveiro é melhor construtor,
Fantasmas cruzam aquele areal,
Onde foi sepultado o bom Senhor.

Conta-se que naquela tumba cerra,
Aquela voz que chama por alguém,
No entroncamento do centro da terra
É a orientação certa para o além.

A caminhada de catorze cruzes,
Desse calvário que O fez tropeçar,
É grande cortejo com suas luzes,
No doloroso e eterno caminhar.

Carlos Cebolo
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016


ESPERANÇA

Espera o vento soprar,
Uma brisa suave, quente e constante,
Que lhe faça separar
Os espinhos desse caminho distante,
Que procura percorrer,
Neste novo amanhecer.

Espera a chuva passar,
Que venha aquele Sol quente e radiante,
Calor que faça secar,
As lágrimas que brotam incessante,
Com todo esse padecer,
Nesse eterno anoitecer.

Espera o inverno acabar,
Este frio húmido sempre inconstante,
Que lhe faz arrepiar,
Com toda essa dureza penetrante,
Que lhe faz estremecer,
Com todo este seu sofrer.

Carlos Cebolo
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sexta-feira, 18 de novembro de 2016


LÓTUS ENCANTADO

E o sonho, por vezes, abre-se como uma flor,
Naquela noite miraculosa, abriu-se assim,
Não era uma flor qualquer, naquele sonho de amor!
Flor de lótus, rosa forte que sorriu para mim.
                                                          
Num lindo seio de mulher, pende a haste fina,
Do nenúfar belo e sedoso como cetim,
No meu sonho apareceu como milagre ou sina,
Refrescando meus lábios com seu beijar, sem fim.

Linda flor que assim nasceu, perante o meu olhar,
Entre os suspiros serenos do meu coração,
Fez surgir a esperança, numa noite sem luar.

Voou o nenúfar bem antes de eu acordar,
Entre nuvens que intensificaram a solidão,
Desaparecendo e com ele, este meu sonhar.

Carlos Cebolo
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quinta-feira, 17 de novembro de 2016


REFUGIADOS

Como aves de arribação,
Assim povoam beirais,
Goteiras da solidão,
Separando seus casais.

Traçam imagens de emoção,
Negro fraque naquele voar,
Andorinhas chegam e vão,
Não se deixam encantar.

Atravessam um Oceano,
Enfrentando vendavais,
Fogem d’África no engano,
De dois mundos desiguais.

Nas tábuas de um corpo são,
Flagelo que os atormenta,
O destino de ocasião,
Da vida que os movimenta.

E assim enfrentam este Mundo,
Na retina, uma cidade,
No final do mar profundo,
Seca a flor da mocidade.

Carlos Cebolo
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016


TOLERÂNCIA

Mas que sei eu?...
Todos os dias aprendo um pouco.
Também a humanidade aprende,
Embora não pareça mostrar.
Tantos defeitos do próprio Eu,
Um Mundo que parece cada vez mais louco
E a vida que dele depende,
Para assim poder continuar.

Aprende-se a ter tolerância com a própria vida,
Respeitar os defeitos dos outros,
Para que os nossos sejam respeitados.
Aprende-se que os sentimentos não é coisa divertida
E que a ignorância só leva a confrontos e desencontros,
Na teimosia dos silêncios indesejados.

Num soltar de lágrimas, no lapidar da dor,
A certeza de encontrar uma compreensão,
Naquele cultivar perfeito de um amor,
Que sabe e compreende o que é o perdão.

Mas que sei eu?...
Neste mundo imperfeito,
O defeito é meu e teu,
Tendo a tolerância como sujeito.  

Carlos Cebolo
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terça-feira, 15 de novembro de 2016


PECADOS SEUS

 

Na luxúria do corpo a perdição,

Pecados seus nesse sentir presente,

Fluir sereno, secreto em confissão

Que a própria alma no seu sofrer pressente.

 

Sem ser santo com estes seus cuidados,

Os sentires fortes de uma emoção,

Entre sonhos sorvidos aos bocados,

Sorvem a alma na triste perdição.

 

Desejos tangentes do pensamento,

Nessa culpa de um triste padecer,

Flor viva desse descontentamento.

 

Leva para longe o suspiro inconsciente,

Na loucura do seu desfalecer,

Com essa solidão que o faz descontente.

 

Carlos Cebolo

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segunda-feira, 14 de novembro de 2016



PRECE

No teu sentir, o sonho
Onde a minha vida se abre
Num arco-íris de esperança.

Dentro de ti!...
Chorarei meu vício.

Carlos Cebolo
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sexta-feira, 11 de novembro de 2016


E PERDE-SE O GOZO

Naquele jardim triste e sombrio,
Mar revolto de soltas velas,
Lança o vento, o seu assobio,
Fundindo aquele montão de estrelas,
Que cruzam esse mar revoltoso,
Onde se perde todo o gozo.

Cansado desse seu degredo,
Desse seu desejo oscular
Que a onda sente, do rochedo
Oculto no profundo mar,
Beija esse areal absoluto,
Resguardado desse seu luto.

E assim jaz nesse desassossego,
Esse seu ósculo alucinado,
Que foi ardente nesse seu ego,
Entre as ondas dum mar gelado,
Na procura de ser discreto,
Ficou mudo, tristonho e quieto.

