AS AVENTURAS DE KALÓ
(Kaló e o Gigante)
Kaló era o
terceiro filho de uma família abastada que vivia numa pequena cidade.
O pai de Kaló
criava cavalos e os filhos, três meninos e duas meninas, estudavam todos, na
melhor escola da cidade.
Nas férias, as
meninas aprendiam a bordar com a mãe e os rapazes, ajudavam o pai na grande
quinta onde criavam cavalos.
Kaló era muito
aventureiro e sempre que lhe era possível, montava num cavalo e saia da quinta
sem destino certo.
Quando o pai
perguntava aos filhos o que eles queriam fazer depois de acabar os estudos, os
irmãos mostravam vontade de continuarem a trabalhar na quinta, mas Kaló sempre
dizia que um dia gostaria de conhecer outras culturas e outros sítios.
No dia em que
acabou os estudos, pediu ao pai um cavalo e que o deixasse ir pelo Mundo fora.
O pai deu-lhe um cavalo e uma bolsa com moedas de ouro e disse para ele ter
cuidado e quando estivesse satisfeito, que voltasse para casa, onde era muito
querido.
Kaló montou no
seu cavalo e partiu. Andou por vales e montanhas, viu muitos lugares bonitos e
conheceu culturas diferentes. Por onde passava, procurava sempre trabalhar,
aprendendo novos ofícios e ensinando também o que sabia, principalmente na
criação de cavalos.
Um dia, depois
de atravessar uma grande floresta, encontrou um rio. Seguindo o rio, viu que
este acabava de repente e que as suas águas entravam numa grande gruta escura.
Apeou-se e levando o seu cavalo consigo e um archote na mão, entrou na gruta e
ouviu o barulho da água, do outro lado da rocha.
Kaló continuou a
andar dentro da caverna e reparou que o caminho descia cada vez mais. Olhando
para trás, viu que o lugar por onde tinha entrado, se encontrava já bastante
longe e lá muito alto.
De repente, ao
contornar uma grande rocha, viu luz ao fundo. Animado por chegar ao fim da
caverna, apressou o passo.
Ao sair, viu um
lindo lugar com muitas árvores de fruto e o rio que corria calmo por entre
elas.
Quando chegou
mais perto das árvores de fruto, reparou que eram laranjas, mas do tamanho de
melões e as árvores eram também muito grandes. Tudo ao redor era grande.
Kaló admirado
com tal coisa, parou a admirar tamanha beleza.
Como estava com
fome, apanhou uma laranja, comeu e ficou com a barriga cheia.
Quando estava a
descansar à sombra da enorme laranjeira, ouviu um barulho que parecia uma
trovoada. Kaló, pensando que ia chover, levantou-se e procurou um lugar para se
abrigar.
Nesse instante,
viu um gigante que se aproximava. Reparou que o barulho era feito pelos passos
do gigante e ficou com medo.
Quando o gigante
o viu, disse com uma voz muito forte:
- Não tenhas
medo que eu não faço mal a ninguém!
E continuou:
- És tão pequenino! De onde vens?
Kaló explicou ao
gigante como tinha entrado no vale e ainda com medo, disse:
- Eu não sou
pequenino. De onde venho, todos são do meu tamanho. Tu é que és grande de mais!
O gigante rio e
disse:
- És engraçado. Eu gosto de ti. Até o teu
cavalo é pequeno. Vais ver os meus!
Dito isto, pôs o
rapaz no ombro, pegou no cavalo com uma mão e disse:
- Segura-te bem
para não caíres!
Cada passo do
gigante, para Kaló era igual a 100 metros de depois de muitos passos, chegaram
a uma grande quinta. Kaló viu uma enorme casa e muitos cavalos maiores que
elefantes.
Quando lá chegaram o gigante disse:
- Tudo isto é
meu. Vivo sozinho neste vale há muito tempo, tenho cavalos mas não os posso
montar porque são bravos.
Kaló perguntou:
- Então porque não os domas?
O Gigante muito
admirado perguntou:
- Domar! Como?
E acrescentou:
- Eu não sei domar cavalos!
Kaló pensou um
pouco e disse:
- Mas eu sei e posso ensinar-te. Os cavalos
são enormes, mas eu explico-te como o deves fazer, utilizando o meu cavalo e tu
fazes o mesmo com um dos teus cavalos. Vais ver que é fácil.
O gigante
concordou.
Assim, Kaló ensinou o gigante a domar cavalos
e passado algum tempo, já o gigante domava os seus cavalos sozinho.
Kaló mostrou
vontade de regressar à sua terra.
O gigante quando
soube, ficou triste mas disse:
- És uma boa companhia, mas não tenho o
direito de te prender aqui. Quando quiseres podes ir.
No dia da
partida, o gigante preparou uma merenda para Kaló e deu-lhe como presente um
manto feito com as crinas dos seus cavalos e disse:
- Este manto é
mágico. Quando quiseres ir a algum lugar, é só pô-lo nos teus ombros e ele te
levará e falarás todas as línguas. Se um dia quiseres visitar-me é só pedires
ao manto.
E continuou:
- Agora eu vou levar-te ao buraco por onde
entraste e vou fechá-lo. Depois de saíres, ninguém mais encontrará a entrada
para este vale. Sei que nem todos são bons como tu.
E assim fez.
Kaló sempre que
quer visitar algum sítio que ainda não conheça, utiliza o manto e lá vai ele
numa nova aventura.
Sobre o gigante,
não falou a ninguém, pois ninguém iria acreditar nele e, mesmo que
acreditassem, não saberia onde se encontrava a entrada da gruta para o vale do
gigante.
Apenas lá vai
visitar o seu amigo, utilizando sempre o manto mágico.
Kaló foi para
casa, mas sempre que o seu espírito de aventureiro, procura novas aventuras,
utilizando o seu manto mágico. E assim viveu feliz para sempre.
Carlos Cebolo