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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O CAVALINHO DE CORRIDA

          
     

O CAVALINHO DE CORRIDA

Numa quinta onde viviam muitos animais, havia sempre muita alegria, pois todos os animais eram amigos e procuravam sempre ajudarem-se uns aos outros.
Embora cada animal tivesse a sua missão dentro da quinta, sempre que era necessário, faziam o trabalho que pertencia a outro animal, quando este não pudesse fazer por qualquer motivo.
 Até o galo que acordava todo o mundo com o seu cantar, antes do Sol nascer, era alegremente substituído pelo ganso que, com o seu grasnar irritante e muito agudo, o substituía quando ele não podia cantar.
Com esta grande amizade entre eles, viviam alegremente na quinta.
Um dia, o dono da quinta começou logo de manhã a construir um estábulo novo.
Os dias foram passando e todos os animais estavam curiosos para conhecerem o seu novo amigo.
 Dizia o cavalo:
- Quem será que vai ocupar aquelas instalações?
Respondia o burro:
- Não sei amigo cavalo, mas seja quem for, é um sortudo, pois o nosso dono está a colocar um bebedouro novo e canos de água corrente e já lá meteu mantas!
- Logo se verá. O certo é que vamos ter um novo amigo! Disse o cão de guarda.
E todos estavam felizes com a ideia.
Um dia, o dono da quinta chegou com uma carroça fechada e descarregou com muito cuidado um lindo cavalinho muito elegante. Os outros animais ficaram contentes e disseram:
- É mesmo um amigo! É outro cavalo! Ainda é novinho e fraquinho, mas é um dos nossos.
Assim que o dono saiu, foram todos cumprimentar o novo amigo.
Junto ao novo estábulo, o cavalo chamou:
- Eh! Amigo, aparece para nos conheceres e para nós te vermos melhor?
O cavalinho de corrida apareceu todo vaidoso e disse:
- Amigo? Quem pensam que eu sou? Algum animal vulgar com vós? Eu sou um campeão? Sou um cavalo de corrida muito valioso e o meu dono deu muito dinheiro para me comprar? Por isso, deixem-me em paz que eu quero descansar.
O burro não gostou nada da conversa do vaidoso cavalinho e disse com desprezo:
- Oh! Olhem para ele? Julga-se superior aos outros, mas já tem as patas todas atadas com ligaduras. Vê-se mesmo que é fraquinho das pernas.
O cavalinho cada vez mais arrogante disse:
- Que ignorância! Não sabes que os cavalos de corrida têm as patas enfaixadas com ligaduras para proteger os seus tendões? Vê-se mesmo que não percebem nada de nada!
E dito isso, com arrogância, foi para o fundo do estábulo.
Os outros animais foram embora, cada um para o seu trabalho com grande tristeza.
À noite, quando se juntaram todos como sempre faziam, o cavalo disse:
- E nós que pensávamos que tínhamos um novo amigo! Que grande besta nos saiu na rifa!
O burro disse:
- Deixa lá! Um dia ele ainda vai precisar de nós e aí vai ver o quanto é ruim não ter amigos.
Passaram-se anos e tudo continuava na mesma.
Num domingo de Outono, o dono levou o cavalinho na carroça fechada, como fazia várias vezes.
Passado algumas horas, regressou muito aflito, acompanhado por uns senhores com batas brancas. Entraram para o estábulo e fecharam a porta.
Interrompendo o silêncio, o galo chamou os amigos:
- Amigos! Algo de grave se passou, vou subiu para o telhado do estábulo para ver o que se passa! E assim fez.
Pouco depois, o galo voltou e disse:
- Amigos! O arrogante partiu uma pata e os senhores vestidos de branco são veterinários. Ouvi um deles dizer ao nosso dono que o cavalinho estava perdido para as corridas e que o melhor era abate-lo.
Junto ao estábulo novo, apenas se ouvia gemidos.
O burro com curiosidade, aproximou-se e sem querer, fez um pouco de barulho.
O Cavalinho ainda com arrogância, aproveitou logo para pedir:
- Dá-me um pouco de água que eu tenho cede.
O burro fingiu que não ouviu e foi-se embora.
Passado mais alguns dias, o cavalinho não recuperava da perna partida e ouviu o dono dizer:
- Bem! Estou a ver que não tenho outro remédio. Tenho de o mandar abater!...
- Amanhã vou tratar disso.
E saiu do estábulo deixando a porta aberta.
Durante a noite toda, o cavalinho chamou pelos outros animais. Chamava-os de amigos e pedia desculpas por ser tão vaidoso e arrogante ao mesmo tempo que dizia:
- Estou arrependido! Por favor perdoem-me! Não quero morrer sem o vosso perdão!
Os outros animais ouviram e todos juntos resolveram ajudar o pobre coitado.
No dia seguinte, o dono da quinta saiu cedo e voltou pouco de pois com um carro, para levar o cavalinho para o matadouro.
Quando chegou junto do estábulo, viu todos os amimais deitados à volta do cavalinho de corrida e o cão a ladrar muito e a querer morder os senhores que se aproximavam.
O dono comovido com aquela cena, resolveu não mandar matar o cavalinho.
Depois desse dia, o cavalinho de corrida procurava sempre ajudar os seus amigos e quando alguém lhe perguntava o que era a melhor coisa do mundo, ele respondia:
- A melhor coisa do mundo é ter verdadeiros amigos!...
E assim, viveram todos felizes para sempre.
Carlos Cebolo


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