Carlos Cebolo
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quinta-feira, 10 de novembro de 2016


MULHER

Num simples tocar de almas, serei em ti,
Alma gémea nesse teu profundo olhar,
Que me invade nesse mundo que senti,
Seres fugidia neste meu caminhar.

Antes que me cessem as palavras e dor,
Molha estes meus lábios com a tua água fresca,
E ilumina a fonte de beleza e amor,
Que de ti brota e esta minha alma refresca.

Nesse constante trocar de olhares fugazes,
Onde a própria lua sorri e se esconde
Desse fugir do tempo e de outras vozes.

Bela musa que alimenta o sonhar,
Doce invasora desse desassossego onde
Se esconde a tormenta deste meu sonhar.

Carlos Cebolo
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terça-feira, 8 de novembro de 2016


TROFÉU DE SANGUE

Pequeno deus sem sentimento,
Olhos nos olhos, com quem tem seu sofrer,
Gozando com aquele infeliz momento,
De um ser que está a morrer.

Como é possível se sentir vencedor,
Por ter um troféu na sala de estar,
Sem se preocupar em provocar dor,
Sádico prazer de matar, por matar.

Esse troféu de inglória loucura,
Com todo o sangue que mancha as mãos,
É um poder, de quem o poder procura,
Sem o ter, em todos os seus momentos vãos.

Pequeno deus sem sentimento,
É tempo de promover a mudança,
Caminhar sem ser ao sabor do vento,
Construir um futuro com confiança.

Deixar à descendência o seu legado,
Um mundo vivo com a sua beleza,
Onde o simples viver será desejado,
E a vida deixará de ser uma incerteza.

Na vida, sempre a sua eterna beleza,
Deste mundo que não é só nosso,
Onde a morte, apenas deixa tristeza,
E no futuro, aquele doloroso remorso.


Carlos Cebolo
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segunda-feira, 7 de novembro de 2016


RIO PACHORRENTO

Olho para o rio que corre pachorrento,
Águas calmas nesse sereno caminhar,
E tua imagem traço no pensamento,
Sorvendo aquele perfume suave a mar.

Pássaro ferido e mudo no seu caminho,
O rio segue seu triste caminhar,
Dentro do leito que o abraça com carinho,
E eu, por ali, lembro-me do teu olhar.

Corre o rio sem saber como parar,
Esse amor que surgiu assim de repente,
Águas que por ali não voltam a passar,
Pássaro ferido que não consegue voar.

O rio pachorrento vai devagar,
Naquele leito que forma sua firmeza,
Vai lavando as mágoas deste meu penar,
De um amor que surgiu na sua incerteza.

Carlos Cebolo


sexta-feira, 4 de novembro de 2016


ILUSTRAÇÃO

Pintaste flores de um lindo jardim,
Um postal ilustrado com amor,
Rosas, cravos ou simples jasmim,
Onde apenas tu és linda flor.

Por querer para mim, tão linda flor,
Lírio do campo ou lindo alecrim,
Nascido naquele campo de amor,
Um dia será colhido assim.
                      
Lindo lírio numa encosta agreste,
Alecrim contra a triste desgraça,
Aquela flor que para mim colheste,
Pintada num papel não tem graça.

Apertar tuas mãos cetinosas
E colher esse teu beijo terno,
Será beijar a mais linda rosa,
Calor do sol, num dia de inverno.

Entre ais e lágrimas não minto,
Escrevo mágoas de outros amores,
Sem escrever aquilo que sinto,
Sinto as realidades doutras dores.

Carlos Cebolo
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quinta-feira, 3 de novembro de 2016


SEM VER ESSE SENTIR

Se vejo uma pedra, sei que é pedra.
Inerte, dura, sem ter luz, não a comparo com outra coisa.
Nela nada medra…
Ao contrário do amor, por ser amor,
Está vivo e a esperança nele poisa.
Poisa muitas vezes com dor,
Naquela dor que produz e traduz ilusão.
Tão dura e triste como uma confissão.

Esta bela arte de saber ver,
O ver é como o pensar…
Distingue-se as coisas; O ser do Ser,
Naquele constante imaginar,
Que na vida  se nasce para morrer
Assim como a lua vive do seu luar
E o amor do seu eterno sonhar.

Uma flor, não é nem mais nem menos que uma flor!
As estrelas serão estrelas porque assim se chamam,
Mesmo que assim não sejam na realidade.
Sendo uma flor, símbolo de beleza e amor,
Já a luz das estrelas não é a claridade
Nem é sobre a sua luz que os amantes se amam.

É neste meu pensar, ver e ouvir,
Que ao longe sinto o teu amor,
Naquele chamamento do meu sentir
Que pouco a pouco se transforma em dor.

Carlos Cebolo
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quarta-feira, 2 de novembro de 2016


MEMÓRIAS

Antes que a nuvem venha cobrir o pensamento,
Antes que à minha porta bata aquela saudade,
A lágrima seca do meu ser em sofrimento,
Poisa na ilusão despida dessa claridade.

Memórias duma melodia sem seu encanto,
Naquela lembrança do ser, sem ser o que foi,
Aquele Mundo feito de sonhos e triste pranto,
Não faz história, na perda que ainda me dói.

Se recordar é viver toda aquela ilusão,
De um tempo, sem tempo com todo esse entristecer,
Então prefiro esquecer toda a recordação.

Fechar a memória a toda essa desilusão,
Deixar a vida sorrir com novo florescer,
Sossegando este bater suave do coração.

Carlos Cebolo
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